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MINISTRA VOLTA A FALAR SOBRE SEUS PRIVILÉGIOS | Ministra que comparou seu trabalho à escravidão afirma: “tenho que me vestir com dignidade”

quinta-feira 2 de novembro de 2017 | Edição do dia

Depois de ser criticada por sua absurda comparação de seus imensos privilégios com a condição de escravidão, a ministra Luislinda Valois, que ocupa a pasta de Direitos Humanos de Temer, voltou a reafirmar a comparação absurda.

Ela disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que o seu cargo exige "maquiagem" e se "vestir com dignidade", o que lhe traz custos extras. Ela insistiu na comparação com a escravidão e sua situação pessoal dizendo: “Todo mundo sabe que quem trabalha sem receber é escravo”.

Mas a ministra recebe um salário muito além dos sonhos de qualquer trabalhador do país. Aliás, ela recebe o máximo permitido pela lei para um servidor público: R$ 33,7 mil. Dessa quantia, R$ 30.471,10 equivalem a sua aposentadoria como desembargadora. O restante para atingir o teto, R$ 3.292, vem de seu salário de ministra. Assim, podemos pensar que o "sem receber" se refere a essa parcela de seus vencimentos, que já é em si muito maior do que a de praticamente toda a classe trabalhadora brasileira. Isso sem falar nas inúmeras regalias concedidas a ministros.

Na entrevista, ela afirma: "Eu trabalhei mais de meio século pagando todas as minhas contribuições previdenciárias. Até porque já vinha no meu contracheque descontado exatamente para obter, como todo brasileiro, a minha aposentadoria no momento oportuno. Eu contribui para a Previdência. Esse dinheiro é meu, garantido pela Constituição da República Federativa do Brasil."

É de uma hipocrisia absurda afirmar ser merecedora de sua aposentadoria de dezenas de milhares de reais enquanto Valois trabalha para o governo que quer acabar com as aposentadorias já extremamente baixas dos trabalhadores brasileiros, e obrigá-los a trabalhar até a morte. Ainda, cinicamente, diz ao entrevistador: "O governo não tem que dar boa vida a ninguém, de maneira nenhuma." E reclama do condomínio de R$ 1.600 do apartamento funcional em que vive, a que tem direito por ser ministra.

Sobre a repercussão de sua comparação ao trabalho escravo, ela ainda disse: "porque que as pessoas se apegaram somente a isso? Isso é que eu não entendi". Sim, é difícil mesmo entender porque em meio às tentativas de aprovar a legalização do trabalho escravo, à destruição de direitos trabalhistas, da aposentadoria, da regulamentação da terceirização, a população brasileira que está sendo atacada pelo governo ao qual Valois pertence se apegue a esse "detalhe". Ela, do alto de seus privilégios, zomba de todos os trabalhadores ao fazer essa absurda comparação. E, particularmente, aos tantos que hoje no Brasil, com a conivência desse governo, estão em situação de escravidão.

O ridículo de suas afirmações continua, mesmo diante da insistência do entrevistador sobre o "exagero" (e olhe que se trata aqui de um jornal como O Estadão, ferrenho defensor das reformas de Temer). Ao ser questionada se continuaria no cargo se o pedido fosse negado, Valois afirma: "Eu continuo porque eu sou brasileira. Para mim dinheiro não é tudo. Eu continuo sobrevivendo."

veja também: Em nota, ministra de Temer que reclamou de “trabalho escravo” desiste de salário de R$ 60 mil




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