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LEIS AGRÍCOLAS NA ÍNDIA | Morrem dezenas de agricultores em protestos na Índia

Segundo dados oficiais ao menos 25 manifestantes foram mortos nas três semanas de protestos, enquanto o primeiro ministro, Narendra Modi, oferece “muito humildemente” manter mais conversas para romper a estagnação.

sábado 19 de dezembro de 2020 | Edição do dia

Ao menos 25 pessoas morreram, várias delas devido ao frio extremo, durante as três semanas de protestos dos agricultores e agricultoras nas fronteiras da capital indiana, disse a polícia, enquanto o primeiro ministro Narendra Modi oferece “muito humildemente” manter mais conversas com os agricultores em protesto.

O líder campesino Darshan Pal disse a Al Jazeera que “o número de mortos poderia chegar a 35”. Disse que morreram na luta contra as “leis negras [agrícolas]” que erodiram suas rendas e ajudaram somente as grandes corporações.

Ao menos cinco agricultores morreram em acidentes quando se encaminhavam para unir-se aos protestos, disse Ashutosh Mishra, porta voz do Comitê de Coordenação do “All India Kisan Sangharsh”.

Os agricultores, muitos deles em seus sessenta anos ou mais, têm desafiado o duro inverno do norte da Índia para acampar ao ar livre com seus tratores e reboques estacionados frente à frente.

As ondas de frio que atingem o norte da Índia com temperaturas que despencam a três ou quatro graus pela noite tem piorado a situação, disse Mishra.

Modi “Humildemente disposto a falar”

Dezenas de milhares de agricultores, em sua maioria de Punjab e Haryana, estão estacionados em várias estradas nas fronteiras de Nova Delhi desde o final de novembro, para exigir a revogação das novas leis destinadas a flexibilizar as normas que regem sobre preços, armazenamento e comercialização de cultivos.

Os agricultores advertem que as empresas privadas se beneficiarão e ditarão as condições para a atividade agropecuária. E temem que o governo deixe de comprar deles grãos como o trigo e o arroz a um preço mínimo garantido.

Modi defendeu na sexta-feira as leis e convidou os agricultores que protestavam a seguirem as conversas e negociações, ainda que várias negociações não foram capazes de romper com o enfrentamento.

Após uma série de reuniões prévias com os ministros de Modi, os manifestantes disseram que somente a anulação das três leis poderá fazer mudarem de posição.

Na sexta-feira, em declarações aos agricultores do maior estado produtor de trigo do país, Madhya Pradesh, Modi disse que “Não deveria haver motivo para preocupação” e repetiu a posição do governo de que os agricultores teriam um preço assegurado.

“As modernas instalações disponíveis para os agricultores das principais nações também deveriam estar disponíveis para os da Índia, não se pode mais adiar”, disse ele.

“Ainda assim, se alguém tem alguma apreensão, e segundo os interesses dos agricultores do país e para abordar suas preocupações, estamos muito humildemente dispostos a conversas sobre todos os temas”.

Rakesh Tikait, um líder campesino, disse depois do discurso de Modi que o primeiro ministro estava tratando de privatizar a agricultura para beneficiar as empresas e não os agricultores.

Um grande conflito operário

O governo de Modi tem desenvolvido um forte perfil nacionalista, xenófobo e racista contra os muçulmanos, paquistaneses e, também aproveitando o confronto com a China, para tentar consolidar uma unidade nacional reacionária para avançar em ataques aos trabalhadores. Modi aproveitou a pandemia para avançar em planos de liberalização do campo e com leis trabalhistas de caráter neoliberal. O coronavírus por sua vez golpeou fortemente a Índia, localizando o país como segundo a nível mundial em quantidade de casos e de mortes.

As explosivas manifestações mostram a dificuldade que enfrenta o governo indiano para aprovar reformas econômicas em um setor onde há enormes interesses capitalistas. Também é um exemplo de uma tendência emergente onde o governo do primeiro ministro Narendra Modi se meteu em problemas após aprovar leis importantes de forma unilateral.

A manifestação de agricultores e agricultoras contra as novas leis agrícolas se converteram em um conflito operário de grande magnitude contra o governo de Narendra Modi, dando continuidade a maior greve do mundo que paralisou a produção de 250 milhões de trabalhadores.




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