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#NESTORA LIBRE | Nestora Salgado, presa política do Estado mexicano

terça-feira 19 de maio de 2015 | 00:30

Após quase dois anos de injusta prisão, a comandante Nestora Salgado começou uma greve de fome no dia 5 de maio, exigindo sua imediata libertação. Em diversos meios de imprensa se informa sobre a deterioração da saúde da líder comunitária, assim como atos de tortura e outras violências contra seus direitos humanos. Apesar disso, o advogado Leonel Rivero declarou que Nestora “está disposta a chegar até as últimas consequências”.

Em março de 2014 o juiz Jorge Luis Arroyo Alcántara ordenou sua imediata liberação. No entanto, tem sido várias as manipulações e barreiras feitas pelo governo de Guerro, e também o governo federal, para impedir sua liberação.

No último 28 de janeiro a Comissão Interamericana de Dereitos Humanos (CIDH), emitiu medidas cautelares em favor de Nestora Salgado. Ainda assim o governo de Enrique Peña Nieto mantém como presos e presas políticas não apenas Nestora Salgado, mas centenas de lutadores sociais, jovens e dissidentes políticos nas prisões de todo o país.

Nestora, líder de las polícias comunitárias

Nestora Salgado García é uma das principais dirigentes da Coordenadora Regional de Autoridades Comunitárias (CRAC)-Polícia Comunitária no estado de Guerrero. Em 2013 se integrou à Polícia Comunitária e em maio deste ano foi nomeada por sua comunidade como coordenadora da mesma no município de Olinalá.

A CRAC tem sido uma forte oposição à militarização do país. Além disso, como parte do Movimiento Popular Guerrerense, tem manifestado sua solidariedade com os setores populares, apoiando a luta do magistério contra a reforma educacional e participado das manifestações pelo aparecimento com vida dos 43 estudantes normalistas de Ayotzinapa.

Para o Estado mexicano a verdadeira ameaça não está nos grupos do crime organizado, mas nas organizações que repudiam a política de militarização e não confiam das instituições do regime. Nesse contexto é que tem se fortalecido as polícias e líderes comunitários, que diante dos abusos do narcotráfico e do governo, e do aumento da violência em suas comunidades, decidiram se organizar de forma independente.

Protestos pela sua liberação

Desde sua prisão em 2013 muitas manifestações, personalidades e organizações sociais, civis e políticas do México e dos Estados Unidos têm se pronunciado pela sua imediata liberação.

Ontem, 17, coletivos e organizações mexicanas em Los Angeles, Califórnia, protestaram diante do consulado mexicano para exigir a liberdade de Nestora Salgado. “Acreditamos que é urgente fazer algo deste lado da fronteira”, afirmou a ativista Beatriz Lumbreras. As organizações fizeram um chamado às autoridades e ao presidente dos Estados Unidos Barack Obama para que intervenha a seu favor, já que ela é cidadã estadunidense desde 1982.

No município de Olinalá, em Guerrero, integrantes da CRAC se solidarizaram com a greve de fome da líder comunitária e declararam que levarão a cabo bloqueios de estradas, atos de repúdio ao processo eleitoral, boicote a eventos políticos e retirada de toda propaganda eleitoral até que se consiga sua liberação.

#Elecciones2015 em Guerrero

As eleições de junho ocorrerão num cenário de profundo questionamento do regime após a emergência do grande fenômeno democrático por Ayotzinapa, o qual tem se acompanhado pela política de militarização do estado de Guerrero. Com esta estratégia, o regime mexicano pretende silenciar e sufocar qualquer tipo de protesto social num dos estados com maior tradição de luta em nível nacional, ao mesmo tempo em que pretende posar como “democrático” mediante milionárias campanhas eleitorais. Mas nem os programas eleitorais, nem os cartazes, nem os shows podem ocultar os mais de 350 presos políticos que há desde o início do governo Enrique Peña Nieto. Nestora Salgado, ao lado de centenas de presos e presas políticas do país, são uma das faces desta democracia assassina e criminosa a serviço da classe empresarial. A esses casos somam-se os dos jovens ativistas Jacqueline Santana e Bryan Reyes detidos em novembro do ano passado depois de uma tentativa de desaparecimento forçado por policiais federais na Cidade do México, e que até agora continuam injustamente presos.

Diante da tentativa do governo de desviar o descontentamento mediante as próximas eleições, distintas organizações políticas, sociais e sindicais, junto com os pais dos estudantes normalistas de Ayotzinapa, estão chamando o repúdio à farsa eleitoral em Guerrero e em todo o país. Entre essas organizações se destaca o Movimiento de Trabajadores Socialistas (MTS), que proclama anular o voto escrevendo consignas democráticas na cédula eleitoral (#Faltan43, #LibertadPresosPolíticos, #NoMásFeminicidios etc.), e declara que não apenas está pela anulação do voto, mas “por construir um movimento nas ruas que lute por nossas reivindicações”.

Publicado em: laizquerdadiario.com.mx

Tradução: Val Lisboa




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