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GREVE TRABALHADORES UNICAMP | Na UNICAMP, os estudantes devem se ligar aos trabalhadores contra Knobel e França

segunda-feira 11 de junho de 2018 | Edição do dia

A semana que se inicia na Unicamp, marcada por assembleias estudantis, paralisações e atos dos trabalhadores em greve histórica, deve armar um plano de guerra contra os ataques das reitorias das estaduais paulistas, do legado do PSDB, e do atual governador Márcio França, do PSB.

Knobel e França estão contra os trabalhadores e estudantes

No ano passado, por trás do discurso de reitoria “da diversidade” e das cotas, com o qual Knobel buscou se localizar após a forte greve de 2016, as resoluções aprovadas no Conselho Universitário no final do ano, contra os trabalhadores, cortando em 30% a gratificação dos servidores, congelando a contratação de docentes e aumentando o preço do restaurante universitário, sob o argumento da crise orçamentária, demonstram em quem a burocracia acadêmica busca descarregar essa crise, desmascarando toda a demagogia de Knobel. Assim como Temer e os golpistas do Congresso, que votaram a PEC do Teto dos Gastos e a Reforma Trabalhista, na Unicamp, França e Knobel querem aprofundar a precarização do trabalho, da educação e da saúde.

Ao contrário do “Hospital de excelência” que a reitoria busca pintar, em um cenário de caos na saúde de Campinas, pelas mãos de Jonas Donizzete (PSB, partido de Márcio França), que fecha UPAs e entrega os hospitais às OSs e a grandes esquemas de corrupção, as condições de trabalho no HC estão cada vez mais caóticas, ligadas à falta de funcionários, leitos e medicamentos. Junto a isso, institutos como o Instituto de Artes, historicamente precarizado pela reitoria, têm ameaças concretas em cursos como Midialogia de não seguir existindo, pela falta de professores. Os estudantes, que passaram a ter suas bolsas vinculadas a critérios meritocráticos de progressão (CP), ainda não viram a ampliação da moradia estudantil em 600 vagas, como conquistaram na greve de 2016, e seguem sendo punidos por lutarem, com a reitoria se valendo de um estatuto herdeiro da ditadura militar, que rege nossa universidade. A própria falta de funcionários significa para os estudantes que possuem bolsa-trabalho cumprirem funções que seriam de trabalhadores (estes já sobrecarregados), em piores condições e recebendo muito menos. Essa é a Unicamp que Knobel deseja que receba os estudantes que adentrarão por cotas no ano que vem.

É nesse cenário, com perdas salariais de 12,6% nos últimos anos, que o CRUESP (conselho de reitores das estaduais paulistas) está oferecendo apenas 1,5% de reajuste salarial aos trabalhadores da universidade. Ao passo que oferecem menos de 50 reais de reajuste, na Alesp, os políticos votaram na última semana o aumento do teto salarial do funcionalismo público para R$ 31 mil reais, isto é, um aumento em cerca de R$ 8 mil, significando um valor próximo de R$ 1 bi para os cofres públicos. Isso escancara que, enquanto existe crise para a maioria dos trabalhadores que garante o funcionamento de nossas universidades todos os dias, com terceirização nos restaurantes, nos serviços de limpeza e manutenção, sendo o trabalho que a reitoria não reconhece em nossa universidade, e grandes perdas salariais; à minoria que dirige a universidade, que garante seu vínculo com as empresas e quem deve pagar pela crise, apenas privilégios.

Além do mais, para se localizar bem no conflito patronal dos caminhoneiros, a partir das traições do PT e da CUT que permitiram que fosse a direita a capitalizar a indignação popular, França ofereceu parte do orçamento das 3 universidades paulistas aos empresários do transporte e do agronegócio, que agora passam a ter subsídio no diesel com diminuição da arrecadação do ICMS. Assim como Temer, França corta dos direitos sociais para entregar aos patrões do transporte, e quem paga são os trabalhadores. Em sessão do CONSU, o reitor da Unicamp chegou a afirmar que se a data-base fosse após o movimento de caminhoneiros, sua proposta seria diretamente 0%. Não podemos ter dúvida do conteúdo reacionário imposto pela crise dos combustíveis, que agora já têm o seu reflexo na dureza da Reitoria contra a greve.

Nosso DCE é um obstáculo à luta dos estudantes

Assim, mais do que nunca, em uma situação nacional na qual se fortalecem elementos reacionários, os estudantes devem se ligar aos trabalhadores das estaduais paulistas contra os ataques da casta burocrática privilegiada que toma as decisões nas universidades e Márcio França. Para isso, devem ter claro que hoje nossa principal entidade estudantil na Unicamp, o DCE, com a gestão Apenas Alunos, composta pelo grupo Apenas Alunos, que possui membro do MBL, e pela UJS (juventude do PCdoB), é um verdadeiro obstáculo à nossa organização, mostrando cada vez mais sua cara abertamente de direita. Já iniciamos o ano em combate à sua proposta de vincular o financiamento do movimento estudantil a estabelecimentos comerciais de Barão Geraldo, via clube DCE, como imobiliárias e restaurantes, e empresas como o próprio Mc Donald’s. Em seguida, trouxeram como iniciativa para debater saídas à crise nacional o golpista João Amoêdo, do Partido Novo, que de novo nada tem, pois sua máscara liberal tem como fundo o pagamento de mensalidades nas universidades e as privatizações. Por fim, convidaram Flávio Rocha, ex-presidente da Riachuelo, candidato à presidência pelo PRB, acusado de trabalho escravo, para debater a crise nacional com o movimento estudantil - proposta que não foi levada à diante pela revolta que gerou nos estudantes.

Nesse sentido, esse DCE, que passou semanas sem convocar assembleias para discutir a mobilização das estaduais paulistas e o indicativo do Fórum das 6 e que segue sem organizar nenhuma assembleia nos cursos, que nem ao menos esteve presente junto aos estudantes no ato do CRUESP na semana passada, afirmando que o papel mais importante do DCE são as mesas de negociação com a burocracia acadêmica, de costas para os estudantes, tem sido um grande entrave a que pudéssemos nos preparar desde os cursos para nos ligar aos trabalhadores que estão em greve desde o dia 22 na Unicamp. Com isso, desarmaram o movimento estudantil para que se auto-organizar, em aliança com os trabalhadores, para arrancar suas demandas, e estamos pior preparados em um cenário em que a reitoria autoritária e o CRUESP avançam contra os trabalhadores.

Entretanto, setores da esquerda, como Afronte (Resistência), MES (Juntos) e PCB (UJC), que estão em vários centros acadêmicos na Unicamp, afirmam nas assembleias que nós, estudantes, não podemos nos precipitar e que devemos ter cautela, chegando a defender contra dias de paralisação nos Institutos. Essa mesma esquerda que, a nível nacional, apoiou e se colocou a reboque do movimento patronal dos caminhoneiros e que hoje tem nos parlamentares do PSOL, assim como PT e PCdoB, votos favoráveis ao aumento do teto salarial da burocracia acadêmica, não se coloca como alternativa a organizar os estudantes contra as traições do DCE, demonstrando que é preciso nos ligarmos aos trabalhadores ativamente, já que só assim nos enfrentaremos com essa casta privilegiada que decide os rumos da universidade e nos ataca. Nesse sentido, não tem se colocado, assim como no plano nacional, como alternativa à passividade que a UNE e os DCEs, como na USP e na UNICAMP (aqui, no cúmulo de ser diretamente uma aliança com a direita), constroem.

Devemos nos ligar aos trabalhadores contra os ataques da reitoria

Logo, enquanto as assembleias da FE, da Arquitetura, do IEL, da Geografia e da FEF têm demonstrado que mesmo em um cenário difícil, e apesar da imensa traição de nosso DCE, há disposição dos estudantes para nos ligarmos à forte greve de trabalhadores, para assim estarmos mais fortalecidos contra a reitoria, já que, se a greve de trabalhadores arranca conquistas, temos um cenário mais favorável na universidade às nossas pautas, devemos nos apoiar nisso para querer travar esse combate. Temos de ter claro que não será com “argumentos qualificados”, por fora de uma forte luta, que os estudantes podem arrancar suas pautas. São os métodos de paralisação, greve e atos que historicamente garantiram as conquistas dos estudantes. De olhos abertos às dificuldades que já se mostram pela traição e vacilação de nossas entidades, que são as verdadeiras responsáveis para que não tenhamos nos preparado desde o início para fortalecer nossa mobilização, apoiar a greve de trabalhadores, e agora com o fim do semestre avança, devemos construir desde a base uma luta capaz de parar tudo para que sejamos um fator contra a reitoria em nossa universidade e assim possamos fortalecer a greve de trabalhadores.

Só assim, contra as isenções bilionárias às empresas no estado e os subsídios que bancam seus lucros, como no próprio ICMS, arrancaremos mais verbas à educação. Assim como, contra o discurso da crise orçamentária na universidade, que segue sustentando os privilégios de uma alta burocracia, que agora ganhará ainda mais, com o aumento do teto, devemos levantar a abertura das contas da universidade, para que nos mostrem onde está a crise orçamentária, e, por meio de uma estatuinte livre e soberana, contra o estatuto herdeiro da ditadura militar que hoje nos pune, avancemos para o fim da reitoria e a dissolução do Conselho Universitário antidemocrático, cuja composição é uma verdadeira inversão da realidade. Somente com um governo da universidade composto por estudantes e trabalhadores em maioria, de acordo com seu peso real, poderemos batalhar por uma universidade que esteja a serviço da classe trabalhadora e da população pobre, e não das empresas que hoje sugam seu conhecimento.

Os trabalhadores precisam que os estudantes sejam um fator para pesar a favor da greve, contra a intransigência da Reitoria. Precisamos cumprir esse papel. Essa é a perspectiva da Faísca na Unicamp e convidamos todos a debater e construir essas ideias conosco!




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