Em cerimônia na manhã de hoje, segunda (18), Eduardo Pazuello, ministro da Saúde de Bolsonaro, disse com uma calma que não corresponde à urgência da vacinação, que ela terá início a partir das 17h em todo o país, após domingo (17) de troca de acusações com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
segunda-feira 18 de janeiro de 2021 | Edição do dia
Foto: ADRIANO MACHADO/ REUTERS
"Acho que podemos começar hoje até o fim do expediente, a partir das 17h", disse Pazuello. O horário foi proposto, com bastante calma, pelo ministro, para todos os estados já terem recebido as doses da CoronaVac, enquanto Manaus não consegue respirar. Isso acontece após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar, depois de incrível atraso, o uso emergencial das vacinas CoronaVac e da Universidade de Oxford contra a Covid-19 e após o governo de São Paulo aplicar a primeira vacina da CoronaVac.
Essa disputa política acontece em base ao plano do governo de sequer contar com seringas (sic) para o início da vacinação, expressando a desorganização diante da necessidade urgente da vacinação universal. É necessário um plano científico, racional, que alcance realmente toda a população, massivamente, e não apenas ¼ da população brasileira, como propõem o presidente e os governadores, que ainda estão na promessa de vacinar, segundo seu plano nacional, sem a logística necessária de implementação. O vice-presidente general Hamilton Mourão prevê que em todo o ano de 2021 não seja toda a população a ser alcançada, mas apenas 70%.
Já mostramos no Esquerda Diário que tanto Bolsonaro, como Doria e os governadores, são responsáveis pela catástrofe sanitária organizada pelo capitalismo. Junto a esse regime político golpista, que conta com os sustentáculos do STF e do Congresso, a população trabalhadora e pobre amarga as duras mazelas da pandemia num cenário de desemprego, precarização do trabalho, e cortes nos direitos trabalhistas mais elementares. São inimigos do povo, e não possuem um plano de vacinação com logística cientificamente estabelecida. É urgente um plano científico de implementação da vacinação dos trabalhadores e do povo pobre.
O governo negacionista de Bolsonaro privou a população trabalhadora e pobre dos insumos médico-hospitalares indispensáveis para a pandemia, e o Amazonas, cujo governador Wilson Lima (PSC) faz parte da base de Bolsonaro, é expressão dessa calamidade. A população manauara morre asfixiada nos hospitais, enquanto o oxigênio é privatizado e os empresários têm os bolsos cheios pelo alto preço do cilindro.
Mas também os governadores dos estados de todo o país, encabeçados por João Doria, são responsáveis por essa situação, já que também não garantiram nem ao menos testes massivos para rotear o vírus. Especulam com as vidas humanas para usufruírem politicamente, sendo parte da catástrofe (inclusive os estados governados pelo PT e PCdoB no nordeste) e fazendo demagogia com as necessidades urgentes da população.
Essa é a imagem da irracionalidade capitalista e seus governos, entre negacionistas e golpistas, que, nesse uso político, organizaram juntos a catástrofe sanitária.
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A classe trabalhadora é quem pode dar uma resposta independente, como foi demonstrado pela mobilização para reabastecer o oxigênio dos hospitais em Manaus, aliada aos estudantes, às mulheres, à população negra e LGBT e aos movimentos sociais. Só isso pode suprir a organização da urgência para a vacinação universal, com a unificação dos sistemas público e privado do país sob controle dos trabalhadores da saúde, e as necessidades de toda a população, como a reconversão da indústria sob controle operário, de fábricas como a Ford, que hoje quer colocar na rua milhares de trabalhadores enquanto seus empresários saem do país levando seus lucros bilionários.
Para isso, é necessário que as centrais sindicais CUT e CTB, dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, saiam imediatamente de sua paralisia e organizem a frente única dos trabalhadores para lutar por esse plano de emergência e enfrentar Bolsonaro e os golpistas, porque hoje, na realidade, representam um obstáculo entre os trabalhadores e uma real organização, como se colocam ao lado da unidade com os burgueses. E é urgente que a esquerda, como PSOL e suas figuras parlamentares, assim como Boulos, organizações como o PSTU, façam parte dessa exigência para superar as burocracias.