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GRÉCIA | Nervosismo no começo das negociações do terceiro resgate na Grécia

As negociações entre a Grécia e os credores internacionais (a Troika mais o Mecanismo de Estabilidade Europeu) para um terceiro resgate começaram oficialmente esta terça-feira, em uma guerra de nervosismos e desmentidas.

quarta-feira 29 de julho de 2015 | 00:18

Uma dúzia de técnicos da Comissão Europeia, o Banco Central Europeu, o Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEDE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) – as equipes do novo quarteto, já batizado como a "quadrilha" – visitaram na manhã desta terça-feira a Secretaria Geral de Contabilidade.

O objetivo da visita era a recompilação de dados sobre o estado das finanças públicas gregas depois das restrições bancárias impostas há um mês sobre a evolução financeira.

Mas antes de avançar, a guerra de nervos entre Atenas e Bruxelas se fez evidente com uma série de declarações contrapostas e desmentidas, que deixaram evidente a profundidade da desconfiança mútua frente a uma nova rodada de negociações sobre um resgate de 86 bilhões de euros que começou esta semana.

Entre as diferenças estão os ritmos e a condução das reuniões, se a Grécia precisa aprovar mais leis antes de um acordo, e a bolsa de Atenas, cuja abertura "com limitações" recebeu, na tarde desta terça-feira, uma luz verde do Banco Central Europeu (BCE); limitações que contemplam que os investidores estrangeiros poderão fazer transações ilimitadas na bolsa de Atenas, mas os investidores gregos, pelo contrário, por enquanto não poderão vender ações e as compras estarão sujeitas a severas limitações.

Também as "atividades" do ex-ministro de Finanças Yanis Varoufakis, que segue acumulando criticas contra os credores em seu blog, foram tema de debate. Entre as críticas do ex-ministro se destacou hoje sua afirmação de que "a Troika controla a Secretaria Geral de Ingressos Públicos da Grécia", ventiladas este fim de semana pelo jornal conservador Ekathimerini.

"As alegações de que a Troika controlava a Secretaria Geral de Ingressos Públicos são falsas e infundadas", apressou-se em dizer a porta-voz comunitária Mina Andreeva na coletiva de imprensa diária da Comissão Europeia.

As duas partes não foram capazes, em um princípio, nem sequer de se colocar em acordo sobre quando começam os encontros, segundo a agência Reuters. Mesmo que esteja previsto que os quadros técnicos finalizem suas tarefas até sexta-feira e que só continuem no fim de semana se aparecer "alguma questão específica" .

Um funcionário do Ministério de Finanças grego disse que os líderes das delegações da Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional chegarão na quarta-feira para discutir um terceiro programa de resgate que mantenha a Grécia dentro da Zona do Euro.

As negociações técnicas poderiam estar concluídas para a sexta-feira, com discussões de "seguimento" durante o fim de semana sob circunstâncias excepcionais, disse.

"Ambas partes querem alcançar um acordo o quanto antes", assegurou o funcionário.

Desde a Comissão Europeia recusou-se o calendário, afirmando que os chefes da missão europeia já estão sobre o terreno e que as reuniões começaram na segunda-feira.

Além disso, deixaram claro que os credores não vão se apressar para conseguir um acordo rápido sem ter os compromissos de reforma detalhados por escrito.

A porta-voz da comissão, Mina Andreeva, indicou que "não tem um prazo fixo" para a conclusão de um memorando de entendimento, e que se todas as partes mantêm os compromissos firmados na cúpula europeia do dia 13 de Julho, "é possível um acordo para a segunda quinzena de agosto".

O governo de Alexis Tsipras quer tentar fechar um acordo em tempo recorde antes de 20 de Agosto, data em que vencem os novos pagamentos ao Banco Central Europeu para os quais não existe fundo disponível.

Se os pacotes de reformas, um verdadeiro pacto de neocolonização cuja votação no parlamento havia exigido a Troika antes de começar formalmente as negociações, já foram aprovados há uma semana com um altíssimo custo político para o governo de Tsipras, o custo agora será ainda maior, pois se trata de um acordo com uma vigência de três anos e um volume de 86 bilhões de euros.

Tsipras quer evitar que tenha que assinar um novo crédito ponte para enfrentar este pagamento, o que seria necessário se não se chega a um acordo definitivo, pois este empréstimo seria novamente vinculado a medidas que deveriam ser aprovadas no parlamento.

Segundo a imprensa local, para o dia 11 de agosto se reservaram a possibilidade de convocar um Eurogrupo extraordinário, no qual ou bem já se daria luz verde ao resgate ou se falaria sobre um novo crédito, calculado a priori em 5 bilhões de euros.

O primeiro ministro recolocou que seu objetivo é jogar adiante o resgate sem atraso, para depois buscar uma solução à rachadura aberta no seio do Syriza depois que o governo abandonou os princípios políticos que defendeu ao assumir o mandato.

Para que a assinatura seja possível, o governo deve fazer uma série de compromissos e concessões às instituições imperialistas credoras, como a revisão de todas as leis aprovadas "unilateralmente" nos últimos seis meses, continuar com a reforma das pensões, assim como a eliminação das baixas no petróleo e no imposto sobre a renda dos agricultores.




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