Ofereceram uma panaceia que curaria a falta de crescimento, a falta de investimento e até mesmo a falta de emprego. Estudo da UFMG desmente as estimativas do governo e prevê que o principal resultado da reforma será aumentar a pressão recessiva.
terça-feira 16 de julho de 2019 | Edição do dia
Dia sim e o outro também fomos bombardeados por duas ideias. Sem a reforma da previdência o país entraria em catástrofe e aumentaria o desemprego, e por outo lado, com ela iriamos à terra da prosperidade. Nada mais longe da realidade. Estudo publicado pela UFMG desmente as afirmativas fantasiosas da Globo, de Bolsonaro, Paulo Guedes e Rodrigo Maia.
Paulo Guedes e seus funcionários neoliberais prevê um impacto positivo de 0,5% do PIB ao ano com a reforma, o que soma 5,11% em dez anos. Como aconteceria isso segundo esse pensamento fantástico? Os recursos que o país deixaria de gastar com previdência melhoraria o perfil da dívida pública, baixando os juros e “atiçando ímpetos selvagens” dos investidores que sairiam abrindo empresas, fábricas.
Essa pressão positiva, imaginada, deveria ser maior que a pressão negativa oriunda da própria reforma. Se o valor das aposentadorias será cortado isso significa que o poder de compra dos consumidores irá encolher. Qual dessas duas tendências será maior?
Isso que alguns economistas da UFMG se puseram a calcular.
Dado o comportamento dos investimentos no país o que aconteceria se todo o corte de recursos de fato virasse investimentos, e o que aconteceria se o padrão atual de investimentos prevalecesse?
O gráfico abaixo ilustra:
A linha azul “padrão” ilustra o comportamento atual, a economia com a reforma não vira investimento na mesma proporção e o resultado da reforma é um impacto negativo em dez anos de cerca de -1% no PIB. O resultado “fantástico” tudo vira investimento e esse gera mais investimento resulta em 2,5% positivo. Menos de metade do previsto pelo vendedor de ilusões Paulo Guedes.
O dinheiro viria de fora dizem. Quantos tweets como estes foram feitos?
As reformas feitas pelo @GovernodoBrasil possibilitam ao País receber mais investimentos. Para o secretário do @planejamentobr, o Brasil se tornou mais seguro para os investidores e a perspectiva para a economia é de crescimento. https://t.co/Fmgd2ftmYW #BIF2018 #InvestinBrasil pic.twitter.com/etytv0dPGo
— Governo do Brasil (@governodobrasil) May 30, 2018
A mentira é tão patente que o Boletim Focus do Banco Central, um boletim semanal de previsões feitas pelos maiores bancos e investidores no país, ali onde eles prevem seriamente as coisas e não produzem manchetes para nos enganar, eles não prevêm nenhum aumento do investimento no país. Veja abaixo os destaques em vermelho do boletim de ontem:
Ou seja, o “grande fluxo de investimento represado” elevaria a previsão desse ano de 85 bilhões de dólares, para 85 bilhões e 560 milhões ano que vem, 88,7 bilhões em 2021 e finalmente 90 bilhões em 2022. Um crescimento nulo.
Voltando ao estudo da UFMG eles concluem o seguinte:
Os resultados das simulações realizadas neste trabalho sugerem que na ausência de um incremento no nível de investimento do país, a reforma da Previdência tende a ser recessiva. Assim, o apoio na expectativa de que apenas a Reforma da Previdência ampliará a confiança dos agentes privados a ponto de gerar incremento relevante no nível de investimento da economia é arriscada, podendo aprofundar o cenário de estagnação econômica da atual conjuntura brasileira.”
Fica bem claro como o crescimento da economia com a reforma é mais uma mentira, uma continuação da série de mentiras que o impeachment resolveria o emprego, que o teto de gastos liberaria investimentos ou que a reforma trabalhista geraria empregos.