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POSSE PRESIDENCIAL | Netanyahu vem ao Brasil ajudar Bolsonaro na guinada pró-ianque da política externa

Parcerias em equipamentos militares para repressão de "inimigos internos" e uma ponte para melhor servir subalternamente aos EUA estão entre os negócios que Bolsonaro negociará.

quinta-feira 27 de dezembro de 2018 | Edição do dia

O primeiro-ministro de Israel, o direitista Binyamin Netanyahu, deverá participar da cerimônia de posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de acordo com a Embaixada de Israel. Com esse sinal o premiê israelense quer ajudar na guinada à direita e mais pró-americana e pró-sionista no continente. Netanyahu ganha um raro aliado internacional e dê quebra pode se oferecer de mediador para conseguir maiores apoios dos EUA, interesse primordial de Bolsonaro.

Toda política externa de Bolsonaro está desenhada para melhor servir ao amo do norte, desde as privatizações de estatais, pressão sobre a Venezuela e até mesmo ruptura de tratados internacionais simplesmente para bovinamente seguir Trump.

A informação da vinda do premiê israelense veio um dia depois de a própria embaixada informar que ele viria nesta semana ao Brasil, mas provavelmente não ficaria até o dia 1.º por problemas na política interna de seu país. Netanyahu teria mudado de ideia nesta quarta-feira, 26.

A vinda de Netanyahu está sob ameaça porque os líderes dos partidos da coalizão governista fecharam um acordo para dissolver o Parlamento e realizar novas eleições em abril do próximo ano. Essa medida foi necessária depois que a coalizão não conseguiu apoio para aprovar uma legislação que convoca judeus ultraortodoxos (parte de sua base de apoio) para o serviço militar. A crise enfrentada pelo premiê israelense está à direita, perda de popularidade por sua política não ser assassina o suficiente com os palestinos, não lhes arrancar mais e mais terras para os colonos israelenses.

Contando com poucos parceiros internacionais Netanyahu vê em Bolsonaro uma oportunidade de ouro, o presidente eleito além de mostrar-se um aliado de Israel em negar o direito dos palestinos terem seu Estado, arrancando-lhes o território de Jerusalém, Bolsonaro também mostra ativo interesse em ser um subserviente serviçal dos EUA e os EUA são parceiros de primeira importância para Israel.

Como Trump não virá, Netanyahu tenta oferecer-se não somente um parceiro para vender armas para matar pobres no país mas também como um interlocutor que pode servir de ponte de Bolsonaro a setores do establishmente yankee, desejo primordial de Bolsonaro e seu chanceler Araujo.

Israel é um parceiro estratégico para o novo governo do Brasil. Também pelo Twitter, Bolsonaro informou que, em janeiro, o futuro ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, visitará estações de dessalinização de água, plantações e o escritório de patentes de Israel. "A parceria Brasil-Israel que beneficiará o nosso Nordeste está muito bem encaminhada", escreveu o presidente eleito. Com a desculpa de importar tecnologia, há muito detida pela estatal Embapa, Bolsonaro busca alguma justificativa de massa para sua política.

Uma parceria mais importante com Israel foi antes anunciada pelo governador carioca Witzel e pelo filho de Bolsonaro, Flávio: querem comprar drones para atirar em pobres e negros no Rio. Querem importar de Israel seu know-how de repressão e assassinato de palestinos para aplicar ao povo carioca.

Durante a campanha, Bolsonaro prometeu mudar a embaixada do Brasil de Tel-Aviv para Jerusalém, reconhecendo a reivindicação de Israel sobre a cidade. O anúncio causou polêmica no Brasil e na própria equipe do futuro governo, uma vez que ela se choca com o posicionamento dos países árabes, que apoiam Israel, e com deliberações da ONU. Os países árabes são um mercado de US$ 13 bilhões por ano e importam principalmente produtos do agronegócio como açúcar e carnes.

As preocupações econômicas com a política externa de Bolsonaro já moveram até mesmo a Folha a colocar seu instituto, o Datafolha, para sondar a população se os EUA deveriam se tornar "parceiro preferencial". Evidentemente a ampla maioria da população rejeitou, não somente pelo pragmatismo dos lucros da burguesia, mas por algum anti-imperialismo que existe apesar do esforço sistemático do PT em diluir e acabar com cada reivindicação mais estrutural, que se chocasse com as bases da dominação capitalista no país.

Com informações da agência Estado




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