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TRIBUNA ABERTA | Muros da Humanidade

Felipe Augusto Ferreira FeijãoEstudante de Filosofia da Faculdade Católica de Fortaleza

quinta-feira 2 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Ao longo da história mundial, o homem se serviu de muros para delimitar territórios com a finalidade de resguardo e proteção. Todavia, a fundamentação enquanto protecionista efetua na motivação de efetivação prática estereotipada em concreto ou semelhante, o efeito sendo resultado da pretensa condição fundamental de necessidade de um muro enquanto interesse político e social.

Nesse sentido, serve de exemplo o possível muro que o presidente dos Estados Unidos deseja construir para separar os EUA do México. Há algumas décadas existia o muro de Berlim, que uma vez tendo caído por terra, deu espaço ao capitalismo liberal. E existe a Muralha da China, monumento histórico, erguido com a finalidade de barrar invasores.

Ora, um muro é algo que nos cerca a todo momento: os muros das casas, os muros da desigualdade, da individualização, do esquecimento do outro que parece não mais existir. Sempre estamos envoltos em muros físicos ou sociais e na maioria das vezes desapercebidamente.

O debate acerca de muros está em alta nos últimos dias devido às polêmicas que os envolve: nos EUA pela gravidade da construção de uma barreira separatista e em São Paulo pela ação de autoritarismo que cobre a arte com a cor cinza. Mesmo sendo distintas, EUA e São Paulo, aparenta residir em ambas condições certas semelhanças.

Em “Arte urbana”, Vera Pallamin afirma que “A arte urbana é uma prática social. Suas obras permitem a apreensão de relações e modos diferenciais de apropriação do espaço urbano, envolvendo em seus propósitos estéticos o trato com significados sociais que as rodeiam, seus modos de tematização cultural e política” [1], o que lança uma visão crítica sobre o fato recente de o colorido dos muros de São Paulo dar lugar agora ao cinza numa atitude que parece desconhecer o respeito e o diálogo para com a expressão artística. O imenso painel a céu aberto, agora fica menos colorido e mais monótono.

Felizmente, em meio ao acontecido na capital paulista, aqui em Fortaleza, um projeto de lei que legitima o grafite como manifestação de arte e regulamente sua produção em espaços públicos e privados da cidade, foi composto pela vereadora Larissa Gaspar (PPL). A torcida pelo estabelecimento da proposta se alia ao anseio artístico e intervencionista urbano que reconhece a relevância de explicitar mensagens e consequentemente incitar a reflexão.

É preciso, indubitavelmente, reconhecer a importância da intervenção artística situada nos espaços de uma cidade e ao invés de reprimir subitamente, estreitar os laços de diálogo, de compreensão e de valorização.




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