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CONTAGEM REGRESSIVA 8 DE MARÇO | Manifestação em Paris da “Marcha pela vida”. Pela vida… de quem?

O coletivo de associações "Na marcha pela vida", que reúne a Eleger a vida, a fundação El-jovem, Renascimento católico aos sobreviventes, convocaram a "Marcha pela vida" neste domingo 22 de Janeiro em Paris.

domingo 12 de fevereiro de 2017 | Edição do dia

Ao redor de 10.000 manisfestantes protestaram contra a banalização do aborto e a proposta de lei que prevê penalizar os sites com informações erradas sobre o aborto.

Este ano, a manifestação foi mais política que as anteriores as que já estamos habituados. Desta vez, a convocatória chega justamente a três meses das eleições presidenciais e uma semana antes que a assembleia nacional se pronuncie sobre a proposição de lei adotada no início de dezembro no Senado contra "o obstáculo numérico do aborto", que penalizou as redes que praticam a desinformação sobre a interrupção voluntária da gravidez; fazendo-se passar pelas redes de informação.

Jean Marie Le Mené, presidente da fundação Jerónimo El-joven, pediu aos candidatos a presidência "uma política de saúde pública que lute contra os abortos" e uma política "de acompanhamento as mulheres grávidas".

Como seus antecessores, o Papa Francisco, fiel a doutrina da Igreja Católica, é um fervente opositor ao aborto. Assim, ele não hesitou em saudar e apoiar a manifestação com uma carta que animava aos participantes "a construir uma civilização de amor e uma cultura de vida".

A novidade chegou do lado do sentido comum, movimento que surgiu a rais dos "anti casamento para todos" e que está filiado ao partido dos republicanos, que apoia desde muito tempo o candidato a presidência da república, Francisco Fillon, e que não existe dúvida em quanto já feito falta dar seu apoio: "22 de janeiro, marchamos para demonstrar nosso apego a vida, desde seu início até o seu fim".

Podemos começar a apreciar toda a política reacionária que pode levar a cabo o candidato dos republicanos, encarnação de uma ideologia conservadora e assassina.

Marchemos pela vida... sim! Porém, pela vida de quem?

O dia anterior a "Marcha pela vida", marchas de mulheres ocorreram em diferentes países frente a ofensiva de Donald Trump; em Paris, ao redor de 7000 pessoas marcharam para defender os direitos das mulheres, o direito ao aborto e denunciar o desprezo do novo presidente dos EUA pelas mulheres.

A resposta se organizou no Twitter. Os internautas que militam pelo direito ao aborto lançaram #JeSuisProChoix (EuSouPróEscolha) com contra argumento que recordam as consequências dos abortos clandestinos que provocam "a morte de uma mulher a cada nove minutos", segundo o planejamento familiar.

Enquanto se discute de ser a favor ou contra o aborto, milhões de mulheres continuam o praticando de maneira ilegal, a maior parte delas na clandestinidade, em condições insalubres e nefastas (encarnadas nesse símbolo terrível das lutas contra o aborto, o cabide; um dos uteis privilegiados nos abortos clandestinos desde muito tempo). Algumas morrem; outras sobrevivem, porém com sequelas para sua saúde.

Não podemos fechar os olhos para a realidade, as mulheres trabalhadoras e pobres são as que mais sofrem as consequências dos abortos clandestinos e a falta de métodos de contracepção para poder verdadeiramente deixar as mulheres a liberdade de decidir sobre seus próprios corpos, suas sexualidades e suas maternidades.

Então quando se diz "marchar pela vida", a pergunta que segue é clara: Pela vida de quem? Claramente, não pela vida das mulheres expostas a morte e aos perigos dos abortos clandestinos.

Estar contra o aborto não é estar a favor da vida, senão a favor do aborto clandestino, porque com ou sem o direito de abortar, as mulheres vão a continuar pelos seus próprios meio tentar sobreviver, adaptar-se as condições que o trabalho ou a família lhes impõe ou a não prolongar a violência de uma violação.

Hoje não há uma educação não sexista que permita a educação de toda a população sobre o aborto, os métodos anticonceptivos, a sexualidade... se queremos realmente marchar pela vida, marchemos pela educação sexual, marchemos pelo acesso gratuito aos anticonceptivos, marchemos pelo direito ao aborto legal para não morrer!

Enquanto o aborto não for livre e gratuito, a clandestinidade e seus riscos são a única saída.

*Artigo publicado em: http://www.revolutionpermanente.fr/La-marche-pour-la-vie-manifeste-a-Paris-La-vie-de-qui




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