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CAMPINAS | Nomeação simbólica de Marielle Franco é atacada enquanto torturadores são homenageados

Durante o ato em memória e justiça pelo 1 ano da morte de Marielle Franco, renomeamos de forma simbólica o Largo do Rosário em Campinas. Simples atitude, mas política, enfureceu os setores mais reacionários de Campinas que hoje fazem uma petição para retirar uma nomeação simbólica.

terça-feira 2 de abril de 2019 | Edição do dia

Uma petição em Campinas contra a nomeação simbólica feita em uma manifestação de rua, no dia 14 de março (um ano do assassinato de Marielle Franco), uma semana após o dia 08, marco de um dia internacional para luta das mulheres. Setores reacionários começaram sentir-se incomodados com parte da história aparecendo nas ruas. O que para eles deveria ser encoberto e esquecido.

Embora a nomeação tenha sido simbólica, ou seja, não existe nenhum processo formal exigindo a alteração do nome, ainda assim, em meio a polarização ideológica fomentada pela extrema direita de Jair Bolsonaro, setores conservadores e reacionários criaram a petição online contra a renomeação, que já conta com mais de 6 mil apoiadores. A petição contra a nomeação simbólica é parte da ofensiva ideológica contra o setores da sociedade que se organizam e lutam pelos direitos da mulheres, negros, LGBTs e dos trabalhadores.

Visconde de Indaiatuba, nome original da praça, foi um fazendeiro e político, dono de enormes propriedades de terra e de centenas de escravos negros, um dos grandes barões do café que exerceu o poder imperial na região de Campinas. Foi também cavaleiro da guarda imperial e neste posto participou da repressão grandes revoltas contra o partido conservador na Batalha da Venda Grande de 1842. Sua imagem também é parte da falsificação colonialista da história do fim da escravidão, que homenageia figuras como ele enquanto abolicionista ao mesmo tempo em que condena os verdadeiros heróis negros que lutaram e deram suas vidas pela liberdade ao esquecimento.

O mesmo esquecimento para onde os conservadores, os militares, o judiciário e os políticos das milícias querem colocar Marielle Franco. Na mesma semana em que o presidente reacionário Jair Bolsonaro publicou a comemoração de seu governo ao golpe de 64, que deixou na história feridas abertas da perseguição política, tortura, corrupção e muito sangue. Já não bastasse as inúmeras ruas e bairros celebrando o nome de ditadores e escravocratas como Vila Costa e Silva, Vila Castelo Branco, Viaduto Cury, Jardim Garcia, etc.

O governo e o Estado são responsáveis pelo assassinato da Marielle e mais do que nunca precisamos lutar pela nossa história e enfrentar o governo Bolsonaro e sua reforma da previdência que acabará com o direito a aposentadoria. Por isso o Esquerda Diário está do lado da memória viva em luta de Marielle Franco, exigindo justiça e punição a todos envolvidos em seu assassinato, e lutando por uma comissão de investigação independente para descobrir e tornar público que mandou matá-la




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