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ATENTADO TURQUIA | Mais de 80 mortos num atentado contra manifestação pela paz na Turquia

Duas explosões, atribuídas a um atentado suicida, produziram hoje mais de 80 mortos numa manifestação na Turquia. A manifestação pela "paz" havia sido convocada por sindicatos, partidos pró-curdos e de esquerda. Há centenas de feridos graves.

sábado 10 de outubro de 2015 | 23:10

O atentado de Ankara, perpetrado hoje contra uma manifestação pela paz, deixou ao menos 86 mortos, além de 186 feridos, entre eles 28 graves.

Milhares de pessoas, mulheres e jovens, estudantes e trabalhadores, médicos e jornalistas, estavam congregando ante a estação de trens da capital turca, o local habitual para iniciar manifestações nesta cidade. Veja o vídeo da agência France Presse no momento da explosão.

A manifestação estava convocada como uma marcha “a paz, o trabalho e a democracia” e contra as políticas do governo Erdogan, sua ofensiva contra os curdos e as medidas de censura e repressão à oposição, à imprensa e às organizações sindicais e políticas.

No vídeo se pode ver um grupo de manifestantes cantando e preparando-se para avançar, na manhã do sábado em Ankara, quando duas fortes explosões sucessivas causaram pânico.

Segundo informa Dogan Tilic, correspondente da agência EFE, as detonações foram tão fortes que fizeram estourar as pesadas janelas do edifício ferroviário e, em segundos, centenas de pessoas, entre eles o correspondente, ficavam salpicados por uma chuva de restos de corpos humanos.

O pânico se apoderou da multidão em questão de segundos, ainda que muitos participantes na marcha tentassem acalmar a situação para evitar um atropelamento dos presentes, que teria causado ainda mais vítimas, assegurou o jornalista.

Uma das bombas foi detonada próxima ao ponto onde se concentrava o HDP, o partido da esquerda curda, e várias agrupações da esquerda, com muita presença da juventude.

A marcha havia sido convocada pelo Colégio de Engenheiros, o Colégio de Arquitetos, o sindicato de funcionários KESK e o sindicato esquerdista DISK.

A marcha contava também com o apoio de associações de imprensa, que a respaldavam em protesto por recentes detenções de jornalistas e a crescente censura por parte do governo turco.

Várias fontes asseguram que antes do momento das explosões não se havia observado presença policial nem medidas de segurança no lugar, algo pouco habitual em manifestações deste tipo na capital turca.

Após a detonação, alguns manifestantes furiosos se lançaram a chutes contra um carro de polícia. A resposta policial, em meio à comoção, foi lançar gases lacrimogêneos e disparos intimidatórios, aumentando a fúria dos presentes.

Com o correr das horas, o número de mortos seguramente aumentará, já que há centenas de feridos graves.

No último dia 20 de julho morreram 32 militantes da Federação de Organizações Juvenis Socialistas (SGDF) na cidade curda de Suruç após outro atentado a bomba, que também deixou centenas de feridos. Organizações de esquerda e pró-curdas denunciaram então a muito possível cumplicidade do governo e do serviço secreto turco com os atentados, atribuídos ao Estado Islâmico. Esse atentado nunca foi esclarecido.

A ofensiva militarista do governo turco de Erdogan contra os curdos do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), assim como a perseguição a várias organizações de esquerda, sindicais e pró-curdas, em grande parte presente na manifestação de hoje, habilitam especulações sobre a responsabilidade do governo, pelo menos deixando “via livre” para a execução dos atentados.

No próximo dia 1 de novembro se realizarão eleições antecipadas na Turquia, depois que Erdogan perdeu sua maioria absoluta, pela primeira em anos, nas eleições de 7 de junho, e não conseguiu formar um governo de coalizão. Isto abriu uma importante crise política.

Desde então a tensão política e social aumentou, com atentados direitistas contra os grupos curdos e a oposição política, com a detenção de jornalistas e repressão.




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