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GRÉCIA | NÃO ao terrorismo econômico da Troika

Frente ao fracasso da estratégia de Tsipras somente os trabalhadores e a juventude da Grécia podem evitar a catástrofe que se avizinha.

segunda-feira 29 de junho de 2015 | 12:40

Apesar das enormes concessões que Alexis Tsipras e seu governo fizeram nas negociações com os credores do país, renunciando a seu programa eleitoral, a Troika quis ir mais longe. Buscava antes de mais nada fazer pagar politicamente um governo que se atreveu a questionar – ainda que muito debilmente – as políticas de ajuste.

Na segunda-feira 22 de junho o governo grego havia apresentado a seus credores medidas nas quais se comprometia a cortar as aposentadorias, aumentar o imposto sobre valor agregado (IVA), alcançar as metas de superávit primário e continuar o programa de privatizações. Ou seja, ultrapassam todas as denominadas “linhas vermelhas” para favorecer as exigências da Troika.

O plano apresentado por Tsipras na segunda-feira era suficiente para abrir uma crise interna. Provavelmente, a ala esquerda do partido teria votado contra o acordo ou se teria abstido, obrigando Tsipras a ter de apoiar-se nos votos dos deputados de To Potami ou da direita.

Não obstante, não satisfeita com esta capitulação em toda a linha, a Troika quis mais. Deteve-se em pontos de detalhe técnicos prolongando as negociações. Sua intenção não era somente obter uma capitulação do Syriza, mas humilhá-lo politicamente, fazer pagar inclusive sua “insolência” mínima.

Ante esta arrogância imperialista, Tsipras tentou dar um golpe de efeito chamando na madrugada da sexta-feira um referendo.

O efeito que buscava era obrigar o Eurogrupo a continuar as negociações em condições mais favoráveis ante o 30 de junho, data na qual Atenas tem de reembolsar 1,6 bilhões de euros ao FMI.

Frente a esta manobra de Tsipras, a reação do Eurogrupo, sob pressão da linha mais dura encarnada pelo Ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, foi negar qualquer prorrogação do “plano de ajuda” e suspender de maneira unilateral as negociações. Violando suas próprias regras, o Eurogrupo continuou em discussão depois de ter expulsado Yanis Varoufakis, ministro da economia da Grécia.

Por uma alternativa da classe operária ante a catástrofe que nos ameaça

Se o plano de Bruxelas passa, significaria uma humilhação total do país com uma austeridade redobrada. Mas uma saída desordenada da zona do euro com a subsequente desvalorização e um crack econômico teriam consequências catastróficas para a classe operária e os setores populares na Grécia.

Independentemente das condições concretas do default em termos monetários, isto poderia significar uma queda de 50% do PIB do país com consequências dramáticas nas condições de vida das massas, já muito deterioradas depois de anos de recessão.

Segundo enquetes feitas nas últimas semanas, uma maioria da população grega estaria a favor de fazer certas concessões aos credores para ficar no euro. Entretanto, dada a dinâmica que está adquirindo a situação, onde se coloca a questão da “honra nacional” frente a exigências humilhantes, não se pode excluir que as massas se alinhem por trás de Tsipras, ainda que não seja certo.

Nos próximos dias haverá que esperar um verdadeiro terrorismo por parte da imprensa imperialista internacional e, sobretudo, dos mercados e dos capitalistas contra as classes populares da Grécia.

Ante este horizonte desastroso, a única saída progressista consistiria em retomar o caminho das mobilizações dos trabalhadores e da juventude nos bairros, nas escolas, nas universidades, nas oficinas do estado e nas empresas públicas e privadas.

É necessário romper definitivamente com as negociações com a Troika para começar a impor um plano de emergência que comece com o cancelamento de todas as privatizações, a anulação de todos os impostos indiretos à população, impondo impostos ao capital e aos ricos. Junto a isto, a reincorporação de todos os trabalhadores demitidos desde o início da crise; a restauração das perdas salariais e das aposentadorias e a restauração imediata do salário mínimo e dos contratos coletivos.

O controle de capitais e o fechamento dos bancos imposto por Tsipras para frear a fuga de capitas prejudica fundamentalmente os pequenos correntistas, enquanto que os grandes capitais já tiraram seu dinheiro há muito tempo. Há que lutar pela nacionalização completa do sistema bancário, sem indenização, sob controle dos trabalhadores e usuários. Isto seria o contrário de um novo resgate do sistema bancário nas costas da população. Todos os setores estratégicos da economia, em especial as grandes empresas do comércio exterior, deveriam ser expropriadas e colocadas sob controle dos trabalhadores.

É preciso impor a anulação da totalidade da dívida e não somente uma reestruturação que implicaria seguir sob a tutela da Troika.

É importante que os trabalhadores exijam nos locais de trabalho que as direções sindicais se ponham à frente desta luta, assim como o KKE [Partido Comunista Grego, que dirige os principais sindicatos do país] que vem rechaçando toda frente única. Frente à extorsão imperialista é necessário apresentar uma frente única dos setores operários que possa ser uma alternativa à política de conciliação de classes apresentada por Tsipras e pelo governo do Syriza.

A esquerda do Syriza deveria deixar de criar novas ilusões em Tsipras e tirar as consequências do fracasso da estratégia de negociação da austeridade, tal como foi levada a cabo desde a assinatura do acordo de 20 de fevereiro, que significou a continuação das políticas de austeridade, adotadas para “ganhar tempo”. Não só Tsipras e Varoufakis não ganharam tempo algum, mas sua estratégia de negociação teve um efeito desorganizador e desmobilizador sobre os gregos.

Atualmente a situação é altamente instável, sobretudo politicamente falando. A Grécia vive uma situação política de grande instabilidade. Os bancos e a bolsa de valores de Atenas estarão fechados esta segunda-feira, 29 de junho, durante toda a semana.

Não se podem descartar explosões sociais nos próximos dias. E isto pode vir tanto de setores populares da sociedade como dos setores mais conservadores.
Os trabalhadores, a juventude e o conjunto dos oprimidos devem tomar as ruas e organizar a autodefesa frente a eventuais mobilizações reacionárias que queiram impor sua própria agenda.

Frente aos eventos dramáticos que vive o país, quando os olhos dos trabalhadores combativos e da juventude em toda a Europa seguem a situação na Grécia, é hora de mobilizar-se. Frente à tirania econômica e política dos ditados da Troika e o fracasso da estratégia de negociação do Syriza, somente os trabalhadores, a juventude e o conjunto dos explorados e oprimidos podem apresentar uma oposição real à austeridade e à Europa do capital.

A Grécia é um laboratório para a burguesia mas também para os explorados a nível mundial. Nesse sentido, é uma tarefa fundamental que os trabalhadores e a juventude da Europa empreguem a mais ampla solidariedade com as massas da Grécia frente à Troika e seus aliados.




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