×

CONSTITUINTE CHILENA | Marcello Pablito: "Na Constituinte, chilenos rechaçaram partidos que governam há 30 anos"

As eleições para a Convenção Constituinte no Chile expressam rechaço aos partidos que governaram o país por 30 anos. Reproduzimos a declaração de Marcello Pablito, dirigente do MRT (Movimento Revolucionário de Trabalhadores) e trabalhador da USP.

segunda-feira 17 de maio de 2021 | Edição do dia

“Nas eleições para a Convenção Constituinte, os chilenos rechaçaram os partidos que governam o país há 30 anos, do regime de Piñera, herdeiro do regime político e neoliberal pinochetista. Os principais representantes do regime dos anos 30, a Direita e a Concertação, passaram longe de conquistar a porcentagem de votos para ter peso garantido na Constituinte. Esse enorme rechaço à direita e à herança do regime pinochetista nas urnas é fruto do questionamento aberto pela rebelião chilena de 2019, inclusive o alto peso de abstenções expressa a saturação do povo chileno, que dizia: ‘Não são 30 pesos (moeda chilena), são 30 anos’! O povo chileno demonstra que pode retomar a luta de 2019 para acabar com este regime que levou milhões de trabalhadores aos piores sofrimentos, além de ser um importante exemplo para o Brasil diante dos ataques do governo Bolsonaro e do regime político golpista.

Os trabalhadores revolucionários do Chile tiveram quase 50.000 votos de norte a sul do país. Os 52 candidatos da Lista dos Trabalhadores Revolucionários somam 48.936 votos. O dirigente sindical da fábrica de explosivos Orica e candidato a governador, Lester Calderón, obteve 17.796 votos em Antofagasta, equivalente a 12,65%. Isso é um grande reconhecimento dos setores operários combativos, mineiros, professores, portuários, jovens e sindicalistas que foram parte, junto ao PTR (Partido de Trabalhadores Revolucionários, organização irmã do MRT), da constituição do Comitê de Emergência e Resguardo, importante organismo de coordenação das lutas durante a rebelião chilena de 2019. Foi uma participação com um grande esforço militante, sem o dinheiro doado pelos grandes empresários aos seus partidos.”

Veja também: Trabalhadores revolucionários no Chile: quase 50.000 votos nas eleições constituintes de norte a sul

“A derrota da direita expressa uma situação “à esquerda” no país, mas os beneficiados expressam uma tentativa de desvio para levá-la a saídas institucionais. A Frente Ampla, que sai fortalecida, fez negociação parlamentar para desviar processos de luta no Chile, onde os inimigos dos trabalhadores saem ilesos, o Acordo pela Paz, e inclusive chegaram a votar a favor de leis de criminalização, sustentando Piñera. O stalinismo do Partido Comunista chileno legitimou todas essas armadilhas. E o fenômeno dos independentes por enquanto se trata de um programa de reformas sociais nos marcos do regime. Não podemos ter nenhuma confiança em saídas institucionais, que aqui no Brasil são construídas pelo golpismo no Congresso e no STF em suposta oposição a Bolsonaro com a CPI da Covid, que na verdade são para fortalecer sua saída eleitoral para 2022 apenas desgastando o governo, e que o PT se utiliza, como o impeachment, para construir a campanha para Lula 2022.

No Chile e no Brasil, é necessário levantar um programa totalmente independente dos grandes empresários e seus partidos, para enfrentar as raízes deste regime e toda a herança da Ditadura. É fundamental retomar a mobilização e auto-organização da classe trabalhadora e do povo.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias