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Moro indefere perguntas incômodas feitas por Eduardo Cunha a Temer

segunda-feira 28 de novembro de 2016 | Edição do dia

O juiz Sergio Moro indeferiu, na manhã desta segunda, 21 de um total de 41 perguntas feitas por escrito pelo ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a Michel Temer. Das 21 perguntas proibidas pelo juiz da Lava Jato, 13 foram consideradas “inapropriadas” por Moro.

O presidente golpista é testemunha de defesa de Cunha. Ele responderá aos questionamentos também por escrito.

Uma das preocupações do chefe da reacionária Lava Jato é a citação a autoridades com prerrogativa de foro privilegiado – caso do presidente da República. A menção a pessoas nessas condições em processo de primeiro grau judicial pode levar até à anulação do caso ou provocar o deslocamento dos autos, prejudicando a vitrine da Operação. Na semana passada, Moro questionou também perguntas relativas a Lula.

Temer enfrenta vários reveses ao mesmo tempo. Perdeu 2 ministros em novembro (Marcelo Calero, da Cultura, e Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo). Calero ainda disse ter registrado em áudio conversas telefônicas com integrantes do alto escalão do governo, como Eliseu Padilha (Casa Civil) além de um diálogo com Temer. Enquanto isso, a economia continua dando sinais de forte recessão. E em breve haverá os vazamentos de conteúdo de delações de mais de 70 executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito da Lava Jato.

Cunha chega a perguntar se Temer recebeu Jorge Zelada, ex-diretor da Petrobras envolvido em corrupção, em sua própria residência, em São Paulo, e se teve conhecimento de reunião de fornecedores da Petrobras também em seu próprio escritório, em São Paulo, "com vistas à doação de campanha para as eleições de 2010".

Em outra questão, pergunta qual é a relação do presidente "com o sr. José Yunes", um dos melhores amigos de Temer, e se ele "recebeu alguma contribuição de campanha" para alguma eleição de Temer.

O ex-presidente da Câmara, abandonado por seus pares e inclusive pelo PMDB, questiona ainda se Temer "indicou o nome do sr. Wellington Moreira Franco para a vice-presidência do Fundo de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal".

Moro afirmou em seu despacho que as perguntas de Cunha mereciam "censura", já que "não há qualquer notícia do envolvimento do Exmo. Sr. Presidente da República nos crimes que constituem objeto desta ação penal".

Afirmou também que qualquer denúncia envolvendo Temer deve ser investigada no STF (Supremo Tribunal Federal), e não em Curitiba, já que o presidente tem foro privilegiado.

"Não tem ainda este Juízo competência para a realização, direta ou indiretamente, de investigações em relação ao Exmo. Sr. Presidente da República", concluiu o juiz.

A preocupação com a vitrine da Lava Jato, para que os autos não sejam anulados, poderia estar mesclada com a preocupação em desacelerar a crise no Palácio do Planalto, uma "preservação" que não exclui o caminho no qual o TSE de Gilmar Mendes (que troca farpas constantes com Moro) possa julgar a chapa Dilma-Temer.




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