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CRISE POLÍTICA | Manifestações massivas na Romênia

Desde a semana passada milhares de pessoas vão às ruas na Romênia para protestar contra um decreto do governo que despenaliza algnuns casos de corrupção. O decreto foi revogado neste domingo (05), mas manifestantes pedem também a renúncia do governo.

segunda-feira 6 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Klaus Iohannis, presidente da Romênia, mostrou em suas declarações da última sexta-feira (03), em Malta, sua posição frente a massiva mobilização que sacudiu a capital e o resto do país: "tem que prevalecer o Estado de direito e os valores europeus", disse. "Não está afetando os investidores" e " a situação econômica é boa", assegurou.

"Estou muito preocupado. A situação na Romênia é muito complicada, temos centenas de romênios nas ruas protestando, e lhes garanto, confio em minha gente, estou convencido de que teremos que encontrar soluções", segundo o presidente "este é um assunto de princípios para a população e para os políticos".

As declarações do presidente continuam na linha de ameaças veladas aos que mobilizam, como já expressaram Liviu Dragnea, líder do Partido Social-Democrata, e Sorin Grindeanu, na última terça (31): "O governo e os partidos que o apóiam seguem decididos a exercer tanto o poder executivo como o legislativo". "Qualquer tentativa de minar a atividade do governo é um tentativa de desestabilizar o Estado de direito na Romênia", advertiu por sua vez Dragnea, acusando os manifestantes.

Além disso, o governo tratou de justificar este decreto colocando a necessidade de esvaziar as cadeias e concedendo anistia em massa, tentando reforçar esta linha argumentativa, o que provocou ainda mais a revolta da população. Na Romênia, mais de 3.000 políticos e funcionários foram presos desde 2010, incluindo ex-membros das mais altas instâncias do poder como ex-primeiro ministro Adrian Nastase.

Este governo está há menos de um mês no poder, em uma posição muito débil, depois de ganhar as eleições com 45% dos votos (em uma votação com 60% de abstenções). O presidente da Romênia solicitou ao Tribunal Constitucional que intervenha, que até 07 de fevereiro para decidir.

No governo, o responsável do comércio, Florin Jianu se demitiu "por razões de consciência", e outras personalidades do governo estão solicitando a renúncia de Florin Ioardache, ministro da Justiça, que não se demitiu, ainda que tenha saído de cena ao delegar suas funções a um secretário de Estado. Além disso, alguns cargos do Partido Social-Democrata solicitaram a retirada do decreto e a apresentação de um projeto de lei para ser debatido no Parlamento.

Por outro lado, os ecos do conflito chegaram até a Comissão Europeia, que afirmava se sentir "muito preocupada" pelos retrocessos na luta contra corrupção na Romênia. Jean-Claude Juncker, presidente da CE e Frans Timmermans, vice-presidente, comprometerem-se a examinar a fundo o decreto aprovado na última terça. Assim buscam evitar a extensão do conflito e ao mesmo tempo prestigiar a questionada UE.

O decreto, aprovado pelo atual governo social-democrata dirigido pelo primeiro-ministro Sorin Grindeanu, atuou como estopim das mobilizações já que despenaliza certos casos de corrupção. Este decreto eliminaria a penalidade dos delitos de corrupção e abuso de poder se a quantia do dano fosse menor que 44.000 euros, em um país onde o salário médio é de 460 euros. Além disso, o líder do partido social democrata no poder, Liviu Dgnea, está sendo investigado por crimes de corrupção.

Mas de 200 mil pessoas de manifestaram na última quinta (terceiro dia de protestos) na capital e em várias das principais cidades da Romênia. Estas mobilizações são as maiores desde a rebelião de Braşov contra o regime stalinista de Ceaucescu. Elas foram protagonizadas pelos trabalhadores de Steagul Roşo, Tractor e a fábrica Hidromecânica Braşov contra as políticas econômicas de Nicolae Ceaușescu e começara em 15 de novembro de 1987. Este regime cairia em 1989, culminando com execução pública e televisionada de Ceaucescu.

Na última quarta-feira (1o) as massas mobilizadas forçaram as entradas da sede do governo, sendo reprimidas pela polícia.

Algumas das consignas da multidão eram: "ladrões", "vergonha", "revogação", "Romênia, acorde!". Aline Popa, professora de matemática e ativista dos protestos declarava à agência Efe: "Não podemos permitir que nos roubem sem uma resposta contundente por parte da justiça". E agregava: "é um decreto feito para poucas pessoas".

Raluca Stancu, outra manifestante declarou: "Estão desafiando nossa dignidade e estamos cansados que nos mintam".




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