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TRAGÉDIAS NADA NATURAIS | Naufrágios na Bahia e Pará são mortes decorrentes do transporte precário e para o lucro

quinta-feira 24 de agosto de 2017 | Edição do dia

Foto: Arquivo pessoal/Paulo Vieira

Na manhã dessa quinta uma embarcação naufragou próximo à Ilha de Itaparica, na localidade de Mar Grande. O comandante Flávio Almeida, do 2º Distrito Naval, disse que 129 pessoas estavam na embarcação - e que, até às 11h25, ao menos 22 corpos haviam sido localizados. As buscas prosseguem. Na terça a tragédia foi no Pará, no rio Xingu, com 21 mortes confirmadas até o momento.

O acidente dessa manhã na Bahia ocorreu com a embarcação "Cavalo Marinho", que tinha capacidade para levar até 162 passageiros. O acidente ocorreu a 200 metros do Terminal marítimo. O chamado de emergência para a Capitania foi recebido através do rádio por volta das 8h. De acordo com a Prefeitura de Vera Cruz, a lancha saiu do terminal da Ilha por volta das 6h30 com destino a Salvador.

Foto: @pgmldnoticias

A avaliação da lancha será feita pela Marinha, que analisará a regularização da embarcação e se a mesma operava com número de passageiros acima do permitido. A Secretaria de Segurança Pública informou que um inquérito será aberto para que as causas do acidente sejam apuradas.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), postaram notas de pesar em suas respectivas contas nas redes sociais. Costa decretou luto oficial de três dias no Estado. O cinismo, no entanto, é o de governos que permitem que embarcações em condições completamente precárias circulem livremente para gerar lucros para os seus proprietários, enquanto tanto prefeitura quanto governo estadual não garantem nenhuma condição de transporte gratuito e digno para a população.

O mesmo ocorreu na embarcação Capitão Ribeiro, no Pará. Ela saiu do município de Santarém, oeste do estado, às 18h de segunda-feira (21), segundo informação da Segup. As informações iniciais diziam que 70 pessoas estavam a bordo. A embarcação tinha escala nos municípios de Monte Alegre e Prainha. O destino final era Vitória do Xingu. 23 pessoas foram resgatadas com vida, e até agora há 21 mortes confirmadas. Contudo, nem sequer a informação a respeito dos números de vítimas é passada de forma clara pela Secretaria de Segurança Pública, mostrando um completo descaso com as vítimas e seus familiares. De acordo com o portal G1, os números informados até agora são:

- Na quarta-feira pela manhã, a Secretaria de Segurança Pública informou que havia 70 pessoas no barco, das quais 25 sobreviveram.

- No fim da tarde, a pasta divulgou que, na verdade, havia 15 sobreviventes e que 10 mortos foram resgatados.

- Ainda na quarta, o Corpo de Bombeiros informou que o número de resgatados subiu para 19.

- Na manhã desta quinta-feira, a secretaria informou que, segundo o dono do barco, havia 48 pessoas na embarcação.

- A pasta, porém, informou que trabalhava com o número de 49 pessoas: 10 mortos, 23 sobreviventes e 16 desaparecidos.

- A divergência entre o que disse o piloto e os números da secretaria não foi esclarecida até o momento.

Não se trata aqui de uma mera "divergência": essas embarcações viajam corriqueiramente com uma tripulação muito acima de sua capacidade permitida, o que ocorre pelas condições precárias a que os trabalhadores têm que se submeter para poderem se deslocar e pela imensa sede de lucros dos proprietários, para quem a segurança dos passageiros e tripulantes está longe de ser uma preocupação. O número de pessoas na embarcação que naufragou na Bahia - 129 pessoas - é por si só um escândalo.

Os órgãos de fiscalização e governos são totalmente conivente com essas situações de tragédias anunciadas. Medidas de segurança elementares, como coletes salva-vidas, estão longe de ser uma regra. Os governos, por sua vez, lavam as mãos quanto à necessidade de transporte da população, que fica à mercê dos proprietários das embarcações e das péssimas condições de segurança.




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