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AUTORITARISMO JUDICIÁRIO | Moro vai à Espanha defender Bolsonaro e seu gabinete amigo de torturadores

terça-feira 4 de dezembro de 2018 | Edição do dia

Foto: Reprodução/YouTube

O ex-juiz Sérgio Moro e futuro Ministro da Justiça do governo Bolsonaro foi à Espanha para participar de uma palestra realizada ontem. Seu único propósito na palestra foi lavar a cara de Bolsonaro, visto no exterior por aquilo que de fato é, uma figura autoritária com um discurso contra minorias.

"É até estranho dizer isso, mas não vislumbro no presidente eleito um risco de autoritarismo ou risco à democracia. Não se está aqui simplesmente trocando uma posição ideológica autoritária por uma posição autoritária de sentido contrário. O presidente eleito durante as eleições, reiteradamente, fez afirmações acerca do seu compromisso com a democracia e com o Estado de direito", afirmou Moro.

Moro, de forma seletiva, como é habitual, aliás, se esquece das inúmeras declarações de Bolsonaro reivindicando a Ditadura Militar e fazendo apologia a tortura e em defesa de seu grande herói o famigerado torturador Brilhante Ustra. A crescente politização das Forças Armadas no governo Bolsonaro significará um gabinete composto por mais militares do que os governos de Geisel ou Médici.

Isso para focarmos apenas na figura de Bolsonaro. Se considerarmos os personagens próximos a ele, ou que farão parte de seu gabinete, teremos diversos outros exemplos de pessoas que consideram o Golpe Militar de 1964 como uma Revolução e o repressivo período da Ditadura como um necessário contramovimento em oposição aos comunistas.

Só para citar alguns exemplos, poderíamos falar de seu vice General Mourão, que defende a possibilidade de autogolpe, e seu filho Eduardo Bolsonaro, que chegou a ameaçar o STF, dizendo que seu fechamento seria muito fácil, bastando "um soldado e um cabo".

Não contente em lavar a cara de Bolsonaro em relação ao autoritarismo, Moro também buscou isentá-lo da pecha de machista, racista e homofóbico:

"É estranho um pouco dizer isso, mas, já que existe uma imagem distorcida em relação ao presidente eleito, eu jamais aceitaria uma posição no governo se vislumbrasse também qualquer risco de discriminação de minorias", acrescentou.

Mesmo tendo conhecimento das inúmeras declarações de Bolsonaro contra as minorias, pelas quais ele chegou até se tornar réu no STF por injúria e incitação ao estupro, devido a suas declarações contra a deputada Maria do Rosário (PT-RS).

Diante de todo esse histórico, ainda sim Moro busca legitimar o governo Bolsonaro, como já o fez também em relação à corrupção, quando disse que não havia problema o futuro Ministro da Casa Civil ter confessado crime de caixa 2 pois Onyz Lorenzoni depois pediu desculpa.

Assim como, aqui no Brasil Moro é o espantalho de Bolsonaro para ajudar a afastar a pecha de corrupto de seu governo, mesmo a maioria de seu gabinete ministerial estando envolvido em denúncias, no exterior o papel de Moro parece ser parecido, legitimar um governo herdeiro da Ditadura e que promete aprofundar o autoritarismo.

Não falou nada sobre a prisão arbitrária de Lula, e das múltiplas operações de manipulação do judiciário para beneficiar a extrema direita: diga-se de passagem, Bolsonaro recompensou os serviços prestados por Moro presenteando-o com a pasta da Justiça e da Segurança Pública, levando seus métodos autoritários ao Executivo.

Repudiamos o cinismo de Moro e de sua Operação Lava Jato, uma operação pró-imperialista que busca entregar às petroleiras estrangeiras os poços do Pré-Sal, e substituir um esquema de corrupção com a cara do PT por um esquema com o rosto da direita.

Exigimos a liberdade imediata de Lula (sem qualquer apoio à política do PT), no marco de um combate ao autoritarismo judiciário. Contra essa democracia manipulada por juízes politicamente interessados, em defesa de uma democracia dos trabalhadores que rompa com o capitalismo, é preciso defender que os juízes sejam eleitos pelo povo, revogáveis a qualquer momento e recebam o mesmo salário de uma professora, abolindo suas verbas auxiliares (como o grotesco auxílio-moradia).

Para acabar com a farra de empresários e políticos corruptos, que atinge todos os partidos dominantes, todos os julgamentos por corrupção devem ser realizados por júris populares, abolindo os tribunais superiores.

Este programa de ataque aos privilégios do regime e da oligarquia de juízes deve estar ligado a pontos que enfrentem a crise econômica gerada pelos empresários: é necessário impor o não pagamento da dívida pública e a nacionalização dos bancos, do comércio exterior e dos recursos estratégicos da economia sob controle dos trabalhadores, para combater seriamente a queda do salário, o aumento da pobreza e a situação de falta de emprego para 25 milhões de pessoas.

Combater Moro e Bolsonaro passa por fazer com que os capitalistas paguem pela crise.




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