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1º DE MAIO NO MÉXICO | México: marcha operária combativa No 1º de maio

Neste 1º de maio, além da mobilização das grandes organizações sindicais do México, como a União Nacional de Trabalhadores (UNT), tomaram as ruas os sindicatos combativos e as principais lutas operárias na convocatória da Nova Central de Trabalhadores. À frente estavam os heróicos pais dos 43 normalistas, que uniram sua raiva à de milhares de trabalhadores.

domingo 3 de maio de 2015 | 21:45

Às 10 da manhã, blocos do Sindicato Mexicano de Eletricistas, do Sindicato de Maquinistas, do Sindicato Nacional de Trabalhadores Bancários, os combativos boia-frias de San Quintín, Baja California, organizações políticas, camponesas e sociais se encontraram no Ángel de la Independencia.

Com a chegada dos pais de Ayotzinapa, que já são uma referencia de luta e dignidade por todo o mundo, os integrantes de todos os blocos começaram a gritar a consígna que já fez eco em todos os países: “Já que os levaram vivos, os queremos vivos!”.

Depois, agregaram-se a coluna os valentes boia-frias de San Quintín que vieram ao Distrito Federal da Baja California para solidarizar-se com outras lutas e resistências operárias. Esses trabalhadores agrícolas, que escancararam a todo país as condições semi-escravas sob as quais trabalham, são de origens triqui, otomí, mixteco e zapoteco [povos indígenas. Triqui: Oaxaca; Otomí: do norte de Guanajuato ao sudeste de Tlaxcala; Mixteco: Guerrero, Oaxaca e Puebla; Zapoteco: Oaxaca e alguns poucos estados vizinhos. N.T.]. Migraram de seus lugares originários – como disse Fidel Hernández, um de seus porta-vozes – pela marginalização e pela fome. Para esses trabalhadores guerreiros, este primeiro de maio é um dia de protesto: contra o péssimo governo, contra os patrões e também contra os sindicatos comprados que no passado os deixaram indefesos.

No plano de fundo, um grosso caldo de organizações operárias com suas próprias reivindicações: por salário e democracia sindical, contra as demissões e a repressão no interior dos locais de trabalho. O bloco do Sindicato Nacional de Bancários se destacou porque está denunciando as demissões e o assédio moral e sexual de que vem sendo vítimas por parte de Francisco Hernández Juaréz, dirigente da União Nacional de Trabalhadores.

O Movimento dos Trabalhadores Socialistas marchou na convocatória da Nova Central, orgulhosamente para compartilhar esse primeiro de maio lado a lado com os boia-frias e todos os demais setores que estão em luta contra os patrões e o governo.

Nós não daremos voto a quem nos pisoteia e humilha

Ao chegar ao Zócalo, onde diversos blocos de outras organizações sindicais como a União Nacional de Trabalhadores e os sindicatos universitários também se mantinham, se realizou uma concentração onde os pais e mães dos normalistas tomaram a palavra.

A companheira Georgina em particular dirigiu-se aos presentes: “Nós não vamos dar nosso voto a essa gente que nos pisoteia e nos humilha”. Acontece que o primeiro de maio está cruzado pelas eleições de meio-período que estão sendo repudiadas pelo movimento de solidariedade com Ayotzinapa. Sandra Romero disse ao Esquerda Diário que: “Nós como MTS, além de estar aqui expressando nossa solidariedade e colocar nosso corpo pelo triunfo das lutas operárias, viemos conformar um polo combativo com trabalhadores, jovens trabalhadores precarizados e mulheres, para expressar que não acreditamos na farsa eleitoral, chamando todos a anularem seus votos com a consigna ’Faltam 43!’”.

Mais nenhuma luta isolada

O porta-voz mixteco [povo ameríndio habitante das regiões de Oaxaca, Guerrero e Puebla do México. N.T.] dos boia-frias de San Quintín subiu ao palanque para denunciar as condições desumanas sob as quais trabalham milhões de boia-frias agrícolas no país e do outro lado da fronteira. Disse que ele é parte dos milhões de trabalhadores de diversos grupos étnicos que, apesar de não compartilhar uma mesma língua, na rua e na luta “temos um idioma universal”.

Posteriormente, dezenas e dezenas de contingentes seguiam chegando ao Zócalo. Quase ao final da mobilização, os companheiros do Sindicato Nacional de Trabalhadores Bancários junto a 400 trabalhadores, jovens e mulheres que se aglomeravam atrás das bandeiras do Movimento de Trabalhadores Socialistas – que neste primeiro de maio marchou com as bandeiras vermelhas do socialismo – e da agrupação de mulheres Pão e rosas, chegaram ao destino ao grito de “Reorganização!”, e com consignas contra a burocracia sindical.

Este primeiro de maio mostra a perspectiva de unidade entre os setores de trabalhadores que vão às ruas com a luta pelos normalistas de Ayotzinapa, vítimas de desaparição forçada. Esse é o caminho para os que estão por baixo fazerem frente a crise nacional.




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