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ESQUERDA DIÁRIO | O Esquerda Diário estende-se pela América Latina

Com o lançamento no domingo passado da edição do Esquerda Diário do Chile e da edição em português no Brasil no próximo 25 de março, ED se transforma no primeiro diário internacional da esquerda. Uma experiência político-jornalística coletiva sem antecedentes.

quarta-feira 18 de março de 2015 | Edição do dia

6 meses após seu lançamento, La Izquierda Diario já se encontra entre os 200 sites mais visitados da Argentina, com uma média de aproximadamente 30 mil visitantes diários e com tendências a seguir crescendo. Suas notas são visitadas regularmente por um novo público desde seus celulares e se espalham pelas redes sociais, gerando debates, opiniões e a participação dos leitores que desta maneira o tomam em suas mãos. Há 3 meses colocávamos à disposição de nossos leitores do Estado Espanhol, México, EUA, Brasil, Chile, Venezuela, e outros pontos do globo, o “portal global” que acessam automaticamente ao entrar no La Izquierda Diario, que conta com correspondentes militantes em 15 países e mais de 30 cidades do mundo.

Durante o presente mês de março, o Esquerda Diário está dando um novo salto. Além da edição Argentina, agora o ED conta com uma edição nacional do Chile e a partir do dia 25 deste mês também com uma edição nacional do Brasil em português.

Em ambas, o leitor encontrará um diário de informação e opinião, com a perspectiva e o ponto de vista da esquerda, sobre os mais variados temas tanto do Brasil como do Chile (política, economia, movimento operário, e as seções de gênero e sexualidades, juventude, cultura, esportes, ideias e debates, etc.).

O primeiro diário internacional da esquerda

Com três (por agora) edições diárias nacionais, na Argentina, Chile e Brasil, temos o orgulho de poder dizer que o La Izquierda Diario se transforma no primeiro diário internacional da esquerda.

Em um editorial anterior dizíamos que os diários podem cumprir um papel de "partidos" e abrir o caminho, mediante as ideias, para construir ou desenvolver organizações militantes.

Também assinalávamos como frente à debilidade dos partidos de oposição, os grandes órgãos de imprensa cumprem esse papel. Isso vimos claramente nos últimos dias no Brasil com o papel fundamental que teve a imprensa, e em primeiro lugar, a Rede Globo, buscando impor sua marca às massivas mobilizações que atravessaram o país e levar água ao moinho da direita. Vemos na Argentina com o Clarín. Vemos no Chile com El Mercurio. Como dizia Gramsci, “têm duas funções, de informação e de direção política geral; de influência cultural, literária, artística, científica".

Em uma situação latino-americana marcada pelo declínio de grande parte dos chamados "governos pós-neoliberais", as corporações de mídia da situação ou da oposição procuram mostrar frente a cada crise que existem apenas duas vozes, duas alternativas, ou o apoio aos governos "progressistas" ou o alinhamento às diferentes variantes opositoras de direita.

LID Argentina, LID Chile e Esquerda Diário surgem com um mesmo objetivo, para desvelar as mentiras da grande imprensa a serviço da burguesia, para dar voz a quem estes meios, supostos paladinos da liberdade de imprensa, a negam. Para denunciar os planos de entrega, superexploração e miséria de nossos inimigos e alentar o espírito de luta, organização e consciência dos explorados e oprimidos. Para desenvolver uma saída independente dos trabalhadores e o povo frente à crise do “progressismo” latino-americano e às pretensões da direita.

O ED aspira tornar-se um diário internacional como não pode ser nenhum meio da burguesia por mais recursos com que conte. O Globo, Clarín, o El Mercurio podem expressar linhas editoriais comuns, quando se trata de avançar sobre os interesses dos trabalhadores e o povo, mas cada um é consciente que defende em primeiro lugar os interesses da própria burguesia local a que pertence. Pelo lado do “progressismo” o discurso da integração latino-americana pelas mãos da burguesia depois de 10 anos de “governos pós-neoliberais” demostrou sua impotência.

Nosso diário internacional, se coloca desde os interesses dos trabalhadores e dos oprimidos por cima dos antagonismos nacionais que impõe a burguesia e contra a opressão imperialista. Daí que o leitor possa encontrar uma orientação editorial comum nas diferentes edições do ED.

Fazemos um diário internacional, porque tanto o Partido dos Trabalhadores Revolucionários do Chile, como a Liga Estratégia Revolucionária do Brasil, como o Partido de Trabalhadores Socialistas da Argentina, lutamos ombro a ombro pela construção de um partido mundial da revolução socialista. Também junto aos companheiros e companheiras da França, do Estado Espanhol, Alemanha, México, Bolívia, Venezuela, e Uruguai, que estão por trás de muitas análises e notas que dia a dia nutrem o “portal global” do LID, não só como correspondentes mas também como protagonistas. Para todos nós o LID é uma ferramenta nesta luta.

Leninismo do século XXI

Uma das primeiras grandes batalhas políticas de Lênin, refletida em seu clássico livro Que Fazer?, foi por forjar um jornal comum da socialdemocracia para toda a Rússia. Naquele momento, muitas publicações socialdemocratas circulavam a nível local e regional, mas sem conseguir uma influência qualitativa. A proposta de Lênin era clara: unir os esforços para um jornal superior que abarcasse o âmbito nacional.

Não é casual que o Que Fazer? seja também a primeira sistematização da teoria do partido revolucionário de Lênin. Partido e jornal caminhavam juntos. A rede que constituía o jornal, clandestino naquela época, era a mesma que necessitava um partido capaz de cumprir um papel dirigente na luta de classes. Daí que para Lênin, o jornal deveria ser um “organizador coletivo”, um instrumento que pudesse expressar uma orientação coerente em todos os acontecimentos, que desse uma batalha unificada por suas ideias e por um programa revolucionário. Por sua vez, a Segunda Internacional de que eram parte tinha publicações internacionais de grande influência como Die Neue Zeit orientada ao debate teórico e de estratégia.

No entanto, nem Lênin, nem a III Internacional, que fizeram gala de um profundo internacionalismo, tinham os meios técnicos disponíveis para pensar e realizar um empreendimento como o que podemos nos propor na atualidade: um diário internacional que todos os dias esteja à disposição dos leitores simultaneamente, combinando esforços de organizações de diferentes países, com conteúdos da mais ampla variedade de temas que possam nutrir as diferentes edições internacionais de cada diário nacional. Salvo as diferenças, um “organizador coletivo” internacional.

No Que Fazer?, Lênin dizia, “em um futuro não muito distante estaremos em condições de publicar um semanário que se difunda regularmente em dezenas de milhares de exemplares em toda Rússia. Este jornal seria uma partícula de um enorme fole que avivasse cada faísca da luta de classes e da indignação do povo transformando-a em um grande incêndio […] Sonhemos com isto!”. E dizia que depois de escrever estas palavras havia se assustado frente à previsível crítica das frações mais conservadoras do movimento que descartariam de cara a possibilidade de “sonhar” com um projeto deste tipo.

O projeto do ED é parte de um sistema de meios que inclui revistas teóricas por país, jornais impressos como La Verdad Obrera na Argentina, Clase contra Clase no Chile, Palavra Operária no Brasil, a publicação de livros, a revista Estratégia Internacional que publicamos em comum, etc. Neste marco, com as atuais três edições, do Chile, Argentina, e Brasil, queremos que o ED sirva para avivar, parafraseando Lênin, cada faísca da luta de classes e da indignação dos oprimidos. Aspiramos a que este seja o início da transformação do ED em um diário cada vez mais internacional, em um “organizador coletivo” pra além das fronteiras. “Sonhemos com isto!”.




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