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América do Sul | Nova jornada de protestos na Colômbia contra as políticas do Governo Duque

Mais uma vez nesta quarta-feira, a Colômbia viveu uma nova jornada de protestos contra a política econômica e social do governo Duque onde milhares se fizeram ouvir nas principais cidades do país. Trabalhadores, estudantes, indígenas, camponeses e outros setores populares se manifestaram pouco mais de um mês depois que o país foi abalado pela rebelião contra a violência policial.

quinta-feira 22 de outubro de 2020 | Edição do dia

O protesto desta quarta-feira foi convocado por sindicatos e organizações sociais e estudantis, unidas no chamado “Comitê Nacional de Desemprego”, para rejeitar a política econômica e social de Ivan Duque, bem como a violência paraestatal, policial e até militar em várias regiões do país, mas principalmente na região do Cauca.

Esta jornada ocorreu há pouco mais de um mês, quando a Colômbia viveu uma revolta geral nas principais cidades contra a brutalidade policial que resultou em 13 mortes nas mãos das forças repressivas, sobretudo de jovens. E também, daqui um mês, será aniversário do protesto histórico de 21 de novembro do ano passado. Embora não tenha tido a massividade dos dias citados, continua a expressar a indignação dos trabalhadores e dos pobres vítimas das políticas do governo Duque.

Várias foram as cidades onde o protesto foi sentido: Bogotá, Medellín, Barranquilla, Cartagena, Buenaventura, Popayán, Valledupar, Ibagué, Cali, Pereira, Santa Marta, entre muitas outras. No caso de Bogotá, houve pelo menos 12 chamadas para protestos e marchas em diferentes pontos que convergiram para o centro da cidade de diferentes avenidas principais. Uma das maiores passeatas foi vista na Carrera Séptima, uma das artérias mais importantes da capital colombiana, onde se juntaram pessoas com whipalas - bandeiras dos povos indígenas - e estandartes de organizações sindicais, estudantis, indígenas e populares.

A minga indígena, como são conhecidas as mobilizações das comunidades originárias na Colômbia, realizaram uma grande manifestação na segunda-feira na Praça de Bolívar para apresentar suas demandas ao Governo de Iván Duque, com quem não puderam se reunir, e decidiram ficar na capital para se somar ao dia de protesto nacional.

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A maior concentração se reuniu no Parque Nacional de Bogotá para marchar de lá até a Plaza de Bolívar, centro político do país, onde convergiram com a mobilização das comunidades indígenas, uma minga de mais de 10 mil indígenas que chegaram à capital no último domingo do sudoeste do país.

O dia desta quarta-feira também convergiu para o dos professores trabalhadores filiados ao sindicato da Federação Colombiana de Educadores (Fecode), que iniciaram uma greve de 48 horas na terça-feira da qual participam 250 mil professores.

Em essência, rejeitam a política econômica e social de Duque, que vem atacando os trabalhadores com reformas trabalhistas que afetam a já precária estabilidade do emprego por permitir a contratação por hora e também ignorar direitos como subsídios para educação, alimentação e lazer, entre outras.

Duque aproveita a pandemia para atacar cada vez mais tomando medidas contra os trabalhadores e a favor do grande capital e, ao mesmo tempo, tem sido completamente incapaz de enfrentar a crise de saúde. A Colômbia está a caminho de atingir 1 milhão de casos confirmados do vírus esta semana e está se aproximando de 30.000 mortes.

O presidente de direita cinicamente disse aos manifestantes que suas reuniões aumentam o risco de novas infecções por coronavírus, quando milhares de pessoas na capital do país tem que se amontoar no transporte público para irem ao trabalho.

A crise econômica atingiu duramente os trabalhadores e setores populares da Colômbia. Estima-se que cerca de 4 milhões de pessoas perderam o emprego nos últimos meses da pandemia, um quinto da força de trabalho, elevando a taxa de desemprego nacional para cerca de 20% - embora existam várias capitais com patamares superiores a 30%, o que leva à extrema pobreza que sobe para 35,7%, e que é agravada ainda mais pela aceleração da crise.

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Os protestos neste dia 21 também exigiram o fim das ações de violência policial, o assassinato de lideranças sociais e a restrição ao protesto social. As marchas e protestos ocorreram quase um ano depois que massivos protestos sacudiram o país nos dias que se iniciaram em 21 de novembro do ano passado, embora esta quarta-feira não tenha tido a massividade daquela data emblemática.

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Agora, no próximo dia 21 de novembro, quando se completam um ano dos protestos, uma nova mobilização já foi convocada. Nada exclui que possa ter a contundência do aniversário dos protestos no Chile que mais uma vez sacudiram as ruas de Santiago.

Desde o início dos protestos, nenhuma das reivindicações foi satisfeita, pior ainda, endureceu-se os ataques. Os operários, camponeses, indígenas e pobres colombianos enfrentam a necessidade de desdobrar toda a força social necessária para derrotar os planos do Governo Duque e dos empresários e para que não sejam os operários e as grandes maiorias populares que paguem pela crise.




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