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TRIBUNA ABERTA | O 28 de abril no interior do Estado de São Paulo – Franca e Região

Neste 28 de abril está sendo chamada a segunda mobilização nacional, com greves e protestos, contra o desmonte da previdência, a contrarreforma trabalhista e a terceirização. Não é de hoje que o governo tenta empurrar goela abaixo dos trabalhadores e trabalhadoras este tipo de ajustes. Já se passaram projetos de retrocessos tamanho, como o congelamento de gastos com saúde e educação por 20 anos.

quinta-feira 27 de abril de 2017 | Edição do dia

Michel Temer, representante ideal da burguesia e de sua manutenção de privilégios políticos e econômicos, é só mais um instrumento de arbitrariedade e imposições para que os trabalhadores paguem pela crise do capitalismo.

Diante dessa conjuntura de fortes ataques aos direitos conquistados pela classe trabalhadora, os trabalhadores decidem sair às ruas, parar a produção, parar os transportes, mobilizar nacionalmente como um grito pela manutenção de seus direitos, por condições de vida digna e contra os ajustes fiscais impostos como um ataque também à democracia.

Democracia esta que sabemos que não dá conta, concretamente, das demandas sociais, não resolve problemas de desigualdades, que somente a tomada de poder pela classe trabalhadora conseguiria. Mas ainda sim, a luta pela conquista e manutenção de direitos é essencial para que a sociedade compreenda nas mãos de quem devem estar as decisões, que façamos a experiência de decidir os rumos do país.

Franca e Região compõem um importante polo industrial, principalmente pelo contexto calçadista, que deveria ser um leque de possibilidades de lutas para contribuir com a greve nacional e barrar as reformas da previdência e as formas de flexibilização do trabalho. Há, nestes setores, uma influência direta com a terceirização, que superexplora os trabalhadores em jornadas exaustivas, condições precárias, abertura para o trabalho infantil e a falta de acesso aos direitos trabalhistas. Os ataques proferidos pelo governo ilegítimo do Temer e seus comparsas têm como objetivos jogar nas costas dos trabalhadores a crise estrutural do sistema capitalista. Parte dessa ideia o papel que o Estado tem em aumentar os lucros do patrão e influencia sobre um setor já bastante precarizado, como as indústrias de calçado e curtumes. Aumentam, portanto, as taxas de lucro da patronal de locais como Franca e região, mostrando a quem o Estado está a serviço para passarem esses ataques. Os trabalhadores, que são os produtores da sociedade, são os que acabam pagando por isso.

Em Franca, como se dá na maior parte dos municípios, o “rotineirismo” dos sindicatos através de suas centrais têm se colocado de maneira superestrutural para com os trabalhadores e trabalhadoras, que não têm chamado paralisações reais, com construção orgânica. O ato que deveria ser construído nesta perspectiva está sendo chamado para as 17h, sem ações para se parar a produção como forma de adesão nacional pelo movimento das centrais, que caminham sem perspectivas e fé na própria base.

No interior de São Paulo, na região de Franca, os sindicatos parecem estar
estagnados diante dos ataques e na construção da mobilização com a base. Vem sendo realizados chamados pontuais pelos sindicatos metalúrgico, hoteleiros, bancários, alimentação, Asseio e Conservação, Servidores Municipais, Cortumeiros, Seaac, Professores, Rurais, Apeoesp, Saúde, Gráficos, Sapateiros e Vestuário, Comerciários, Sindnap e Atraf-Franca, que parecem se limitar a convidar quem participa de assembleias e entregar alguns panfletos a quem estiver mais acessível. Os dirigentes sindicais fizeram uma reunião na Câmara Municipal com outras autoridades no plenário Legislativo onde se posicionaram contrários às reformas, mas não demonstram preocupação em massificar a luta na região.

Em especial, a Apeoesp, maior sindicato da América Latina, que inclusive no dia 15 de abril, na primeira mobilização que em Franca contou com um ato composto por mais de 500 pessoas, não auxiliou o ato, não disponibilizou carro de som conforme prometido, e parece se importar mais com suas eleições do que com a própria categoria. Sindicato este que, pela primeira vez na cidade, faz oposição por meio da “Oposição Unificada”, articulada pelo “Quinze de outubro – educadores e educadoras” que questiona suas ações, suas imposições antidemocráticas e a falta de diálogo com a base de professores.

Já o Sindicato dos Servidores de Franca e Região, também mostrando a que serve, boicotou a greve tirada pelos servidores de Cristais Paulista no último dia 17, negociando com a prefeita parte irrisória das pautas de reivindicações. A assembleia de trabalhadores, no dia 25 de abril, onde deveria ser tirado o comando de greve e as estratégias de ações dos grevistas, foi transferida da praça pública para a câmara dos vereadores, com a presença da prefeita, meia hora antes de uma sessão que não permitia atrasos. Ou seja, o sindicato fez o desserviço de manobrar as reivindicações democráticas dos servidores públicos municipais, permitindo que os trabalhadores negociassem diretamente com a prefeita suas demandas, que, obviamente acuados, aceitaram uma proposta de aumento salarial apenas referente à correção da inflação, sem pagamento retroativo, aumento de 30% no vale alimentação e deixando de lado 33% de aumento que estava sendo pedido e outras pautas importantes, conforme matéria anterior sobre a greve do município. Os trabalhadores, desmotivados, golpeados pelo próprio sindicato, não eram motivo de preocupação para estes senhores que se preocupam apenas em fazer acordos benéficos aos patrões.

Ambos sindicatos, que deveriam ser expressividade maior em mobilizações como estas, filiados à CUT, não podem dar uma resposta à altura das demandas dos trabalhadores e trabalhadoras. Por isso, esse chamado, que não está sendo efetivamente construído pelos sindicatos, deve ser fortalecido pelas próprias bases, de forma independente de centrais de burocratas, pelegos e políticos corruptos.
O Sindicato do Comércio, que aderiu à manifestação, só “esqueceu” de dialogar com a categoria. Os trabalhadores tentam se informar como será o dia de mobilização, mas eles “não sabem” informar como isso se dará. O Sindicato dos Sapateiros também não construiu com os sapateiros, maior expoente de Franca, capital da indústria calçadista, o dia nacional de mobilização.

Que as capitais construam grandes, fortes e organizados atos, greves e mobilizações contra os desmontes colocados pelos governos da elite. Que o interior, cidades médias e pequenas componham e também construam suas manifestações. E que sejam os primeiros passos de uma fortalecida reivindicação da classe trabalhadora como um todo, contra os ataques, pela manutenção de direitos e conquistas de maior participação popular.

E fazemos o chamado: #GreveGeral até derrubar Temer e as reformas! Por uma Nova constituinte imposta pela luta!! #28A




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