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Marcha das mulheres negras no Rio de Janeiro

quarta-feira 1º de agosto de 2018 | Edição do dia

Em comemoração ao dia 25 de julho - dia de Tereza de Benguela e dia Latino-americano e Caribenho das mulheres negras - aconteceram atos em vários estados do país. No Rio de Janeiro as mulheres negras marcharam, no último domingo, em Copacabana expressando uma importante disposição de luta contra o racismo e o machismo.

Nós, do Quilombo Vermelho e do grupo de mulheres Pão e Rosas estivemos presentes levando a bandeira pela legalização do aborto. O aborto clandestino é hoje a 5° causa de morte materna no país, levando atingindo principalmente as mulheres negras, trabalhadoras e pobres. Só no município do Rio de Janeiro os procedimentos de interrupção de gravidez clandestinos chegaram a 31.756 abortos clandestinos no ano de 2013.

Somente no Rio de Janeiro 43 mulheres estão sendo criminalizadas por terem realizado abortos clandestinos. Segundo dados da própria Defensoria Pública, a maioria das mulheres processadas por aborto no RJ é negra, pobre, já tem filho, tem idade entre 22 e 25 anos, e vive na capital ou na Baixada Fluminense e não tem antecedentes criminais.

Veja também: 8 de Agosto: construir um grande ato pela legalização do aborto no Rio de Janeiro

Esse mesmo Estado que assassina os filhos das mulheres negras, que não permite que estas tenham direito a maternidade plena, que não garante creches, educação e saúde de qualidade impõe, ao não garantir que o aborto seja um direito, legal, seguro e gratuito, que milhares de mulheres morram anualmente em decorrência de complicações e procedimentos mal sucedidos.

A Marcha, que contou com diversos coletivos, representações sindicais e apresentações culturais, resgatou que as mulheres negras sempre foram linha de frente na luta contra o racismo, a identidade e a cultura negra como consequência histórica de luta do povo negro e das mulheres negras. O correram homenagens a Marielle Franco, mulher negra, mãe, LGBT, moradora de favela e militante de esquerda que se colocava contra a violência policial que assassina cotidianamente o povo negro e a Intervenção federal que à assassinou junto com seu motorista Anderson em março deste ano.

A marcha também foi um grito contra a realidade de precarização enfrentada pelas mulheres negras no Brasil. Uma realidade que tem se aprofundado após o golpe institucional que veio para implementar ataques ainda mais profundos do que os ataques dos governos petistas e aumentar ainda mais os níveis de exploração dos trabalhadores e das mulheres negras.

Que a energia e disposição de luta contra a opressão racista e machista demonstrada por todos aqueles que estiveram presentes nesta marcha possa ser parte da construção de um forte movimento, inspirado no exemplo das Argentinas, que arranque o direito ao aborto em nosso país para que as mulheres negras não morram mais em decorrência de abortos clandestinos. Que se volte também contra a exploração capitalista e se transforme em um importante ponto de apoio para enfrentar cada uma das medidas aprovadas pelo governo golpista de Temer (como a reforma trabalhista e a lei da terceirização) que atingem o conjunto da classe trabalhadora e as mulheres negras em particular.




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