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ELEIÇÕES NA ARGENTINA | Nicolás del Caño para Massa: ’’Como exige presença aos docentes se faltou em 90% das sessões?’’

No debate presidencial, Nicolás del Caño foi o único dos candidatos que valorizou o trabalho docente. Além disso, denunciou o resto dos candidatos por seus planos de ajuste na educação e disciplina docente.

quinta-feira 8 de outubro de 2015 | 01:38

Nós professores conhecemos bem os maus tratos que sofremos cada vez que ficamos doentes, o que chega a ser praticamente um sistema de insalubridade trabalhista. Apenas assim se entende porque as estatísticas dizem que 80% de nós, docentes, nos apresentamos ao trabalho dorente. O desgaste da jornada dupla, as tarefas extra-classe e as capacitações fora do horário de trabalho para algum dia pegar titularidade e ter estabilidade trabalhista, aprofundam um desgaste em nossos corpos que nos fazem propensos a ficarmos doentes, ainda mais levando-se em consideração a frequenta superlotação que enfrentamos em nossas classes. Corremos de escola em escola para tentar chegar ao fim do mês, mas se nos damos um dia por estar doentes ou para estudar para uma prova querem cortar, ainda mais, nosso salário já magro, aumentando a proporção de assistência. Essa é uma das principais propostas de Massa, que se destaca por sua própria ausência, mas também de Cristina, que há três anos nos atacou dizendo que trabalhamos 4 horas e que tínhamos que aceitar que o aumento estivesse submetido à assistência.
Macri não fica pra trás. Neste ano afastou duas professoras do JIC 2 de Flores, tentando reponsabilizá-las pela morte de Agustín, enquanto ele foi quem definiu uma política de esvaziamento das Equipes de Orientação Escolar que, se dispusessem de recursos, poderiam seguir acompanhando os casos de violência. Stolbizer por sua vez, que tem alianças eleitorais com o macrismo em várias províncias, não é uma alternativa.
Não é casual que os momentos mais picantes do debate presidencial tenham sido protagonizados por Nicolás del Caño, que se colocou, como trabalhador que é, ao lado das e dos docentes, denunciando os planos de ajuste educacional de Scioli, Macri e Massa.
As intervenções do jovem candidato presidencial da Frente de Izquierda, que recebe o mesmo que um professor e doa o resto a diferentes lutas, causaram grande simpatia nas redes sociais entre professores e famílias da escola pública. A comunidade do JIC 3 agradeceu a solidariedade expressa por del Caño durante o debate, que disse: “Quero ecoar uma voz de solidariedade às professoras do jardim-de-infância das Flores, que foram injustamente afastadas de seu cargo”.

O site chequedo.com, por sua vez, confirmou a denúncia sobre Massa, que apesar de receber mais de $60.000 (pesos), se destaca por suas ausências, e também a denúncia sobre Macri por diminuir o orçamento educacional: “No último ano vimos o orçamento de educação mais baixo que já houve, enquanto faltam 5.000 vagas nos jardins-de-infância”.
Nem o ausente Scioli se salvou das críticas de del Caño do plano da educação: “Na província que Scioli governa existem centenas de professores que não recebem seus salários, sem falar dos substitutos que tem atrasos de 6 meses ou um ano. Além disso existem sérios problemas de infraestrutura e apenas 2% das escolas públicas oferecem jornada integral”.
Para além de suas críticas afiadas, o mais comentado entre professores foi a valorização de seu papel e a proposta de reduzir a jornada de trabalho: “Tanto Scioli, como Macri e massa centram fogo nos docentes atacando-os. Para nós os docentes trabalham muito mais que apenas na sala de aula e em situações que estão muito além da escolar. Por isso, a partir da Frente de Izquierda, propomos que o salário mínimo por cargo cubra o custo da renda familiar”.
Uma das dúvidas mais recorrentes é de onde a Frente de Izquierda propõe retirar os fundar para alcançar os 30% de orçamento consolidado nacional. Em primeiro lugar cabe dizer que do orçamento nacional, em 2015, apenas 4,8% foram dedicados à educação. Além disso se propõe encontrar fundos extras a partir do não pagamento da dívida externa, o fim dos sobrepreções com as terceirizações (infraestrutura, merendas escolares, plano de computadores) e o fim dos subsídios à educação privada.
Com esse orçamento é possível garantir um sistema educacional único, laico, público e gratuito desde os primeiros 45 dias de vida, mas também transformar a jornada de trabalho docente e o regime de aposentadora. Dadas as características do trabalho docente, a Frente de Izquierda coloca a necessidade de uma jornada diária de 6 horas com um limite de 4 horas de aula, de forma que as diferentes tarefas pedagógicas, administrativas e de capacitação se realizem dentro do horário de trabalho. Além de garantir um salário mínimo igual à renda familiar (hoje em dia em torno dos $15.000 [pesos], dependendo da região). Também por todas as doenças trabalhistas e o desgaste cr6onico da tarefa docente se coloca a aposentadoria voluntária com 25 anos de serviço e sem limite de idade, com 82% de salário garantido.




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