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ENCONTRO DE TRABALHADORES NEGROS | Mulher, negra e terceirizada: a realidade de muitas das trabalhadoras da USP

Jenifer TristanEstudante da UFABC

sexta-feira 21 de outubro de 2016 | Edição do dia

Na universidade que ocupa os primeiros lugares nos rankings da América Latina de excelência em ensino e pesquisa, os trabalhadores terceirizados da USP, em sua maioria mulheres em funções de limpeza, são uma parcela imensa do total de trabalhadores da universidade, vivendo condições de trabalho extremamente precárias, com casos frequentes de assédio moral e humilhação: é cada vez mais comum a triste cena de centenas de trabalhadoras da limpeza fazendo reclamações de que seus salários atrasam, as vezes alguns dias, as vezes meses inteiros.

A reitoria e o governo do estado de São Paulo se sentem muito à vontade para submeter as mulheres negras a essa triste situação. Isso porque se apoiam em uma realidade de um país onde as mulheres negras recebem apenas 35% da média salarial de um homem branco e os principais culpados são os patrões, que para manter os altos lucros, preservaram as enormes desigualdades de um país com história escravagista.

Eles querem que a mulher negra continue sendo a ama de leite, a cozinheira e escrava sexual. Os canais de televisão estão cheios de personagens que reforçam esses estereótipos, representando o país com o maior contingente de empregadas domésticas do mundo e com o maior índice de tráfico sexual de mulheres, em sua maioria negras.

É por isso que a luta contra o racismo não pode ser separada da luta contra a opressão sexual e de gênero, pois a combinação de cada opressão dá às mulheres negras a possibilidade de uma realidade de profunda miséria e opressão, mesmo dentro da USP.

Ao contrário de tentar preservar esse triste papel para as mulheres negras, nós revolucionários vemos nas mulheres negras como herdeiras de grandes lutadoras, como Dandara e Aqualtune Palmares, resistentes palmarinas, Luíza Mahin, lutadora da Revolta dos Malês e da Sabinada, Carolina Maria de Jesus, poeta e cronista que denunciou pela primeira vez na literatura brasileira a realidade das mulheres negras.

É em memória a todas essas lutadoras e certas de que novas lutas serão protagonizadas pelas mulheres negras que hoje se vêem oprimidas e silenciadas no trabalho e em casa, que dedicamos esse artigo e nossa incansável luta pela igualdade salarial, pelo fim do tráfico de mulheres e contra todas as formas de racismo, machismo e LGBTfobia.




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