Sob um forte sol, uma expressiva manifestação contra as medidas do pacote proposto por Pezão tomou as ruas do centro da capital do Rio nessa segunda-feira, 12. A menor quantidade de militares e policiais civis expressa o acordo que as forças repressivas vem costurando para se verem livres do pacote de forma separada.
segunda-feira 12 de dezembro de 2016 | Edição do dia
As medidas propostas por Pezão contra a crise, que atacam os serviços públicos e os servidores estaduais, continuam enfrentando a oposição de diversos setores, que marcharam na tarde dessa segunda nas ruas do centro.
Além de protestar contra as medidas do pacote do governo, muitos dos presentes se entusiasmaram com a campanha do Esquerda Diário pelo não pagamento da dívida pública, e levantaram os cartazes que propõem uma resposta dos trabalhadores para a crise:
Apesar de estarem em número muito menor, o ato foi dirigido por setores militares. Isso expressa a forma como principalmente o SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação) vem atuando, subordinando-se ao MUSPE (Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado), que por sua vez vem atrelando o movimento aos setores militares e da polícia civil.
A baixa presença destes na manifestação de hoje não é coincidência: desde o início das mobilizações os militares e policiais civis sabem que não estão com os servidores públicos mais do que convenha para seus próprios propósitos. Ainda na primeira semana de manifestações eles ocuparam sozinhos a Alerj levando uma pauta de reivindicações para que fossem excluídos - apenas os militares e policiais civis - do pacote de Pezão, mostrando claramente que eles têm plena consciência de que seus interesses corporativos estão separados daquele dos trabalhadores e demais setores da população pobre afetadas pelas medidas do pacote.
Muitos setores do movimento - entre os quais membros da direção do SEPE - já sabem que assim que eles conseguirem um acordo em separado, não apenas os policiais irão abandonar o movimento, como estarão do outro lado da barricada, atuando na repressão das mobilizações junto com seus colegas de farda. Seu interesse é o mesmo que na reforma da previdência de Temer: serem poupados dos ataques enquanto os trabalhadores pagam o pato.
A solução é que os trabalhadores do funcionalismo estadual precisam ter a consciência que os militares e policiais civis já tem: nossos interesses não são os mesmos, e acreditar que uma mobilização conjunta e subordinada a eles nos beneficia é uma armadilha que logo pode se voltar contra nós. O verdadeiro aliados dos trabalhadores na luta contra o pacote de Pezão é a população mais pobre que está sendo atingida com o corte nos serviços públicos, o aumento da tarifa do bilhete único, o fim dos programas sociais; e a juventude que está sentindo a precarização do ensino nas escolas e universidades.
Hoje Pezão se reuniu com os outros dois governadores dos estados em que a crise está mais avançada: Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Amanhã, os três terão encontro com Michel Temer.