Com seu insistente negacionismo científico, em um novo capítulo da disputa pelo uso político da vacina, o presidente Jair Bolsonaro questionou nesta segunda-feira (26), se não seria mais fácil e barato “investir na cura do que na vacina” do Coronavírus. Ele disse ainda não entender a “pressa” no desenvolvimento da vacina.
segunda-feira 26 de outubro de 2020 | Edição do dia
Bolsonaro disse que não “quer atropelar” a discussão sobre a vacina e comprar uma substância sem “comprovação” científica, uma hipocrisia sem tamanho vindo de quem insistentemente negou a gravidade da doença levando adiante um método de combate à pandemia praticamente inexistente.
“Hoje vou encontrar com o ministro Pazuello da Saúde para tratar desse assunto, porque temos uma jornada pela frente, onde parece que foi judicializada essa questão, e entendo que essa não é uma questão de Justiça, é uma questão de saúde acima de tudo, não pode um juiz decidir se você pode ou não tomar vacina, isso não existe”, declarou Bolsonaro, que durante toda a pandemia deu incansáveis declarações desdenhando do sofrimento e morte da população.
“Eu dou minha opinião pessoal: não é mais fácil e barato investir na cura do que na vacina? Ou jogar nas duas, mas também não esquecer da cura? Eu, por exemplo, sou uma testemunha [da cura]. Eu tomei a hidroxicloroquina, outros tomaram a ivermectina, outros tomaram annita e deu certo”, afirmou, no Palácio da Alvorada.
Mais essa absurda declaração como parte da disputa entre as forças internas do regime golpista demonstra como o único interesse de ambas as alas, seja de Bolsonaro ou dos governadores e STF, é apenas de fazer uso político do tema, quando na realidade, assim como fizeram durante toda a pandemia - não disponibilizando a testagem massiva para a população, se negando a impor a reconversão da produção industrial que seria capaz de produzir respiradores mecânicos e leitos de UTI, obrigando milhões de pessoas a seguir trabalhando nas fábricas e galpões de logística em condições insalubres, e permitindo aos empresários demitir funcionários cujas famílias amargaram o desemprego em meio à pandemia – não pretendem garantir nenhuma solução efetiva para os trabalhadores.
Por tudo isso, é preciso exigir em primeiro lugar a disponibilização e garantia de acesso universal e gratuito à vacina, de forma rápida e massiva, para todos aqueles que quiserem.
Entenda mais em: Contra Bolsonaro e Doria, defendemos a vacina gratuita para todos que queiram