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28A EM MARÍLIA | Mídia distorce informação sobre acidente visando criminalizar protesto em rodovia contra as Reformas

G1 da Globo e outros canais de comunicação utilizaram o fato de ter ocorrido um acidente na rodovia a quilômetros de distância do protesto, para distorcer a informação como se o acidente tivesse tido uma relação direta com o protesto – o que não é verdade - com a clara intenção de criminalizar essa legitima manifestação dos trabalhadores e estudantes contra as Reformas.

domingo 30 de abril de 2017 | Edição do dia

Ontem na cidade de Marília ocorreu uma importante mobilização contra as Reformas da Previdência e Trabalhista como noticiamos aqui. Cerca de 90% das escolas públicas estaduais paralisaram, os ônibus paralisaram 2 horas pela manhã e houve um ato com mais de 500 pessoas no centro da cidade que em seguida seguiu com boa parte das pessoas até a rodovia para continuar o protesto. Greves, paralisações de setores estratégicos da produção e distribuição (como metrôs, ônibus, aeroportos e portos), manifestações de rua e cortes de rodovia ocorreram por todo o país contra as absurdas Reformas que Temer e o Congresso corrupto querem fazer passar para descarregar os prejuízos da crise sobre as costas dos trabalhadores e das futuras gerações.

Canais de comunicação como o G1 da Globo e outros canais locais utilizaram o fato de ter ocorrido um acidente na rodovia a quilômetros de distância do protesto, para distorcer a informação como se o acidente tivesse tido uma relação direta com o protesto – o que não é verdade - com a clara intenção de criminalizar a manifestação. Essa foi a linha de toda da grande mídia que apoia as Reformas de Temer no dia de ontem nacionalmente: Por um lado ocultar e minimizar o tamanho da greve geral que parou setores estratégicos do país e por outro noticiar buscando a todo custo criminalizar os atos.

O Fato Ocorrido

Após o protesto já estar ocorrendo na rodovia do Contorno (SP-294), próximo à saída para a rotatória de acesso à Avenida Roosevelt a cerca de uma hora (iniciou na rodovia próximo às 13h), ocorreu um acidente envolvendo um caminhão bitrem carregado com ração e alguns carros à quilômetros de distância do protesto – próximo a alça de acesso ao Hospital das Clínicas (HC) e após a saída para a rodovia da rua Doná Maria Féres. De acordo com um dos sites de notícias locais o motorista da carreta disse que percebeu a rodovia congestionada e já havia reduzido a velocidade e começado a usar os freios, mas que foi surpreendido por alguns carros que saíam da alça de acesso do HC, precisando utilizar os freios de modo mais brusco e constante. Apesar de já ter reduzido a velocidade (a cerca de 40km/h segundo o boletim de ocorrência), o sistema de freios não suportou a aceleração que o peso do caminhão exercia na descida da rodovia e acabou estourando, resultando no acidente. É importante ressaltar que no momento do acidente a alça de acesso da Avenida Roosevelt estava ABERTA mas com lentidão pelo congestionamento, portanto o protesto NÃO IMPEDIA O FLUXO dos carros no sentido da rodovia em que aconteceu o acidente quando ocorreu o engavetamento. Ou seja, uma fatalidade que poderia ocorrer em qualquer outra situação, no mesmo ou em qualquer outro ponto ou rodovia, independentemente de haver ou não um protesto.

Esse tipo de mídia sensacionalista e pouco comprometida com os fatos reais, quis dizer que este acidente teve uma relação direta com o protesto, fato que não é verdadeiro, embora exista uma relação indireta. O G1 inclusive noticia o fato de um estudante ter se machucado em outro momento do protesto e a quilômetros de distância do local do acidente dando a impressão no texto de que este fato também estaria ligado ao acidente.

Imagem de mídia local da manifestação, com a placa indicando o local, e ao fundo o fluxo de carros que acontecia lentamente pela alça de acesso à Avenida Roosevelt: acidente não aconteceu pelos manifestantes terem entrado de surpresa, atrapalhando os motoristas, como as mídias criminalizam.

Imagem do local da manifestação pelo google maps, com a placa indicada e a rotatória de acesso à Avenida Roosevelt: no círculo vermelho indica a posição da manifestação na rodovia

Imagem do G1/TV Tem do acidente, tirada do alto: acidente aconteceu na descida, porque o sistema de freios do caminhão estourou (quanto maior e mais pesado, na descida, aumenta a pressão sobre os freios e favorece o ganho de velocidade)

Mesmo trecho do acidente visto pelo google maps, a curva está mais distante por ser uma foto tirada mais baixa perto do solo: o círculo vermelho mostra a posição na rodovia do acidente, distante da manifestação.

“Visão Notícias”: Uma visão um tanto interessada para o lado do patrão

O portal “Visão Notícias” de Marília localmente soltou três textos em poucas horas ligando o protesto ao acidente. No primeiro publicado às 9h51 eram 5 carros envolvidos no acidente. No segundo publicado às 14h21 o número já havia subido para “de 7 a 8 carros”. No terceiro publicado às 16h37 o número de carros estampado no título já havia subido para 14. Em seguida no último texto o portal afirma que “Todos seriam ligados à Unesp (estudantes e professores) fato que também não é verdadeiro. No ato estavam presentes diversas categorias entre professores da rede pública, professores da universidade, sindicalistas, estudantes secundaristas, artistas da cidade e estudantes da Unesp.

Disso concluímos que ou o portal tem pouquíssimo cuidado com veracidade das fontes e das notícias que veicula ou que está extremamente interessado em fazer sensacionalismo e criminalizar o protesto tomando claramente o lado do patrão, nos dois casos demonstrando total falta de compromisso com os trabalhadores que leem suas notícias.

Conclusão

Por isso, ressaltamos que o acidente ocorrido na rodovia do Contorno (SP-294) foi sim uma fatalidade – assim como todas as dezenas de acidentes que acontecem a anos nessa mesma rodovia, sendo este o quarto em menos de 15 dias – e nos solidarizamos com os acidentados que sofreram ferimentos leves e suas famílias, sendo responsabilidade do Governo do Estado, Prefeitura e da DER (Departamento de Estradas de Rodagem) fazerem a verificação técnica desses trechos mal projetados que são motivos de acidentes recorrentes na rodovia.

As dezenas e dezenas de cortes de rodovias realizados por trabalhadores e estudantes nesse dia 28 – como em Bauru, no ABC, na ponte Rio-Niterói entre outros - tiveram o importante o papel de parar o país, interromper a circulação das mercadorias e pressionar o Governo. Ao contrário do que as mídias patronais dizem, os “vândalos” não são os manifestantes, mas sim os deputados e senadores corruptos bem como o governo dos 4% de aprovação de Temer que correm para descarregar os prejuízos da crise nas costas dos trabalhadores com a Reforma da Previdência, Trabalhista e com a terceirização irrestrita. É totalmente legitimo que os trabalhadores estudantes utilizem seus métodos históricos de luta para parar a produção e enfrentar esse governo golpista que quer sem nenhuma discussão democrática cortar direitos conquistados e mudar profundamente as relações de trabalho no país para semi-escravizar essa e as futuras gerações trabalhadoras.


Temas

#28A    Sociedade    Marília



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