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TRIBUNA ABERTA | O Inferno é aqui

"Nois não é nenhum cachorro não, nois é ser humano como qualquer um! Nois tá aqui pagando pelos nossos erros, mas nois tamo aqui não é pra morrer não, nois é reeducando! Como é que chama nois de reeducando se tamo passando isso aqui?"

quinta-feira 25 de junho de 2015 | 02:08

No Brasil, onde as universidades e o trabalho formal são conquistas distantes da realidade da maioria, a população carcerária ultrapassa o número de 700 mil pessoas, que recentemente ultrapassou a Rússia como país com o terceiro maior número de presidiários do mundo, e estima-se que em 2023 terá alcançado os EUA.

Em maioria esmagadora, jovens, negros e vindos das periferias, estão superlotando as cadeias que cada vez mais estão sendo precarizadas. Em condições desumanas de habitação, os presos de Maceió relatam o modo em que sobrevivem. Sem amparo médico algum, sem poder receber visitas e esquecidos do mundo de fora, eles tiveram que começar a cuidar uns dos outros porque a maioria deles adoeceu fisicamente e psicologicamente.

Em uma cidade de Alagoas, na mesma terra onde se ergueu o Quilombo dos Palmares contra o Estado que aprisionava, explorava e assassinava, essa é a situação dos descendentes da escravidão. Temos mais jovens nos presídios do que nas universidades. Todos longe das escolas de qualidade e de uma realidade em que se possa pensar no vestibular, e perto do trabalho precarizado, do crime e do tráfico.
O VESTIBULAR EXCLUI, O TRÁFICO RECRUTA.

E qual é a solução? Nos limites e com todas as contradições, a saída que o Estado dá são políticas do genocídio da favela, armando, treinando e inserindo cada vez mais as Polícias e o Exército na lógica da violência contra o inimigo claro: o jovem pobre e negro.

Em 2015, os cortes da educação feito tanto pelo governos estaduais e federal fecharam salas de aula, cortaram os salários, demitiram e reprimiram violentamente professores e cada vez mais precarizam as escolas públicas. Endividaram os estudantes das universidades privadas inscritos no FIES, e fizeram diversos cortes nas universidades públicas, retirando direitos de permanência estudantil como moradia e restaurantes universitários, e ainda reprimindo, perseguindo e expulsando o movimento estudantil combativo, impossibilitando cada vez mais o ensino de qualidade para quem não tem dinheiro.

Está para ser aprovado mudanças nas grades escolares que limite os alunos ao ensino técnico, e ainda foi cortado qualquer possibilidade sobre aulas de sexualidade e gênero para os jovens.

No Congresso, a redução da maioridade penal está para ser votada, o que vai apenas aumentar o número de jovens superlotando cadeias e morrendo dentro delas, todos eles pobres e negros. Cada vez menos precisa se investir em uma educação ampla e de qualidade, cada vez mais podemos privatizar escolas e presídios, deixando o futuro dos filhos dos trabalhadores nas mãos de meia dúzia de burgueses e senhores de engenho.

Veja o vídeo

O INFERNO É AQUI.




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