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VIOLÊNCIA MACHISTA | No Nordeste, 3 em cada 10 mulheres sofrem violência doméstica

De acordo com dados que serão divulgados nesta sexta-feira (09) pela Universidade Federal do Ceará (UFC), cerca de 30% das mulheres do Nordeste sofrem violência doméstica. Um dado alarmante que mais uma vez escancara o machismo em nossa sociedade.

sexta-feira 9 de dezembro de 2016 | Edição do dia

A pesquisa mostrou que 27% das mulheres entre 15 e 49 anos sofreram algum episódio de violência emocional, como insultos, humilhações ou ameaça. A violência física ocorre com 17,2% das mulheres entrevistas, e 7,13% sofrem violência sexual, algo considerado, no mínimo, alarmante. Se considerado os últimos 12 meses, as porcentagens são 11,92%, 5,38% e 2,42%. A pesquisa foi feita em parceria do Instituto Maria da Penha e a Secretaria de Políticas para Mulheres do governo federal.

As 10 mil entrevistas realizadas com mulheres de diversos locais trazem dados alarmantes, que jamais tinha sido expostos dessa maneira. O descaso do estado, que não fornece alternativa às mulheres em situação de violência, somado ao fato delas serem o setor mais precarizado da sociedade, que ocupa os piores postos de trabalho e muitas vezes não consegue sustentar a si e aos filhos somente com seus salário, são agravantes dessa situação.

A análise separada por capital aponta que Natal tem a maior recorrência de casos de violência emocional (34,82%), enquanto Salvador está à frente nos relatos de violência física (19,76%) e João Pessoa (8,8%), na sexual. Outro dado da pesquisa é que muitas dessas mulheres cresceram vendo a própria mãe sofrer violência em casa, ou seja, é um problema histórico e estrutural.

Essa violência é praticada, na maioria das vezes, por cônjuge, ex-cônjuge, companheiro, ex-companheiro ou namorado. Prática alimentada cotidianamente em uma sociedade patriarcal que oprime as mulheres social e economicamente, que lhes nega o direito ao próprio corpo e o direito de decidir sobre a própria vida.

Recentemente este debate voltou à pauta nacional a partir de uma decisão do STF de não criminalizar um caso de aborto de até 3 meses de gestação. A decisão causou revolta da Bancada Evangélica na Câmara e no Senado, um dos principais setores que sustenta a violência contra a mulher institucionalmente, insistindo em medidas cada vez mais duras de privação de direitos das mulheres. A retomada do escandaloso Estatuto do Nascituro, que proíbe o aborto inclusive nos casos de estupro, anencefalia e risco de vida, é um exemplo disso.

Este debate resultou em uma manifestação na última quinta (08) pela legalização do aborto na Avenida Paulista, em São Paulo. Centenas de mulheres foram às ruas pelo seu direito de decidir. Não se pode ter esperança que a mesma justiça que relativiza casos de estupro está do lado das mulheres em sua luta pela legalização do aborto, mas é necessário tomar essa decisão do STF como ponto de apoio na luta pelo aborto legal, seguro e gratuito no Brasil.

Grupo de mulheres Pão e Rosas no ato na Paulista nesta quinta (08)

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.




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