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CORONAVÍRUS | Mesmo com a piora da COVID-19 no RS, abertura econômica de Leite segue a todo vapor

Mesmo com piora em algumas regiões, Leite mantém flexibilização para salvar lucros dos empresários

quarta-feira 10 de junho de 2020 | Edição do dia

Na última atualização dos indicadores para o mapa do "distanciamento controlado" no Rio Grande do Sul, realizada no sábado (6), pelo menos cinco regiões do Estado apresentaram piora em alguns indicadores recebendo classificações de alto risco (vermelhas ou pretas); porém, não houve alteração no mapa geral do modelo do "distanciamento controlado" no Estado, que continua sem nenhuma região de bandeira vermelha ou preta.

A maioria das regiões encontra-se com bandeiras laranjas, uma classificação de risco médio que permite que o comércio e a indústria continue funcionando normalmente expondo ao vírus o enorme número de trabalhadores que mantêm esses setores funcionando todos os dias. Entretanto, o aumento de casos de covid-19 e de mortes pela doença desde o início da reabertura do comércio mostra que o risco é altíssimo para quem é obrigado a se expor para sanar a sede de lucro do empresariado que quer manter o comércio aberto.

As regiões de Novo Hamburgo, Taquara e Palmeira das Missões registraram bandeira preta no quesito que mede o crescimento do número de casos de hospitalização pela doença nos últimos sete dias. As áreas de Santa Maria e Erechim registraram classificação vermelha nesses mesmos indicadores. No entanto, nenhuma dessas regiões não apresentaram alteração na cor das bandeiras nesse momento que é extremamente preocupante.

Segundo o levantamento, os municípios que estão na região de Novo Hamburgo registraram aumento no registro de casos de covid-19 hospitalizados, dando um salto de cinco na semana anterior para 19 internações. Com isso, o sistema de saúde já está beirando o colapso na zona que conta com apenas sete leitos de UTI livres, segundo o balanço mais recente, indicando bandeira preta.

Na região de Palmeira das Missões, nos últimos sete dias, foram registrados 15 pacientes com covid-19 que precisaram de internação. No período anterior, haviam apenas duas hospitalizações. A área também apresentou elevação tanto no número de pacientes que precisaram de UTI por diagnóstico de covid-19 quanto por síndrome respiratória aguda grave. A disponibilidade de UTIs na região também diminuiu, caindo de 15 leitos vagos na semana anterior para 12 na última sexta-feira (5), levando a classificação de risco altíssimo (preta).

Taquara é uma das quatro regiões que seguem sob a cor amarela, mas os municípios que integram a área no Vale do Paranhana chegaram a ter classificação preta no indicador de novos casos de hospitalização nos últimos sete dias: dois registros, enquanto anteriormente não havia nenhum caso. Já nas internações em UTI, o aumento foi de 4 para 6 pacientes. Os outros indicadores mantiveram a região com a classificação de bandeira amarela mesmo com a aumento dos impactos do vírus na população. Na região de Erechim, as internações por covid-19 passaram de 14 para 16 casos. Nos municípios da região de Santa Maria, os novos casos de hospitalização pelo vírus passaram de 10 para 17 de uma semana para outra. Também houve aumento de 12 para 14 pacientes na UTI por síndrome respiratória aguda na área, que também segue sem alterar a cor da bandeira e avançando na reabertura do comércio.

O governo do Eduardo Leite tenta passar a imagem de que está tudo sob controle, mas os dados divulgados mostram uma situação grave. O número de pessoas infectadas continua disparando a cada dia, mesmo com a política de subnotificação do Estado que serve para mascarar criminosamente os números reais da doença que podem ser muito maiores devido a carência de testes para a população. Essa subnotificação acaba servindo como uma política de Estado na crise atual, na medida em que subestima os números totais de doentes e infectados, ajudando no discurso de que o comércio pode continuar a abrir sem problemas. Além disso, supõe uma necessidade menor de investimentos públicos em saúde, junto de uma falsa impressão de que as medidas do governo estão surtindo efeitos positivos no controle da pandemia.

Agora se aproxima o inverno que, no Rio Grande do Sul, sempre é muito rigoroso e com frios avassaladores, ajudando ainda mais a aumentar a transmissão da doença entre a população. Mesmo com esses dados alarmantes sobre a disseminação e os impactos da doença no Estado, o modelo de Eduardo Leite para o "Distanciamento Controlado" acaba sendo uma forma de mascarar a situação alarmante: para Leite, o Rio Grande do Sul não apresenta nenhuma zona considerada de alto risco para a população!

Eduardo Leite, mesmo tentando se diferenciar dos absurdos defendidos por Bolsonaro, não consegue esconder o que os dois têm em comum: ambos governam para os capitalistas e não exitarão em atacar a classe trabalhadora. Na prática, segue o desejo de Bolsonaro em paulatinamente abrir a economia de maneira total. Políticas como essas do governador, que junto dos prefeitos, arriscam a vida de toda a população, são aplicadas cedendo a pressão do empresariado que não se importa nem um pouco em passar por cima da vida dos trabalhadores para defender seus lucros acima de tudo.

Como vai ser possível atender aos casos crescentes após os decretos de reabertura do comércio se até mesmo os profissionais da saúde estão em uma situação calamitosa dentro dos hospitais sem EPIs, com um quadro de profissionais reduzido e sem testes disponíveis até mesmo para aqueles que apresentam os sintomas da doença? A resposta será o colapso do sistema de saúde, que tem cada vez mais batido na porta dos gaúchos, contabilizando mais corpos de pessoas que pagarão com as suas vidas pela medida “inovadora” de Eduardo Leite.

Leite não garante de nenhuma forma efetiva um distanciamento social racional. Caso estivesse realmente preocupado com a população, não estaria abrindo o comércio desenfreadamente por todo o Estado condenando os trabalhadores a pagar com as suas vidas pela crise. Estaria garantindo a testagem massiva da população para descobrir todos os adoecidos e quebrar essa política de subnotificação, e fazendo investimentos no sistema público de saúde para conseguir dar assistência para todos. Essas sim são medidas essenciais, e não a abertura de todos os serviços que apenas são essenciais para encher os bolsos dos empresários e dos capitalistas.

Para que os trabalhadores parem de pagar pela crise com as suas vidas, é urgente a testagem em massa da população, ampliação de leitos de UTI, além da estatização de todo o sistema de saúde privado centralizado sob a gestão dos trabalhadores da saúde, que são os que estão na linha de frente do combate ao coronavírus. A contratação imediata de todos os profissionais da saúde desempregados e estudantes da área. Hospitais preparados, aparelhos de ventilação mecânica suficientes, e EPIs (equipamentos de proteção individual) garantidos para toda a população que seguir trabalhando em meio a pandemia, que poderiam ser alcançados por meio da reconversão total das indústrias que estão presentes na região metropolitana para esses materiais.

Além disso, é extremamente necessário o fechamento imediato de todas os serviços que não forem essenciais, com a liberação dos trabalhadores e com a garantia de 100% de seus salários. O mesmo deveria ser garantido para todo trabalhador adoecido ou do grupo de risco. Caso, de fato, os governos estivessem preocupados com os trabalhadores, estariam usando tudo aquilo o que os capitalistas lucraram por anos, às custas do suor e sangue desses trabalhadores, para arcar com essa crise, proibindo as demissões, suspensões ou reduções salariais e garantindo uma renda mínima para todos de 2000 reais para sobreviver em meio a crise.




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