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CIENCIA SEM FRONTEIRAS | Michel Temer cancela novas bolsas do programa Ciência Sem Fronteiras

Diante da crise econômica, Temer decide cortar os novos editais de bolsas de graduação do programa de intercâmbio do governo federal. A graduação, no Ciência Sem Fronteiras, representa 10 mil, de 14,4 mil, do total de bolsas implementadas.

segunda-feira 1º de agosto de 2016 | Edição do dia

Em nota divulgada pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior), ela afirma que o programa será retomado com o foco para o ensino de línguas para jovens do Ensino Médio e pesquisa no âmbito da pós-graduação, e que as bolsas em curso serão cumpridas.

A Capes, uma das fontes de financiamento do Ciência Sem Fronteiras, declara também que os cortes estão sendo feitos porque o governo interino considera alto o custo das bolsas. “Um aluno no programa custa na média R$105 mil por ano. O governo gastou no ano passado com 35 mil bolsistas [R$3,7 bilhões], o equivalente a todo o investimento em merenda escolar, para cerca de 40 milhões de estudantes”, diz o Ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM) - o mesmo que é contra as cotas e que recebeu Alexandre Frota para opinar sobre a educação. Essa afirmação é um eco de outras posições do governo golpista de Temer e seus ministérios, como a proposta de emenda constitucional que bota em discussão o pagamento de mensalidades nos programas de pós-graduação de todas as universidades públicas brasileiras.

Além do corte de gastos, a interrupção da abertura de vagas para bolsas no Ciência Sem Fronteiras significa que o progresso científico que sacie as demandas da indústria não é alcançado com as bolsas para a graduação, por isso o enfoque nas bolsas para a pós-graduação. As investidas do governo Temer significam uma continuidade e aprofundamento de projetos diretamente neoliberais, diante das implementações privatistas que tiveram início no governo Dilma, como o corte de R$10 bilhões da educação só em 2015.

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, diz que “é triste que isso aconteça, mas é necessário. Estamos no meio de uma crise financeira, temos que manter o programa de iniciação científica que já existe no país. Prefiro manter essas bolsas com mais recursos e esperar a saída da crise para poder voltar com a internacionalização.Temos que saber o resultado dessas 80 mil bolsas antes de colocar mais 80 mil. Principalmente em uma época em que estamos cortando bolsas no país”.

Por outro lado, o corte das bolsas da graduação só revela a lógica produtivista da própria origem do Ciência Sem Fronteiras. Se o objetivo inicial de produzir e trazer novas tecnologias para a indústria não é cumprido, as bolsas que dão "prejuízo" nessas normas são cortadas. Assim como não há o incentivo para os cursos de ciências humanas, linguagem e artes, porque são produções científicas e artísticas que não geram lucro.

Ou seja, apesar das contradições que o programa traz desde a sua fundação, ainda sim é um ataque à educação pública e aos direitos dos estudantes de conhecer outras pesquisas, outros lugares de estudo, a chance para que os estudantes complementem sua formação profissional no exterior, da expansão do conhecimento, do idioma e da cultura além da muralha que a indústria constrói em torno da tecnologia.

Guilherme Zanni, estudante de Matemática da Unicamp, opina que "o corte no ciências sem fronteiras é mais um ataque à educação, apesar dos problemas do programa (com critérios puramente meritocráticos). O discurso de que é necessário cortar de um lugar para botar em outro, além de não ser levado a sério pois sabemos que o dinheiro cortado não vai ser integralmente investido em algo do interesse da população, não é a solução para os problemas da educação nem de qualquer outra área. É necessário que se pare de gastar quase metade do PIB com o pagamento da dívida pública e invista de fato em educação e saúde".

Assim, enquanto há cortes profundos aplicados pelo governo golpista à educação, corte de bolsas generalizado como orientação para todo governador, reitor e dirigente de ensino, estímulo à privatização do ensino público e ao senso produtivista, Temer preza pelo pagamento da dívida que tem com os banqueiros e empresários brasileiros e internacionais, a chamada dívida pública, a partir dos impostos cobrados da população. Além disso, segue dando voz a reacionários como Alexandre Frota, fortalecendo projetos como o Escola Sem Partido que só servem para cada vez mais retirar do jovem a capacidade e poder de questionamento.

A luta pela educação é a luta pelo não pagamento da dívida pública e para que 10% do dinheiro público seja revertido para a educação já. Devemos tirar o dinheiro das mãos do governo golpista de Temer e seus empresários para barrar os ataques de corte de bolsas e colocar nas mãos de jovens e trabalhadores que sabem, de fato, construir educação pública de qualidade.




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