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MULHERES NA PANDEMIA | Mulheres potiguares pagam a conta do desemprego e falta de auxílio emergencial na pandemia

Alta no preço dos alimentos, do botijão de gás, tornam ainda mais duras condições de vida das mulheres trabalhadores em meio a pandemia e a crise econômica, as principais afetadas pelas demissões e pela informalização do trabalho, assim como pela falta de auxílio emergencial.

segunda-feira 1º de março de 2021 | Edição do dia

A pandemia trouxe para a superfície as profundas contradições que o capitalismo reserva para a classe trabalhadora e especialmente para as mulheres. Dados do último Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged) revelaram que 99% dos postos de trabalho perdidos pela pandemia em Pernambuco eram ocupadas por mulheres. O cenário se repete entre estados do Sul e Sudeste.

Um exemplo gráfico de como se aproveitam da opressão de gênero para subordinar as mulheres aos postos mais precários e instáveis de trabalho, com mais baixos salários, e sendo as primeiras a serem cortadas para salvar os lucros capitalistas.

Empregadas principalmente no setor de serviços, como comércio (sobretudo informal) e turismo, as mulheres potiguares, sobretudo negras, sentiram o impacto direto das consequências da informalidade em tempos de pandemia. Com escolas e creches fechadas, trabalhadoras da educação também viram seus empregos perdidos. Empregadas domésticas também ficaram sem serviço com a queda da renda das famílias de classe média.

Todas essas mulheres são as mais atingidas pela ausência de qualquer auxílio emergencial, em especial nesse momento de aumento dos combustíveis, que aumenta o preço do gás de cozinha e dos alimentos, correndo ainda mais a renda das famílias.

No RN, teve 52,8% das casas com pelo menos uma pessoa beneficiada pelo auxílio, cerca de 600 mil famílias. Segundo estudo da FGV, 121,6 mil famílias do RN correm o risco da extrema-pobreza desde que o auxílio acabou. 314 mil pessoas do estado vivem com uma renda de R$ 7,6 por dia, mesmo valor do kilo de feijão.

Em reportagem ao Tribuna do Norte, Charlene, faxineira, é moradora de Ocupação Olga Benário na Zona Oeste de Natal, relata que mesmo o auxílio foi insuficiente para sustentar a família. “Não era suficiente pra gente ter nossa casa, comprar móveis, nem nada. Mas dava pra gente almoçar, sabendo que mais tarde teria janta sem a gente se arriscar fazendo bicos e correndo risco de pegar COVID”. Ela e seu marido dividiam os R$ 1200 do auxílio, que depois caiu para R$ 600, para cuidar de três filhos. Hoje a renda da família se limita a cerca de R$ 590 com bicos e o bolsa família.

Esse é um relato dentre muitos que existem de mulheres, mães sobretudo, que são as que mais sentem na pele a decadente situação que os capitalistas criaram com a pandemia. Além das 250 mil mortes no Brasil, fruto em especial da política negacionista de Bolsonaro, os patrões e empresários se sentiram livres e incentivados por sua MP da Morte a demitir e cortar salários. A informalidade, produto da Reforma Trabalhista de Temer, se fez sentir como nunca na vida dessas mulheres. Portanto, essa situação é fruto da política do regime do golpe institucional e de Bolsonaro, que aprofundou os ataques à classe trabalhadora e as mulheres iniciados nos governos do PT.

Fátima Bezerra (PT), governadora do RN, é também responsável pela situação que vivem as mulheres no RN. Ouviu os protestos da Fecomércio e da FIERN quando reabriu a economia e agora com o toque de recolher, que mantem o comércio e as indústrias funcionando. Não tomou nenhuma medida que proibisse demissões e garantisse o pagamento de salários de trabalhadores não essenciais que pudessem ficar em casa.

A única resposta possível para as mulheres na pandemia passa por se enfrentar com os interesses capitalistas, tanto para a garantia de testes e vacinas para todos, com quebra das patentes e estatização dos laboratórios e indústrias químicas sob controle de cientistas e trabalhadores. Mas também proibindo as demissões e a garantia de igualdade salarial entre homens e mulheres, negros e brancos. A garantia de um auxílio sanitário digno de pelo menos R$ 2000 reais, garantidos com a taxação das grandes fortunas, o não pagamento da dívida pública, mas também com a cobrança imediata das dívidas dos empresários com o RN.

Essas são bandeiras para construir uma corrente socialista no movimento feminista que queira se ligar com as trabalhadoras para dar uma resposta profunda a essa crise. Neste sábado, 6 de março, o coletivo de mulheres Pão e Rosas convida todas e todos a participarem de uma plenária nacional para debater a batalha pelo feminismo socialista e marxista para lutar contra o patriarcado e o capitalismo nos tempos de crise e pandemia.

Não percam! Acesse o link e se inscreva: Plenária aberta do Pão e Rosas: por um feminismo socialista




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