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11 de agosto | Não aceitemos atos eleitorais junto com os grandes banqueiros, industriais e líderes do regime político

quinta-feira 11 de agosto de 2022 | Edição do dia

O ato "ecumênico" que envolveu a leitura das "cartas pela democracia", articulando a carta aos brasileiros com o manifesto das entidades patronais, da FIESP e da Febraban, foi um monumento à conciliação de classes. A tese seria: para enfrentar Bolsonaro, temos de unificar todos os que possuem alguma divergência com o governo, não importa seu papel na sociedade ou seu estatuto de classe. Empresários da FIESP e banqueiros da Confederação Nacional das Instituições Financeiras estariam convidados, apesar de suas pouco invejáveis credenciais "democráticas", e sua defesa de toda a agenda econômica de Bolsonaro e Guedes.

Organizações da esquerda também assinam embaixo dessa submissão à aliança com as patronais, uma consequência de sua subordinação à chapa Lula-Alckmin, como é o caso do PSOL, e mesmo daquelas que se dizem "radicais" e críticas ao PT, como o PCB e a UP (Sofia Manzano e Leonardo Péricles, respectivos candidatos à presidência, assinam a carta aos brasileiros pela democracia e o Estado de Direito, cuja leitura foi plenamente articulada com as federações patronais).

Frente às ameaças golpistas de Bolsonaro, esse bloco agora quer se apresentar como defensor da "democracia", mas em função de manter todos os ataques e reformas que destruíram os direitos de amplos setores de massas. O que buscam de alguma forma, é um regime com mais estabilidade, e que mantenha o essencial dos ataques. Contam ainda com o apoio do Partido Democrata de Biden, que à parte o cinismo democrático, não quer movimentos de inspiração trumpista no maior país da América Latina.

Estamos na linha de frente do combate a Bolsonaro e à extrema direita, e por isso não confundimos nossos objetivos com os dos nossos inimigos. Não podemos aceitar atos com a FIESP e os ajustadores patronais. Quem pode imaginar que vamos derrotar Bolsonaro com o Itaú, o Santander, Horácio Lafer Piva, Armínio Fraga ou o presidente da FIESP? Inclusive Temer assina a "carta pela democracia", uma caricatura em si mesma. É uma ilusão que está em função da conciliação de classes que quer impor Lula e o PT, que junto a Alckmin e a direita em todo o país buscam tranquilizar os capitalistas e administrar "com cara humana" os descalabros econômicos que nos deixaram em meio à fome e à miséria.

Não será a união da FIESP, STF e banqueiros com a chapa Lula-Alckmin que irá derrotar a extrema-direita. A luta para derrotar as ameaças golpistas de Bolsonaro precisa estar intimamente relacionada com a luta para revogar as reformas e ataques, através de greves, paralisações e planos de luta.

Devemos unir forças para exigir das direções majoritárias do movimento de massas, em primeiro lugar da CUT, CTB e UNE, que impulsione um verdadeiro plano de luta contra Bolsonaro e suas ameaças golpistas e pela revogação de todas as contrarreformas e ataques, para convocar à luta pelas demandas econômicas da classe trabalhadora contra a carestia de vida e a fome. Não aceitemos atos eleitorais junto com os grandes banqueiros, industriais e líderes do regime político, que vão definir o programa dessas ações de acordo com seus interesses. Isso não é um “combate contra o golpismo”. É necessária uma política de independência de classe, e impor às direções burocráticas um plano de luta efetivo, organizado a partir de assembleias de base nos locais de trabalho e estudo, alentando a auto-organização pela base, para colocar a classe trabalhadora como sujeito ativo na cena política, para que essa tome o controle da situação.

Veja declaração do MRT sobre por que não compusemos o dia 11 de agosto




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