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CRISE NO RIO GRANDE DO SUL | Mobilizações contra os atrasos de salário do funcionalismo gaúcho

Em resposta ao anúncio de que parcelará, uma e até duas vezes durante o mês de agosto, o salário de julho de 48% dos servidores estaduais, diversas categorias de trabalhadores do funcionalismo público estadual se manifestaram e paralisaram nesta segunda-feira, dia 04/08.

quarta-feira 5 de agosto de 2015 | 00:00

Os 156 mil professores estaduais, representados pelo Cpers-Sindicato, aprovaram a paralisação na segunda-feira, a maioria das escolas amanheceu fechada. Até o dia 18 de agosto, quando está sendo convocada uma assembleia conjunta dos servidores estaduais gaúchos para decidir pela greve e outras medidas, os professores farão turno reduzido, diminuindo de um ou dois períodos, o que equivale a 25% do horário de aula.

No Colégio Estadual Julio de Castilhos, no Bairro Farroupilha, os estudantes do Grêmio Estudantil estenderam uma faixa na frente da instituição em apoio à paralisação, de acordo com Yâmena Moraes “a escola teve verbas cortadas pelo Estado, não temos nem papel higiênico nos banheiros. O corte dos salários é mais uma etapa desta desvalorização da educação”.

Os setores que mais se mobilizaram foram os serviços públicos estaduais. A Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado (Fessergs), que congrega sindicatos de diversas categorias, não só convocou a paralisação na segunda-feira como realizaram uma manifestação no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), bloqueando a entrada do prédio.

Em Soledade e em Guaíba, o dia amanheceu com rodovias interditadas pela queima de pneus. Nas rodovias federais foram cinco pontos de manifestações: na BR-116, em Estância Velha; na BR-470, entre Bom Princípio e Carlos Barbosa; na BR-448, em Sapucaia do Sul; na BR-471, nos quilômetros 675 e 666; e na BR-392, em Santa Vitória do Palmar. Já na Região Central, houve registro de bloqueio na BR-158 entre Rosário do Sul e Santana do Livramento, na BR-290 entre Rosário do Sul e Alegrete e na BR-287, em São Pedro do Sul.

Além dos trabalhadores servidores públicos, familiares de policiais protestaram em frente ao 9º Batalhão da Brigada Militar impedindo a saída das viaturas. De acordo com Isaac Ortiz, presidente do Sindicato dos escrivães, inspetores e investigadores de polícia (UGEIRM), até o dia 18, os policiais civis estarão “em operação-padrão, [os casos] vão ser atendidos dentro das condições que o policial vai ter para atender aquela ocorrência, com um pouco de morosidade”. Os assalariados das polícias, que diariamente são utilizados para reprimir os trabalhadores e os pobres estão, até o momento na mobilização, mas como já aconteceu em outros estados e provável, que os governos resolvam sua situação primeiro para poder utilizá-lo como sempre o fazem, para repressão, justamente do restante do funcionalismo que está protestando por seus direitos.

Alegando falta de segurança, os ônibus da empresa pública Carris, a mais importante da cidade de Porto Alegre, não circularam durante toda a manhã. Os rodoviários se concentraram desde a madrugada em frente à sede da empresa e as garagens permaneceram trancadas. A companhia transporta cerca de 250 mil passageiros por dia e é responsável por 22% de todo o serviço na capital gaúcha.

Nessa mesma linha seguiram os bancos e parte do comércio de algumas cidades gaúchas. No caso das agências bancárias, uma ação judicial proposta pelo Sindicato dos Bancários e pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras conseguiu que a Justiça do Trabalho determinasse o fechamento dos bancos nessa segunda-feira, na falta de policiamento adequado.

Com uma dívida de exatos 61,9 bilhões com o governo federal, ao final do dia o Governador Sartori (PMDB) se reuniu com representantes do Judiciário, Tribunal de Contas, Legislativo e Ministério Público para tratar da crise gaúcha, que já tem seus próximos episódios.

O primeiro está marcado para sexta-feira, quando o governo apresentará o pacote de ajuste fiscal à Assembleia, que pode conter novos parcelamentos, privatizações, aumento de impostos e outras medidas contra os trabalhadores. O segundo, para dia 18/08, quando os servidores públicos estaduais farão uma assembleia conjunta para discutir uma possível greve contra os ajustes do governo.




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