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PT MILITARIZARÁ ESCOLAS NO NORDESTE | No Ceará, governo do PT adere ao programa de militarização das escolas de Bolsonaro

Entre os 16 estados que aderiram voluntariamente ao programa de Bolsonaro de militarizar escolas está o Ceará, comandado pelo petista Camilo Santana.

quinta-feira 3 de outubro de 2019 | Edição do dia

[Atualizado 03-10 às 15:35

O absurdo programa de militarização das escolas lançado recentemente por Bolsonaro e Weintraub pretende atingir 216 escolas, dando a estas uma verba de um milhão de reais a mais do que às demais instituições e colocando-as sob o controle das instituições repressivas do Estado. Apenas em 2020, serão 54 escolas contempladas com essa transformação das instituições de ensino em mini-casernas.

Escandalosamente, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT) é um dos 16 a aderirem voluntariamente a essa proposta absurda. No dia da assinatura do decreto, Bolsonaro afirmou: “Não tem que aceitar, não, tem que impor. (Se o aluno) na prova do PISA (avaliação internacional), ele não sabe uma regra de três, não responde pergunta básica, não tem que perguntar para o pai irresponsável nessa questão se ele quer ou não uma escola com uma militarização. Tem que impor, tem que mudar”. Contudo, apesar do desejo fervoroso do ex-capitão de impor a disciplina dos quartéis à juventude brasileira, o programa prevê, pelo menos até o momento, que a adesão deve ser voluntária. Assim, Camilo Santana está mostrando que, para além de qualquer retórica em defesa de direitos democráticos e humanos, ele fecha com o governo de extrema-direita que quer acabar com o pensamento crítico e a liberdade nas instituições de ensino, tentando moldar a juventude de acordo com o desejo de obediência, servilismo e conservadorismo do próprio ex-capitão.

Já dissemos aqui um pouco sobre o que é esse modelo autoritário, ultra-hierárquico e belicista de educação. A imposição de cortes de cabelo, uniformes, comportamentos estritos e – o que é mais importante para o governo – a mentalidade direitista, conservadora, reacionária e preconceituosa serão a regra nesses colégios-caserna.

O projeto, é claro, está consonante com outros absurdos de Bolsonaro na educação, como o ataque às humanas, o escola sem partido, o fim do fomento à pesquisa. Do PSL e da extrema-direita não se poderia esperar outra coisa. Contudo, não pode deixar de chocar que o PT, que em sua campanha eleitoral procurava exaltar justamente a questão da educação, de medidas como as cotas, Reuni, ProUni como os carros-chefe de campanha, agora venha a aderir tão prontamente a esse absurdo ataque a qualquer direito democrático, a qualquer educação minimamente crítica e formadora. Se é verdade que os programas educacionais do PT possuíam inúmeros problemas – entre os quais o principal talvez seja justamente o de ser responsável por financiar os megaempresários da educação e consolidar no Brasil o maior monopólio educacional do mundo (Kroton-Anhanguera) por via da transferência de renda pública – o projeto bolsonarista é mil vezes pior, e envolve mesmo a criminalização do pensamento crítico, o que vemos por exemplo nos ataques a figuras como Paulo Freire.

Após as críticas que recebeu, Camilo Santana fez uma postagem em seu Facebook que reproduzimos abaixo. Seu propósito era dizer que não houve adesão, mas o que faz é confirmar que duas escolas no estado entrarão no programa (considerando que em todo o país serão apenas 54 nesse primeiro estágio):

Agora, prestemos atenção: será que os militantes, ideólogos, simpatizantes do partido se rebelarão contra a adesão de Camilo Santana ao projeto militarista na educação? Haddad, que foi Ministro da Educação de Lula e vive atacando o obscurantismo do governo Bolsonaro, em particular na educação, tomará qual atitude diante desse absurdo? O mais provável, é claro, é um ensurdecedor silêncio. Aguardemos.




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