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EVANGÉLICOS CONTRA A ARTE | Marco Feliciano fala bizarrices sobre arte para exigir uma censura moralista dogmática

quinta-feira 5 de outubro de 2017 | Edição do dia

Em mais um movimento da crescente cruzada de igrejas evangélicas, MBL, Frotas e outros setores reacionários contra a liberdade artística, o pastor e deputado Marco Feliciano gravou um vídeo emitindo seus juízos sobre o que chamou de "arte moderna".

No vídeo, intitulado "A Verdade Sobre a Arte Moderna", Feliciano diz que "pesquisou na internet" sobre a arte moderna, e saiu disparando absurdos. Juntando em um mesmo balaio tudo aquilo que lhe desagrada - que, é claro, passa por qualquer obra, performance ou manifestação envolvendo nudez - ele disse que essa arte moderna ou "arte conceitual" não é arte "de modo nenhum".

Segundo ele, os artistas são "uma grande panelinha de pessoas pretensiosas e arrogantes que tentam parecer sofistifcadas atribuindo sentido a algo que não tem sentido nenhum".

Em seguida, Marco Feliciano revela qual é a próxima movimentação da bancada evangélica: tentar impedir que a Lei Rouanet financie e mesmo impor a censura a tudo que considere "profano".

Até mesmo o ministro da cultura de Temer, Sérgio Sá Leitão, afirmou que a modificação da lei conforme exigem os evangélicos seria "uma janela enorme a favor das trevas".

O mais perverso do discurso de Feliciano é que ele se apoia questões e problemas reais, como o profundo elitismo da arte em uma sociedade divida em classes, na qual se reserva o trabalho intelectual, a produção e a fruição artística para poucos; ou ainda o fato de que a mercantilização da arte criou um reduto de "especialistas" que transformam a arte numa mercadoria ultra-fetichizada que confere "status" a seus proprietários, comerciantes e produtores.

A partir desses elementos, Feliciano oferece a sua "solução" de uma arte baseada em seus preceitos e dogmas religiosos. Citando artistas modernos que despreza, ele fala do pintor francês Matisse. Ele classifica como "bobagem" as mudanças na arte figurativa que ocorreram como fruto do desenvolvimento da fotografia.

Mistura em seu discurso reacionário as bobagens sobre o suposto incentivo à pedofilia em artistas. Ele afirma que artistas devem possuir "habilidades especiais" e atribui a ruína da arte também aos "marxistas culturais". É um show de absurdos, um festival de obscurantismo e de intolerância. Veja o vídeo:

Marco Feliciano termina com um apelo a que se compartilhe o vídeo para "despertar a mente e a consciência da nossa geração". Os apelos cada vez mais absurdos de Feliciano, que adoraria censurar tudo o que pudesse, exceto aquilo que expresse estritamente seus valores morais e seus dogmas religiosos, precisam ser combatidos sem trégua. Não podemos permitir que esses setores sigam conseguindo censurar a livre expressão.




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