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PATOS-PB | Negócios em família: Mãe do deputado golpista Hugo Motta (PMDB-PB) é presa e a avó é afastada da prefeitura de Patos

Mais uma vez o sertão da Paraíba foi destaque e ganhou notoriedade no plano político nacional por casos de corrupção.

Shimenny Wanderley Campina Grande

terça-feira 13 de setembro de 2016 | Edição do dia

Na manhã da sexta-feira, 09 de setembro, no município de Patos-PB a terceira maior cidade da Paraíba, a Polícia Federal (PF) deflagrou a “Operação Veiculação”, na qual, entre outros mandatos de prisão e afastamento das funções públicas, a mãe do deputado pró-impeachment Hugo Motta (PMDB), Ilana Motta, foi presa preventivamente por envolvimento em superfaturamento de contratos e a avó, atual prefeita da cidade, Francisca Motta (PMDB) foi afastada do cargo também acusada de cometer irregularidades em licitações e contratos públicos. Ilana Motta era chefe de gabinete da própria mãe na Prefeitura da cidade.

Após o afastamento de Francisca Motta da administração municipal, quem assumiu foi o vice-prefeito Lenildo Morais (PT), que em entrevista coletiva nesta segunda (12), anunciou dez nomes dos que comporão as secretarias do município e que irá suspender, até que seja finalizada as investigações, os pagamentos e contratos firmados na gestão da prefeita afastada, como se não tivesse nada a ver com o executivo anterior. Lembramos que Lenildo Morais é candidato a prefeito.

As investigações da “Operação Veiculação” foram iniciadas pelo Ministério Público Federal (MPF) no ano de 2015, a partir de informações da Controladoria-Geral da União (CGU), que no ano de 2012 realizou fiscalizações, detectando contratação irregular de serviços de locação de veículos no Município de Patos. O objetivo desta operação é apurar estas irregularidades em licitações e contratos públicos, principalmente ao direcionamento de licitações e superfaturamento de contratos em serviços de locação de veículos, realizados pelo município de Patos, que inclui também as prefeituras de Emas e São José de Espinharas, ambas no Sertão do estado, onde os prefeitos tiveram a prisão preventiva declarada.

Laços de família

Há uma ligação familiar entre os investigados. Ilanna é filha de Francisca Motta (PMDB), prefeita de Patos, e casada com Renê Trigueiro Maroca (PSDB), prefeito de São José de Espinharas. José William (PMDB) é ex-marido de uma das filhas de Ilanna.

Todos os investigados nesta operação deverão responder pelos crimes de fraude à licitação, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro, entre outros. As fraudes envolvem cerca de R$ 11 milhões em recursos aplicados em ações dos Programas de Transporte Escolar (PNATE), Fundeb, Pró-Jovem Trabalhador e Bloco de Média e Alta Complexidade (Saúde). A operação foi composta por Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU). Ao total foram oito mandatos de busca e apreensão, cinco de prisão e sete de afastamento das funções públicas.

O deputado golpista Hugo Motta está em seu segundo mandato, ficou conhecido nacionalmente por ser um dos principais aliados de Eduardo Cunha (PMDB) e presidiu a CPI da Petrobras por indicação do próprio Cunha.

No município de Patos se formou, no último período, uma polarização entre dois grupos políticos: o clã dos Motta (PMDB) e os Wanderley (PSDB), ambos partidos golpistas. O pai do deputado golpista Hugo Motta, Nabor Wanderley (PMDB), ex-marido de Ilana Motta, foi prefeito do município por dois mandatos consecutivos, de 2005 a 2012, e é candidato novamente nestas eleições municipais na coligação “Pra frente com o povo” (PMDB / PSB / PC do B / PTB / PR / PDT / PP / PROS / PSDC / PSD / PMB / PV / PT do B / PRTB), o qual teve sua candidatura impugnada na sexta (09) acusado de improbidade administrativa e entrou com recurso, notem que o PC do B, aliado histórico dos petistas, apoia nas eleições municipais o candidato do partido do presidente golpista Michel Temer, como em muitas outras partes do Brasil.

A prefeita afastada, Francisca Motta, é a chefe do clã político dos Motta que detém o poder na cidade desde a década de 1950. O avô do deputado golpista Hugo, Nabor Wanderley da Nóbrega, foi prefeito da cidade entre 1956 e 1959. O pai do deputado, Nabor Wanderley da Nóbrega Filho, também administrou a prefeitura do município entre 2005 e 2012. Em 2013 Nabor foi condenado em primeira instância por improbidade administrativa e teve os direitos políticos cassados pela Justiça, porém, recorreu da sentença e atualmente é deputado estadual.

Nabor, caso consiga ter sua candidatura deferida após julgamento do processo, terá como principal adversário Dinaldinho Wanderley (PSDB), na coligação “Patos tem jeito” (PSDB / PRB / SD / PSC / PHS / PTC / PSL / PPS / DEM / PMN / PTN, o candidato é filho de Dinaldo Medeiros Wanderley que foi prefeito do município por dois mandatos consecutivos, de 1997 a 2004, evidenciando a continuidade dessa polarização política no município. A particularidade é que temos esta polaridade entre dos blocos diferentes hegemonizados por correntes golpistas.

O sistema político brasileiro não só está podre até a medula no plano nacional, mas também no plano estadual e municipal. Neste caso se misturam interesses de frações de classes que se expressam através de interesses familiares que atravessam os blocos políticos na cidade. Tampouco serão as próprias instituições estatais aquelas que lutarão efetivamente contra a corrupção. Desde o Esquerda Diário defendemos uma saída de fundo a crise, que para nós passa por uma nova Constituinte Livre e Soberana imposta pela mobilização, que mude as regras do jogo, onde realmente seja o “povo que decida”, que coloque o poder de decisão sobre a punição dos corruptos nas mãos da maioria da população e enfrente os grandes problemas do país.




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