quinta-feira 24 de março de 2016 | Edição do dia
Após 4 anos trabalhando nos Correios, sentindo na pele a precarização do trabalho e a sede de lucro desta empresa, aprendi que a única forma de garantirmos nossos direitos básicos e melhores condições de vida é através da luta e da organização dos trabalhadores. Por isso hoje participo da Chapa 2, pois acredito que tenho muitas ideias que podem contribuir para isso. Nosso sindicato há muito tempo vem patinando, com uma prática cada dia mais longe do cotidiano dos trabalhadores. Hoje, mais do que nunca, frente a atual situação da política brasileira, precisamos que todos os trabalhadores tenham voz e encontrem em seus instrumentos de luta um espaço para debater ideias e se organizar.
Trabalho nos Correios desde 2011. Até então, só tive trabalhos temporários, rotativos, sem nenhuma estabilidade, e num primeiro momento foi uma satisfação contar com um salário constante (ainda que baixo), Ticket, convênio médico e saber que fazia parte de uma das maiores empresas do Brasil. Uma empresa estatal e estratégica, presente em todos os municípios e prestando um serviço à população. Mas não demorou pra perceber todos os problemas que existiam: falta de funcionários, falta de condições de trabalho, metas, cobranças, a busca de lucro acima das necessidades da sociedade, ao mesmo tempo que vemos o dinheiro indo para o ralo com medidas sem sentido, os trabalhadores sempre pagando pela má administração, crise, e provavelmente até pela corrupção. Agora mesmo estão fechando agências, cortando direitos, e ameaçando nos deixar sem salários. Logo percebi que se não buscasse me organizar, com meus companheiros de trabalho, nas assembleias, nas greves, estaria sendo conivente com uma realidade de precarização do trabalho, terceirização, assédio, e ataques constantes. Participei de todas as greves desde que entrei, num primeiro momento só indo nos espaços, mas depois já levando propostas, falando em assembleias. Tudo isso porque eu tenho muitas ideias de como esta categoria poderia avançar, pra resistir aos ataques e pra lutar por uma empresa realmente estatal e a serviço da população.
Concluí, e sei que muitos concordam, que nosso sindicato, embora se coloque contra os ataques e a favor das lutas, tem uma prática rotineira e acomodada. Em muitos setores, como no atendimento, não se faz presente, e não mostra aos trabalhadores a importância de discutir e nos organizar em cada unidade, para que de forma unificada e criativa possamos lutar pela empresa, por nossos empregos, por nossas vidas. Eu decidi participar da chapa 2 nessas eleições, junto a vários companheiros independentes e militantes da CSP-Conlutas porque eu quero defender essas ideias, de qual sindicato precisamos realmente. Sem privilégios, com rotatividade dos membros para que todos voltem ao trabalho, que promova encontros constantes de delegados de base, de mulheres, de atendentes, e proporcione um ambiente para nos formar, nos organizar e nos fortalecer. Um sindicato que não seja carreira profissional e sim uma ferramenta para os trabalhadores construirmos juntos, fazer, sim, política, só que não a política dos partidos dos patrões, das trocas de favores, do toma-la-da cá, e sim a política no sentido de discutir ideias e buscar saídas coletivas para nossos problemas, como sujeitos que somos de nossas vidas.
Num momento de crise política, onde vemos de lado um governo que traiu todas as suas promessas, governando para os banqueiros e empreiteiras enquanto atacavam os trabalhadores e se enlameavam na corrupção, e do outro lado mais políticos corruptos e representantes dos empresários, manipulando a justiça e a mídia para que eles mesmos possam nos atacar ainda mais, somente nos organizando enquanto classe, em nossos locais de trabalho, sindicatos e com nossos métodos de luta podemos buscar uma saída, que passe por transformar todas as regras vigentes atualmente, para acabar com aberrações como as que estamos vendo, com políticos e juízes que recebem milhões legal e ilegalmente, que não podem ser revogados por nós, e que julgam a si mesmos conforme seus jogos de poderes, e nos cobram a conta depois.
Se você concorda com essas ideias, venha conhecer nossas propostas, me procure, compartilhe e apoie!
Natália Mantovan, atendente comercial, na Chapa 2 – Renovação e luta!
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