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ARTE E CULTURA | Minicurso: Trotski, Literatura e Revolução na UFCG

terça-feira 26 de julho de 2016 | Edição do dia

Nos dias 02 e 03 de agosto, no auditório do Centro de Humanidades da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), acontecerá um minicurso organizado pelo Esquerda Diário, sobre “Trotski: Literatura & Revolução”, ministrado pelo Prof. Romero Venâncio da Universidade Federal do Sergipe (UFS), com objetivo de “entrar no debate contemporâneo da crítica de arte a partir da tradição marxista” e “demonstrar como Trotski é ainda atual nesse debate estético e político em dias atuais”, nas palavras do próprio Romero.

O curso tem por público a comunidade universitária em geral, sendo de interesse das mais variadas áreas do conhecimento, como também a comunidade não-acadêmica, dado o seu caráter de extensão e político. As inscrições para o curso podem ser feitas através do seguinte link: https://goo.gl/Nev1a0

O professor Romero destaca que “Trotski escreveu os ensaios entre 1922 e 1923 numa tentativa de consolidar uma posição revolucionária no campo das artes numa União Soviética que tentativa consolidar sua revolução. Setores revolucionários nas artes do Estado Socialista estavam todas em plenos debates políticos radicais. A obra de Trotski não faz mera “apologia das vanguardas russas” e nem reforça a tese de “literatura proletária”. Na linha de Lenin e Eisenstein, fazia-se necessário dialogar com a “tradição” e “dinamizar” as novas forças revolucionárias sem cair naquilo que o estalinismo futuro fará com as artes ao definir como única forma de arte o “realismo socialista”. Trotski tomara outro caminho.”

Em Literatura e Revolução, Trotski destaca que “o Partido dirige o proletariado, não os processos da história [...] a arte não é um domínio que se chame o Partido a comandar. Ele pode e deve protegê-la, estimulá-la e só indiretamente dirigi-la. Deve conceder sua confiança aos grupos que aspiram sinceramente a aproximar-se da Revolução e encorajar sua formulação artística. Não pode, em hipótese alguma, colocar-se na posição de um círculo literário e competir com outros. Não pode e não deve […] O Partido defende os interesses históricos da classe operária no seu conjunto. Prepara o terreno, passo a passo, para a nova cultura, a nova arte”.

Tendo apresentado a posição do partido em relação a arte, em muitos momentos da leitura dos textos que compõe o livro fica evidente que Trotski esperava um futuro de longa prosperidade nas artes e cultura, de modo que “no desenvolvimento da nova sociedade decerto chegará um momento em que a economia, a edificação cultural e a arte terão maior liberdade de movimento para avançar. Quanto ao ritmo desse movimento, agora só o podemos imaginar. A sociedade futura irá se descartar da áspera e embrutecedora preocupação do pão de cada dia […] Todas as crianças serão fortes, alegres, bem alimentadas e absorverão os elementos fundamentais da ciência e da arte, como a albumina, o ar e o calor do sol.

Mesmo que mais de 90 anos nos separe da escrita de Literatura e Revolução, a máxima de que “o proletariado só chega ao poder completamente equipado com a necessidade aguda de conquistar a cultura” como nos diz Trotski ainda é completamente atual, nesse sentido seu estudo é fundamental para se colocar no debate estético e político em dias atuais, numa perspectiva marxista.

É também interesse do minicurso, como coloca Romero Venâncio, “divulgar o Jornal Esquerda Diário aqui no Nordeste como importante ferramenta de formação cultura e política. Entendendo ser de grande importância o debate sobre uma arte política e de base marxista. Nos dias atuais, a hegemonia no campo do debate estética entre nós está muito marcado por teorias pós-modernas (geralmente de direita e academicista), queremos entrar nesse debate a partir da tradição trotskista que acumulou uma experiência não-estalinista de concepção estética e que ajudou demais da presença marxista nesse campo estético mundial”.

O conteúdo programático para o curso será:
I. Trotski e a crítica literária russa: entre a vanguarda e a tradição
II. O futurismo, os formalistas e a arte proletária: as sutilezas da crítica de Trotski ou de como não ser estalinista
III. "Maiakovski não era só o cantor, mas também vitima de uma época de crise" - Trostski e o suicídio em arte.

A bibliografia básica recomendada, para quem vá participar, ou tenha interesse em se aprofunda da temática:

TROTSKI, Leon. Literatura e Revolução. Rio de Janeiro: Zahar editora, 2007. <<https://goo.gl/dFYLcX> >

CAMPOS, José Roberto. O que Trotskismo. São Paulo: Brasiliense, 1981.

CAMPOS, Haroldo; CAMPOS, Augusto e SCHNAIDERMAN, Boris (Tradutores). Nova Antologia. Poesia Rusa moderna. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001. <<https://goo.gl/kCvFU9> >

EIKHENBAUM; CHKLOVSKI; JACOBSON; et. al. Teoria da Literatura: Formalistas Russos. Porto Alegre: Editora Globo, 1970. <<https://goo.gl/6OmNyA> >

GOMIDE, Bruno Barretto (org.). Antologia do pensamento crítico russo (1802-1901). São Paulo: Editora 34, 2013.

PEIXOTO, Fernando. Maiakovski. Vida e obra. São Paulo: Paz e Terra, 1978.

Para quem tenha interesse em se escrever, as inscrições podem ser realizadas preenchendo o seguinte formulário: https://goo.gl/Nev1a0


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