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RACISMO NA PANDEMIA | No Brasil que agoniza nas UTI’s existem 2 vezes mais brancos vacinados do que negros

O Brasil é um país de maioria negra, mais de 50% da população se autodeclara como preta ou parda, portanto, o lógico seria que as pessoas vacinadas pela covid 19, que não passa da casa dos 4% da população, seguisse a mesma ou uma proporção muito próxima a essa. Mas a realidade mostra que no país marcado pelo racismo e governado pela extrema direita de Bolsonaro e pelo regime do golpe, os negros são duas vezes menos entre os vacinados.

terça-feira 16 de março de 2021 | Edição do dia

Foto: Hermes de Paula / Agencia O Glob / Agência O Globo

A vacinação no nosso país, que demorou a chegar graças ao negacionismo de Bolsonaro, começou com um verdadeiro show promovido por Doria, levando a expectativa de que logo a população fosse vacinada, o que a realidade dos apenas 4% da população brasileira vacinada mostra que foi pura demagogia. A primeira mulher vacinada foi a enfermeira Mônica Calazans, mulher trabalhadora, negra e linha de frente do combate à covid19.

Mas a realidade, é que os negros são a grande minoria entre os vacinados, segundo pesquisa da Agência Pública há 3,2 milhões de pessoas que se declararam brancas e que receberam a primeira dose de uma vacina contra a covid-19. Já entre pessoas negras, esse número cai para pouco mais de 1,7 milhão.

A Agência também apurou que o número de pessoas negras que morrem e são contaminadas pela covid também é maior, o número de mortes entre negros é cerca de 10% a mais que entre brancos e os dados também apontam que a mortalidade — isto é, a quantidade de pessoas que morrem em relação a quem tem a doença — foi maior entre negros que entre brancos: 92 óbitos a cada 100 mil habitantes em negros, para 88 em brancos.

É uma pesquisa reveladora sobre o quadro da vacinação e da covid no Brasil, país onde a primeira morte por covid foi justamente de uma mulher negra empregada doméstica. Onde os negros são a minoria dentre a população de mais de 90 anos, justamente porque não chegam a ter 90 anos, ou mesmo aqueles que podem se vacinar têm dificuldades para chegar nos locais de vacinação.

Outra questão elementar para explicar o número de negros entre os menos vacinados é que nos serviços essenciais, mesmo dentro dos hospitais, muitos trabalhadores terceirizados foram excluídos dos planos de vacinação, mesmo que cumpram funções da linha de frente. E como sabemos, a terceirização e a precarização do trabalho no nosso país tem o rosto de mulheres negras.

Esse é o caso que estamos vendo agora em universidades como a Unicamp, onde duas trabalhadoras terceirizadas já morreram, porque não tinham acesso a vacinação, mesmo cumprindo a função de alimentar os trabalhadores da saúde.

Veja mais em: Edvânia presente: com surto de Covid no bandejão da Unicamp, trabalhadora terceirizada morre

É urgente que contra o negacionismo de Bolsonaro que agora tenta esconder sua responsabilidade sobre a crise e toda demagogia dos governadores sobre a vida dos negros e negras e de toda população, os trabalhadores possam responder a essa crise agora, e não esperar 2022 como quer o PT, lutando para que todos os trabalhadores essenciais, efetivos e terceirizados, brancos e negros, possam fazer parte dos planos de vacinação, todos tenham direito a vacina, impondo a quebra de patentes e um auxílio emergencial com um valor de pelo menos um salário mínimo. Além disso, precisamos de paralisação dos serviços não essenciais com remuneração, testes, reconversão da indústria para produzir insumos para crise, mais contratação, entre outras medidas básicas necessárias.

Veja mais em: Brasil agoniza nas UTI’s lotadas e pela fome: a resposta não é esperar 2022




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