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ELEIÇÕES RIO | Militarização e irregularidades marcam eleições na Baixada

Maioria dos municípios não terá segundo turno, exceto Duque de Caxias. No entanto, Nova Iguaçu, Belford Roxo e Itaguai aguardam decisão do Tribunal Regional Eleitoral para decidir resultado das urnas. Em Queimados, Polícia Federal investiga esquema de fraude eleitoral envolvendo funcionário do TRE.

quinta-feira 6 de outubro de 2016 | Edição do dia

Disputada entre milícia e o tráfico, a Baixada Fluminense teve eleições com a presença de tropas do exército. Desde 2015 foram 14 candidatos mortos e políticos, crimes que não necessariamente se relacionam diretamente com disputas políticas. Regiões controladas pelo tráfico ou milícias cobrando pedágio para os candidatos fazerem campanha, uma forma moderna de se tentar reproduzir o voto de cabresto, em que os capangas de grandes políticos da região controlam o resultado das eleições.

Na Baixada, mais descaradamente vive a herança coronelista da política brasileira até hoje, para dar um uma “fachada” de ordem, tropas do exército e blindados dividiam as ruas com os milhares de santinhos, na região aonde mais cresce a taxa de homicídios no Rio e 3% (110 mil pessoas) de sua população vive abaixo da linha da pobreza com uma renda mensal de R$ 70. Em Belford Roxo, Queimados e Japeri, a renda média é abaixo do salário mínimo (R$788), e Magé com R$ 799 de renda média.

Um esquema armado de uma casta de políticos-coronéis, que se beneficiam com a renda do tráfico, da milícia e do jogo do bicho, continuadores do homem da capa preta no século XXI, que seguem impondo sua ditadura na bala.

Em três municípios, resultado depende de decisão do TSE

Com 628 mil eleitores, Duque de Caxias é o maior colégio eleitoral da Baixada Fluminense e terceiro maior do estado, e irá ao segundo turno nas eleições para prefeito. Washington Reis (PMDB), que havia concorrido em 2012 e perdido no segundo turno para Alexandre Cardoso (PSB), vai ao segundo turno este ano. Reis foi com 149.782 votos, 35,7% dos votos válidos, e o PSB em sua coligação, contra 87.643 (20,9%) de Dica (PTN). Os segundo e terceiro colocados empataram, Aureo (Solidariedade) com 84.220 (20,1%) e Zito (PP) com 84.164. De 2012 para cá, as abstenções aumentaram, de 100 para 118 mil e os nulos mais do que dobraram, de 31 para 65 mil.

Nova Iguaçu, outro grande colégio eleitoral com 583 mil eleitores, aguarda decisão do TSE sobre o recurso para deferimento (aceitação) da candidatura de Rogério Lisboa (PR), para definir o resultado das eleições. Devido à situação jurídica do candidato, os votos de Lisboa foram computados à parte, caso seja deferida a candidatura, o político será o mais votado (157 mil) e irá para o segundo turno contra Nelson Bornier (PMDB) que concorre à re-eleição e teve 131 mil votos. Foram 64 mil nulos e 117 abstenções neste ano, contra os 40 mil nulos e 99 mil abstenções de 2012.

Belford Roxo também se encontra na mesma situação. Com 328.777 eleitores, a cidade aguarda decisão sobre a situação jurídica do segundo colocado. Caso a candidatura seja deferida, haverá segundo turno, entre Deodalto (DEM) que teve 65.955 votos contra 102.777 de Waguinho (PMDB). Esta não é a única indefinição em Belford Roxo, porque três dias antes das eleições, foi decretado estado de calamidade pública no município, pelo prefeito Dennis Dauttamam do PCdoB. Dauttmam desistiu de concorrer à re-eleição no início deste ano, e o PC do B não lançou candidato nem participou de nenhuma coligação. De 2012 para 2016, os nulos em Belford Roxo aumentaram de 20 mil para 36 mil, e as abstenções de 52 para 64 mil.

O terceiro município da Baixada a se definir pelo TSE é Itaguaí, com 89.731 eleitores, Charlinho (PMDB) obteve 27.913 votos, que como nos outros dois municípios, foram contados à parte e aguardam decisão do TSE. Charlinho já foi prefeito de Mangaratiba e Itaguaí, a as irregularidades entregues pelo TCU a Justiça Eleitoral seriam de um convênio firmado entre a prefeitura de Mangaratiba e o Ministério da Integração Nacional. Ele é o candidato a prefeito mais rico da Baixada Fluminense: declarou patrimônio de R$ 26 milhões, uma evolução de 550% desde a sua última eleição (2008), quando externou ter R$ 4 milhões em bens.

Maioria dos municípios da Baixada não terá segundo turno

São João de Meriti (368 mil eleitores), Magé (178 mil), Mesquita (137 mil), Nilópolis (133 mil), Queimados (113 mil), Japeri (73 mil), Seropédica (55 mil) e Guapemirim (40 mil) elegeram prefeitos no primeiro turno.

Dr. João (PR) em São João com 115 mil votos, Rafael Tubarão (PPS) em Magé com 81 mil votos, Jorge Miranda (PSDB) em Mesquita com 46 mil, Farid Abrão (PTB) em Nilópolis com 60 mil, Vilela (PMDB) em Queimados com 43 mil. Em Japeria, quem ganhou foi Carlos Moraes do PP, com 23 mil votos; Anabal do PDT ganhou em Seropédica com 24 mil votos, e Zelito Tringuele (PDT) se elegeu com 11 mil votos em Guapimirim. Dos 1.066.881 de eleitores nos municípios citados acima, 211.023 se abstiveram de participar do processo eleitoral.

Em Magé é re-eleição, em Queimados o prefeito eleito é do partido do anterior. Em Mesquita o prefeito Gelsinho Ribeiro (PRB) tentou re-eleição e perdeu. Em seguida, exonerou todos seus cargos comissionados deixando apenas os sub-secretários. São João do Meriti mudou para o partido de oposição, o atual prefeito Sandro Matos (PHS) não podia concorrer por já exercer segundo mandato, e se preparou para isso fechando uma licitação de 30 anos no valor de 1,7 bilhão para concessão de serviços de limpeza urbana, e uma parceria púplico privada de 25 anos para iluminação da cidade (custou 1,5 milhão). Nilópolis também alternou para o partido de oposição ao atual prefeito Alessandro Calanzans (PMN), que apesar de acusado por impobridade administrativa em favorecimento do Bicheiro Carlos Cachoeira, seguiu o mandato e ainda tentou se re-eleger. Carlos Moraes, eleito em Japeri, já havia sido prefeito em 93 e em 90.




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