A maior parte das ações da companhia ligada à Petrobrás responsável pela administração dos gasodutos da região Sudeste (NTS), foi vendida no dia de ontem para acionistas privados. Entreguismo de recursos estratégicos do país para os empresários seguirem lucrando perante a crise e a deterioração das condições de trabalho.
Ítalo GimenesMestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN
quarta-feira 5 de abril de 2017 | Edição do dia
A Petrobras finalizou ontem a operação de venda, anunciada em 23 de setembro de 2016, de 90% das ações da companhia na Nova Transportadora do Sudeste (“NTS”) para Nova Infraestrutura Fundo de Investimentos em Participações (“FIP”), gerido pela Brookfield Brasil Asset Management Investimentos Ltda, entidade afiliada à Brookfield Asset Management, segundo informações do site da empresa. O valor pago foi de US$ 4,23 bilhões.
Ontem ainda, 7,65% dessas ações compradas pelos canadenses foram vendidas para um braço de investimentos industriais do banco Itaú Unibanco, a Itaúsa, por um valor de por US$ 292,3 milhões, sobrando 82,35% das ações canadenses. Com isso, o comprador terá direito a um dos 10 membros do conselho de administração da transportadora e participará do acordo de acionistas da companhia.
Dessa forma, sobraram 10% das ações para a Petrobrás administrar e poderá continuar usando as instalações de transporte de gás natural da NTS, por meio dos contratos de transporte de gás já existentes. A Transpetro e todos os seus funcionários, responsáveis pela operação a manutenção dos gasodutos, estarão agora nas mãos dessa iniciativa privada, o que não é nada animador em especial para os trabalhadores.
A venda da NTS permitirá que a empresa, sob jugo do capital estrangeiro e de seus interesses particulares, participe de projetos de expansão da malha brasileira de gasodutos. Os gasodutos são parte estratégica da economia nacional, pois redirecionam o produto às instalações que se utilizam do gás, como termelétricas, mas também às distribuidoras responsáveis por repassá-lo encanado às casas das famílias ou aos postos de abastecimento de veículos. Um negócio muito lucrativo servido na bandeja golpista do governo Temer às empresas privadas e imperialistas.
Não obstante, centenas de trabalhadores da Transpetro agora terão seus direitos e condições de trabalho nas mãos dos interesses sempre muito aviltantes do imperialismo, maior patrocinador do golpe que colocou Temer, seu governo privatista e seus ataques aos direitos dos trabalhadores, como a Reforma da Previdência, Trabalhista e a PL 4302, no poder.
Os petroleiros e demais trabalhadores do país não devem ficar calados diante desse grande ataque. Essa importante categoria de trabalhadores, que já fora protagonistas de grandes lutas como em 1995, podem fazer com que os capitalistas paguem pela crise, e não os trabalhadores junto às suas condições de trabalho, direitos e os recursos estratégicos do país. Devemos lutar pela reestatização das empresas privadas, mas de forma que elas sejam administradas democraticamente pelos seus próprios trabalhadores.
A próxima paralisação do dia 28A é fundamental que seja construída em assembleias nos locais de trabalho de cada categoria de trabalhadores, pois eles são capazes, como demonstraram especialmente no 15M, de ser a grande força necessária para parar a produção e, com isso, os ataques de Temer. A despeito da prática rotineira e desarticuladora da CUT e da CTB, essas centrais sindicais têm a responsabilidade de que a construção dessa mobilização aconteça em cada assembleia de cada unidade de trabalhadores, assim como de organizar um verdadeiro plano de lutas que não dê um mês de trégua a Temer e seus ataques à aposentadoria, à CLT e às riquezas nacionais. Através de comandos de mobilização, os trabalhadores devem se organizar para tomar essa luta contra os ataques nas suas mãos, para que ela não fique nas mãos trêmulas e eleitoreiras da CUT e da CTB e uma verdadeira greve geral de trabalhadores efetiva, parando o país até impor a derrota do governo golpista de Temer.
