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AMAZONAS | Morte e caos no Amazonas: a política assassina de Wilson Lima, Arthur Virgílio Neto e Bolsonaro

Com o descaso destes governantes, Amazonas registra mais de 800 novos casos de Covid-19 nos últimos dois dias e total de infectados salta para 4.801, sem contar a enorme subnotificação. O cenário é de guerra na capital, com cadáveres em decomposição atraindo urubus sobre as valas comuns das vítimas da COVID-19.

sexta-feira 1º de maio de 2020 | Edição do dia

Segundo projeção divulgada pelo Poder Municipal, o número de enterros na capital do Amazonas pode chegar a 4,2 mil no mês de maio. Em cemitérios como de Tarumã, o cheiro dos cadáveres em decomposição atrai urubus sobre as valas comuns onde as vítimas da COVID-19 estão sendo enterradas. A quantidade de corpos é tamanha que os familiares temem que sejam trocados os cadáveres de seus familiares, e estão tendo que descumprir a orientação de saúde e abrir os caixões para conferir se estão realmente enterrando seus parentes. Essa é tragédia capitalista reservada ao Brasil de Bolsonaro, que tem ainda a capacidade de zombar da situação dizendo que é “Messias mas não faz milagre”.

E não é apenas Bolsonaro que atua de forma negligente frente a essa situação. Governadores como Wilson Lima (PSC), até pouco tempo atrás base aliada do presidente (assim como o “BolsoDoria”), dizem que “estamos lutando contra um inimigo invisível”. Culpam o vírus, culpam a população por não entrar em quarentena (quando sequer garantem condições e um auxílio decente para que possam fazê-lo), culpam as outras tantas doenças tropicais que assolam o Estado do Amazonas já há anos e que se agravam agora com o sistema de saúde colapsado, como se fossem tragédias inevitáveis.

O relatório “Demografia Médica no Brasil”, de 2018, já mostrava que o estado do Amazonas tinha uma taxa de médicos por habitantes menor do que a média nacional, concentrados na capital do estado, Manaus. Enquanto o Brasil tem 2,1 médicos por mil habitantes, o Amazonas possuía em 2018 apenas 1,19 médico por mil habitantes.

Ora, como pode ser então que só agora estes senhores descobriram que o Amazonas precisa de hospitais, médicos, enfermeiros? Não faltaram avisos. No ano passado, os servidores terceirizados da saúde ficaram sem receber de agosto até dezembro, sendo impedidos de irem trabalhar porque não tinham, sequer, dinheiro da passagem de ônibus. Tudo isso agravou a já drástica situação da saúde no estado.

Antes de ser retirado do cargo de secretário da Saúde do Amazonas, Rodrigo Tobias havia reconhecido, em 8 de abril, que a relação de leitos pelo número de habitantes era um "problema histórico":

“Nós não temos leitos de UTI no interior. Quando temos um caso que precise de UTI, a gente traz o paciente de avião para cá. Até agora, a doença atingiu, principalmente, pessoas das classes A e B. Como a gente ainda está na curva ascendente, se o coronavírus pegar as classes menos favorecidas economicamente, onde há residências em que moram muitas pessoas, isso pode ser um grande problema”, disse.

O cenário de total degradação da saúde pública foi gestado já por anos de negligência dos governos. Wilson Lima chegou tarde na “luta contra o inimigo invisível”, e sequer está a travando consequentemente. O Amazonas recebeu apenas 20 respiradores do Governo Federal e o governador comprou mais 28. Além do número absolutamente insuficiente, os aparelhos já foram declarados inadequados (são para apneia do sono e não para UTI), além de superfaturados em 316%! O fato inclusive rendeu pedidos de impeachment do governador e vice, que foram aprovados na Assembleia Legislativa Estadual hoje e seguirão para avaliação dos parlamentares.

Nada de muito diferente se vê na atuação de Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus, cidade com maior número de casos. Na última semana, a Folha noticiou que o prefeito chorou, criticou Bolsonaro e pediu ajuda de Mourão. Pois bem, quantos leitos de UTI conseguiu com isso? Quantas contratações de profissionais? Quantos testes? Mourão lhe deu testes? Nada disso. Mourão e os militares só servem hoje como base de sustentação para o governo falido de Bolsonaro. Escondem-se por detrás da cara de “racionais”, porém são igualmente responsáveis pelas mortes, foram favoráveis à abertura parcial da quarentena em cidades do interior (mesmo sem testes!), e reivindicam a assassina ditadura militar, como deixaram claro no dia 30 de março.

É impressionante a demagogia que estes governantes chegam a fazer para que não comprometam seus cargos, mas não nos deixemos enganar por essas lágrimas de crocodilo. Uma saída consequente para esta crise sanitária não partirá de figuras como estas. É por isso que mais do que nunca é preciso que a classe trabalhadora entre em cena. Isso já tem sido visto em diversas cidades pelo país. Mesmo em Manaus, funcionários do Hospital 28 de Agosto fecharam trânsito em protesto contra falta de equipamentos nesta segunda. Após isso, um grupo de 13 profissionais de saúde, entre enfermeiros e técnicos em enfermagem que participaram da ação, foi transferido para outras unidades sem nenhum motivo aparente, como retaliação ao protesto.

“Nós fizemos a manifestação e vamos fazer quantas forem preciso, porque o nosso objetivo maior é dar condições de trabalho para todo mundo da equipe, e dar uma assistência de qualidade para o paciente. Nós é que estamos lá e somos a família dos pacientes nesse momento”, disse a enfermeira à Globo.

O 1º de maio deste ano precisa refletir a luta desses guerreiros da saúde. É um completo absurdo que as centrais sindicais digam que é “impossível se mobilizar na quarentena”, e dêem como saída se aliar e confiar em Maia, nos governadores e no STF, golpistas como Doria, Witzel e até mesmo Mourão, que também são responsáveis pelas mortes, desemprego, miséria e por esse regime político cada vez mais autoritário. Há centenas de trabalhadores se mobilizando, mesmo sem ajuda dessas centrais, mostrando que é sim possível lutar.

A CUT, CTB deveriam mover seus enormes sindicatos para unificar essas lutas, para garantir testes massivos já e a disposição de todos os leitos privados para um sistema de saúde público único. Partidos e centrais sindicais de esquerda, como a Conlutas e Intersindical, precisam criar um polo antiburocrático com um programa de independência de classe para fortalecer a luta de todos esses trabalhadores, por um Fora Bolsonaro e Mourão.

Essa luta é necessária para que os trabalhadores decidam o que fazer frente a essa democracia degradada, e batalhem para mudar as MPs da morte, leis de teto de gastos, e tudo o que os ataca hoje através de uma assembleia constituinte, livre e soberana, como deputados votados e revogáveis para derrubar as MPs da morte e impor as leis que precisamos nesse momento.




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