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TAREFAS DO CUIDADO | “Não é amor, é trabalho não pago”: os cuidados na pandemia

Esse problema ficou em evidência durante a pandemia, mas é um debate clássico na agenda do feminismo que foi retomado nos últimos anos pelo movimento de mulheres. Vozes e posições que ajudam a pensar um tema tão importante como as tarefas do cuidado.

sexta-feira 15 de maio de 2020 | Edição do dia

Artigo escrito na Argentina

Desde que o governo decretou o isolamento social e obrigatório, sem dúvidas a vida mudou. Particularmente, a presença de mulheres dentro da força de trabalho ganhou uma visibilidade massiva, já que profissões como enfermagem, setores de serviço ou tarefas de cuidado e limpeza, se converteram nas chamadas “essenciais” e como tais, ficaram na linha de frente ao coronavírus.

Nesse sentido, o Ministério de Mulheres, Gêneros e Diversidades (Ministerio de las Mujeres, Géneros y Diversidad) avançou em uma campanha de conscientização sobre as tarefas de cuidados, destacando o papel fundamental que tem esse trabalho não remunerado realizado quase exclusivamente pelas mulheres.

Ainda que seja um debate clássico na agenda do feminismo, foi retomado nos últimos anos pelo movimento de mulheres. De acordo com um informe da Direção Nacional de Economia, Igualdade e Gênero (Dirección Nacional de Economía, Igualdad y Género), cerca de 90% das mulheres realizam 76% das tarefas domésticas. Isso significa que além de trabalhar fora de suas casas, ocupam cerca de 6,4 horas a mais por dia para fazer as compras, a comida, lavar a roupa, cuidar dos filhos e filhas, ou seja, atender às necessidades de todo o grupo familiar. Em comparação, os homens (57,9%) destinam apenas 3,4 horas por dia para realizar essas tarefas.

O papel atribuído às mulheres sem dúvidas está enquadrado dentro de uma sociedade patriarcal. Mas não menos importante, para que isso funcione, necessita do seu sócio indispensável, que é o capitalismo. É difícil pensar que em uma sociedade que está organizada para produzir lucros, pode reconhecer um trabalho que serve justamente para garantir que essa força de trabalho siga sendo produtiva.

Em torno desse debate é importante poder analisar as discussões que se dão dentro do feminismo.

Ariane Díaz do Suplemento Ideias de Esquerda elaborou dois artigos em relação à teoria da reprodução social: “Os debates abertos no feminismo têm trazido de volta muitos dos desdobramentos que anteriormente abordavam a relação entre capitalismo e patriarcado. Autoras que são referência, como Judith Butler, Silvia Federici, Nancy Fraser, Rita Segato tem encontrado novos públicos. Também vem se revalorizando as ideias daquelas que, desde o marxismo, contribuíram com essas discussões, ainda que não sejam tão conhecidas”

Economia política da reprodução social I: trabalho e capital

Economia política da reprodução social II: patriarcado e capitalismo

No ano de 2018 Andrea D’Atri, referência do grupo de mulheres Pão e Rosas e do PTS (Partido de Los Trabajadores Socialistas – Argentina), entrevistou a feminista italiana Silvia Federici: “Com um amável castelhano, Silvia Federici recebeu um grupo de jornalistas de mídias alternativas e comunitários na sede que a Fundação Rosa Luxemburgo tem no bairro de Chacarita. Italiana de nascimento, mas resendente nos Estados Unidos desde 1967, onde estudou filosofia, Federici teve uma ativa militância nos anos 70 e hoje seus livros são verdadeiros best-sellers para uma geração de jovens feministas.

Silvia Federici: "Los capitalistas se organizan internacionalmente, nosotras debemos hacer lo mismo"

No artigo a seguir temos Celeste Murillo e Andrea D’Atri sobre o livro "El patriarcado del salario” de Silvia Federici. Em meio ao ressurgimento do movimento feminista em escala internacional, o debate sobre as relações entre patriarcado e capitalismo volta à cena, em diálogos não sem controvérsias entre feminismos e esquerdas anticapitalistas, marxistas e socialistas.

Nós mulheres, o proletariado

Nessa nota publicada no Ideas de Izquierda Paula Varela elaborou uma série de apontamentos para refletir sobre a classe trabalhadora: “Que o movimento de mulheres está em ascenso, já é um fato inevitável. A maré verde, a existências das La Pibas (as garotas), a saída do sarcófago do mais rançoso das igrejas Católica e Evangélica para se opor à liberdade de decidir sobre o próprio corpo são mostras disso na Argentina. Mas também na Irlanda, Polônia, as marchas nos Estados Unidos, a Greve Internacional de Mulheres. Qual é o componente comum? Aqui vão alguns apontamentos sobre a relação entre a crise do neoliberalismo, uma classe trabalhadora que está em apuros e a possibilidade de que as mulheres venham a resgatar e injetar novas forças.”

Con los ojos de las mujeres




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