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#BLACKLIVESMATTER | Não caia na propaganda policial! Eles se ajoelham e depois reprimem os milhares nas ruas

Policiais em cidades dos EUA estão marchando em protestos e se ajoelhando como ato de "solidariedade" antes de continuarem atacando manifestantes. Esses atos superficiais de propaganda policial ofuscam a violência racista da polícia e servem para dividir os protestos.

quinta-feira 4 de junho de 2020 | Edição do dia

Em meio a crescentes protestos nos EUA contra o assassinato racista de George Floyd pela polícia de Minneapolis, policiais em várias cidades demonstraram "solidariedade" se ajoelhando e participando de manifestações. Imagens desses atos, incluindo policiais rezando, cumprimentando e abraçando manifestantes, proliferaram nas mídias sociais e nas principais redes de notícias, onde as pessoas desejam mostrar as "maçãs boas" na força policial. No entanto, esses atos vazios são uma tática para minar os protestos e ofuscar o papel violento dos policiais. mais uma das ferramentas da opressão capitalista.

A polícia realizou atos de “solidariedade” em vários locais de protesto, do estado de Washington a Des Moines, Iowa e Flórida do Sul. Uma foto de Schenectady, em Nova York, mostra policiais se ajoelhando diante de manifestantes que fazem o mesmo, levantando o punho e documentando essa propaganda policial em seus smartphones. Na cidade de Nova York, alguns manifestantes chegaram a vibrar e agradecer aos policiais que oraram e abraçavam. Mesmo em Ferguson, Missouri, local da revolta de 2014 em resposta ao assassinato de Michael Brown, policiais marcharam com manifestantes e se ajoelharam para tirar fotos.

Esses vídeos e fotos estão sendo reproduzidos repetidamente na CNN e na MSNBC, na tentativa de melhorar a percepção do público sobre a polícia. Previsivelmente, os liberais e a mídia burguesa estão divulgando as imagens, chamando de "comoventes" e "sinceras". Muitos manifestantes também reagiram positivamente, incluindo o músico de Seattle, Raz Simone, que disse: "Sinto que foi um grande sucesso ... Nada mudou em um dia. Mas ... acho lindo que todo mundo esteja aqui em união”. Essa é uma tática fundamental estabelecida pela mídia capitalista e pelo Partido Democrata: difundir a raiva contra a polícia e conceder direitos simbólicos (e irrelevantes) como policiais se juntando aos protestos e dizendo que eles também acreditam no Black Lives Matter [Vidas Negras Importam].

Essas imagens de "solidariedade" reafirmam a visão dos liberais de que a polícia é uma força legítima para o bem, mas algumas "maçãs podres" requerem disciplina ou treinamento. Nesta perspectiva, não há necessidade de abolição da polícia; pelo contrário, precisamos apenas aumentar o número de “boas maçãs” e incentivar medidas de supervisão mais abrangentes. Os setores da polícia adotaram essa abordagem - de “solidariedade” - não porque são contra a brutalidade policial, mas porque é uma maneira de cooptar as manifestações e diluir a forte mensagem anti-policial. Não se engane, esta é uma maneira de acabar com a revolta atual. É a "cenoura" para pacificar o movimento, enquanto os policiais usam simultaneamente o "bastão" da violência e do toque de recolher.

Uma análise das ações brutais da polícia em questão de minutos após essas fotos mostra a real motivação dos policiais. O jornalista Touré documentou no domingo como os líderes do Barclays Center protestam no Brooklyn convidando a polícia a se ajoelhar com eles e até entregando o microfone. No entanto, 15 minutos após o discurso, a polícia estava mais uma vez "no modo de ataque", atirando gás lacrimogênio e violentamente levando alguns manifestantes para delegacia. Isso aconteceu por todo Estados Unidos: os locais onde os policiais se ajoelharam mais tarde se tornavam locais de intensa brutalidade pelos mesmos policiais, um fato convenientemente omitido pela mídia burguesa.

A polícia continua a reprimir violentamente os manifestantes e agir sem receber punição, independentemente de seus atos vazios de "solidariedade". Eles usaram gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha, levaram seus carros SUVs contra as multidões e brutalmente atacaram as pessoas, sejam manifestantes, médicos ou jornalistas. Na segunda-feira de manhã, a polícia de Louisville, Kentucky, assassinou David McAtee, um homem de 53 anos de idade. Apesar da brutalidade sistemática da polícia estar evidente nas cidades dos EUA, os políticos burgueses e a mídia ignoraram isso de maneira esmagadora, em muitos casos defendendo essas táticas.

A polícia é o alvo das manifestações atuais. Nenhuma quantidade de distintivos ajoelhados, apertos de mãos ou discursos vai mudar esse fato, e divulgar propaganda policial apenas perpetuará o mito de que "boas maçãs" são a solução para a violência policial. A polícia é uma ala armada do estado fundamentalmente violenta e racista, cujo objetivo principal é proteger o capital e reproduzir a desigualdade. Devemos extinguir eles, juntamente com o sistema racista e capitalista que eles pretendem proteger.

OH Groth

Este é um texto publicado como tribuna aberta no Left Voice e traduzido para o Esquerda Diário por Matheus Rodrigues.




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