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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO | Não à privatização da USP

Hoje em comunicado no site oficial da Universidade de São Paulo, a reitoria anunciou o desenvolvimento do projeto USP do Futuro, que nas palavras deles “visa à melhoria da gestão da Universidade, bem como ao aprimoramento e à ampliação da relação da Instituição com a sociedade e o setor produtivo”. Na verdade esse projeto constitui uma forma da reitoria abrir ainda mais a universidade para a iniciativa privada.

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

quarta-feira 21 de setembro de 2016 | Edição do dia

Trata-se de uma parceria com a multinacional de consultoria McKinsey, cujos custos estão sendo pagos, em forma de doação, por "um pool de ex-alunos" da Universidade, leia-se, provavelmente, um grupo de altos executivos de grandes multinacionais interessadas em se apropriar de parte da pesquisa e da produção da universidade.

Na verdade esse projeto constitui uma forma da reitoria abrir ainda mais a universidade para a iniciativa privada, colocando diretamente seu plano de gestão nas mãos de uma consultoria privada. Conforme denúncia recebida pela Associação dos Docentes da USP (ADUSP) o objetivo seria: “criar um novo modelo de captação de recursos e gestão de orçamento para a universidade”. Sendo que haveria um “Termo de Doação do trabalho dessa consultoria, no qual a Mckinsey consta como anuente” e a Mckinsey já teria apresentado um plano de 20 semanas de trabalho com objetivo de planejar “o futuro da universidade” e “criar um novo modelo de captação de recursos e de gestão do orçamento”, o que “indica uma possível mudança de legislação, bem como uma possível cobrança de mensalidade em cursos oferecidos pela USP”. A agenda de Alckmin mostra que na reunião entre reitor e governador sobre o projeto estavam também representantes da McKinsey, da Natura, do Itaú, da Ultrapar e do gigante Cosan. Tudo em segredo.

A reitoria negou o plano de cobrança de mensalidade, por ser inconstitucional. Mas nós não esquecemos que, assim que Temer assumiu, o Ministro da Educação de seu governo golpista deu uma declaração apoiando a cobrança de mensalidades nas universidades públicas, e citando a USP como exemplo.

Enquanto funcionária da USP estive em greve esse ano por mais de dois meses, ao lado dos meus colegas de trabalho, dos estudantes e professores da universidade, lutando contra o desmonte e a precarização que vem sendo implementados pela reitoria. Conforme sempre denunciamos em nossas lutas, tanto a reitoria quanto a burocracia acadêmica vem sucateando cada vez mais a universidade, se apoiando numa suposta crise financeira e na falta de financiamento público aprofundada pelo governo Alckmin para questionar nossos salários, sem nunca tocar nos seus próprios super salários ou nos altos lucros das empresas terceirizadas, que já atuam aqui dentro, e nos contratos das fundações privadas.

O anúncio dessa parceria privada soa quase como um afronta da reitoria, sem medo de escancarar que está entregando "o Futuro da USP" para a gestão privada. E de uma universidade cada vez mais voltada para os lucro dos grandes empresários, ao invés de atender as demandas da população, como o ensino da juventude que é excluída dela, a pesquisa para resolução de doenças, planos de construção de moradias e de saneamento básico, entre tantos outros benefícios que poderíamos ofertar.

Rechaçamos a privatização da USP, exigimos a abertura real de todas as contas da universidade e não vamos permitir que sejam os estudantes, trabalhadores e professores que paguem por essa crise. A USP precisa sim de mais financiamento, mas que deve ser público, assim como para toda a educação, através da taxação das grandes fortunas, e do não pagamento dos milhões que escoam pros grandes investidores através da dívida pública. Minha candidatura nessas eleições também está a serviço de fortalecer a luta contra o desmonte e a privatização da universidade, para que a USP seja aberta e esteja a serviço da população pobre e trabalhadora que a sustenta.

Diana Assunção é candidata a vereadora do MRT pelo PSOL em São Paulo, número 50.200




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