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Rodoviários do Rio | Na empresa Real, se quiser ser demitido por justa causa é só faltar no reveillon

Trabalhadores da empresa Real, da cidade do Rio de Janeiro, relataram práticas ilegais que são realizadas pela maioria das empresas de transporte público rodoviário do Rio de Janeiro

quarta-feira 15 de dezembro de 2021 | Edição do dia

Trabalhadores da empresa Real, da cidade do Rio de Janeiro, relataram práticas ilegais que são realizadas pela maioria das empresas de transporte público rodoviário do Rio de Janeiro. Segundo eles, basta o trabalhador faltar no dia 31 de dezembro, que a empresa já entra com uma justa causa. Nas garagens, os encarregados fazem questão de dizer que têm um arquivo de milhares de currículos de outros motoristas para tomarem o lugar do trabalhador que descumprir os desmandos dos chefes.

Como funciona: as empresas de transporte não só mandam o trabalhador embora por justa causa, quando querem, como ainda por cima, não pagam aquele mês de trabalho. O trabalhador, então, entra na justiça para pedir uma indenização, pois uma falta isolada não é suficiente para configurar justa causa. O que a empresa faz? Não dá baixa na carteira do trabalhador. Com isso, enquanto o processo corre na justiça, o trabalhador fica sem remuneração nenhuma, e tem que esperar todas as etapas do processo apertando o cinto.

Depois de meses, a empresa vai e oferece um acordo oferecendo pouco mais que o salário de um mês, às vezes menos. Aquele mesmo salário que a empresa segurou e não pagou, lá atrás, ela oferece como acordo, e o trabalhador, já em uma situação de miséria, aceita, para que sua vida possa voltar ao normal.

As justas causas são usadas ilegalmente, a torto e a direito, para oprimir o trabalhador em todos os sentidos. Um trabalhador que, por exemplo, venha a questionar os desmandos de seus chefes, pode acabar parando na malha fina dos encarregados e gerentes. Um simples avanço de sinal, pego nas câmeras que monitoram os rodoviários 24h, pode ser o suficiente para a patronal reprimir. E aí, do dia para a noite, aparece um aviso na garagem dizendo que a chefia não vai mais tolerar direção imprudente. E junto com o trabalhador demitido, mandam alguns ou vários outros, para parecer que não é perseguição.

E porque as empresas praticam essas irregularidades e seguem impunes? Porque tem a justiça nos seus bolsos. Os empresários dos transportes são donos de tudo o que está nas garagens de ônibus, mas também possuem bancos, postos de Gasolina, fornecedoras de peças, e, é claro, também políticos, juízes, fiscais, em suas cadernetas de pagamento.




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