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METRÔ | No Metrô de SP, trabalhadores criam subcomissão da CIPA para combater os assédios as mulheres

Gabriela FarrabrásSão Paulo | @gabriela_eagle

terça-feira 1º de dezembro de 2015 | 22:29

Na primeira reunião da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) da Linha 1 - Azul do Metrô de SP, os eleitos da agrupação Metroviários pela Base levaram a proposta da criação de uma subcomissão que tratasse dos assédios às mulheres sofridos todos dias dentro do metrô de São Paulo; são usuárias, funcionarias, trabalhadoras terceirizadas e jovens cidadãs que não podem mais deixar de ser ouvidas.

Toda a bancada dos trabalhadores eleitos abraçou a ideia proposta por nós do Metroviários pela Base e defenderam a criação da mesma frente a bancada da empresa.

A aprovação se deu depois de um debate intenso com a bancada da empresa, que tentou secundarizar a questão dizendo que a CIPA já trata da saúde da mulher não enxergando que o assédio às mulheres se trata de um assunto específico, e sugeriu que se tratasse desse assunto em alguma subcomissão já existente. Quando posto que se trata de uma questão específica que não pode ser secundarizada ou negligenciada mais, como tem sido feito, a empresa teve que aceitar a criação da subcomissão de saúde e proteção às mulheres.

A existência dessa nova subcomissão se trata de uma grande vitória da categoria metroviária; iniciativa que deve ser reivindicada e posta em prática nas outras CIPAs do Metrô. A subcomissão na Linha 1 - Azul do Metrô será formada inteiramente por mulheres: as únicas três eleitas, o que já denuncia o caráter machista, onde as mulheres não possuem voz e representação em ambientes públicos, e outras três funcionárias indicadas pela empresa.

As usuárias, as metroviárias, terceirizadas e Jovens Cidadãs devem saber que a partir de agora possuem uma subcomissão para buscar, um local para denunciar os assédios cometidos, onde buscaremos combater a passividade da empresa diante desse absurdo, e denunciar a conivência do Estado de São Paulo nos cada vez mais recorrentes casos de assédio.

Luta contra o machismo

Chegamos ao mês de dezembro depois de protestos em que as ruas foram fechadas por inúmeras mulheres contra a criação da PL 5069 - projeto de lei que tem entre os criadores Eduardo Cunha e Padre Ton, do PT que ataca direitos mínimos conquistados com muita luta, como a distribuição da pílula do dia seguinte e o aborto nos casos em que a mulher foi vitima de estupro- e indo por mais, trazendo a bandeira da legalização do aborto. Na América Latina, milhares de mulheres foram as ruas contra o feminicídio e pedindo "Ni una menos" (Nem Uma a Menos).

E no Metrô de São Paulo as mulheres também tomam voz e denunciam os inúmeros assédios sexuais que acontecem diariamente dentro dos trens, desde o começo do ano os números de denúncia aumentaram consideravelmente.

A empresa responde as reivindicações com uma campanha ineficiente e dando a nós funcionários um treinamento tão ineficaz, que soa como piada, em que o supervisor da estação liga aos funcionários e pede a eles que leiam a campanha que está no mural: uma sulfite cor de rosa com passos, que devemos seguir.

Ao mesmo tempo, a empresa não atende as reivindicações das metroviárias que pedem a criação de uma cartilha interna, distribuída amplamente, que chegue a todos os funcionários conscientizando a categoria do que é o assédio sexual - que não é apenas o assédio físico, mas também aquele assédio verbal transvestido de elogio -, o kit de troca de roupa para atender as usuárias que tiveram as roupas sujadas por esperma, e precisam apresentar isso como prova na delegacia, contratação de mais funcionários para que possamos atender de forma plena as usuárias vítimas de assédio - a empresa apresenta em sua campanha que há mais de mil agentes de segurança para atender as vítimas de assédio, mas sabemos que esse número é insuficiente até para ter duplas em cada estação do metrô.

Diante desse cenário no Metrô não podemos mais suportar que a empresa naturalize, secundarize e negligencie o assédio às mulheres. A partir da CIPA, da criação dessa nova subcomissão de saúde e proteção às mulheres, mesmo reconhecendo suas limitações, tentaremos combater e cobrar da empresa ações nesse sentido.




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