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Mais de 300 infectados por Coronavírus no Brasil: é urgente a ampliação de leitos hospitalares!

O Brasil possui 2,2 leitos a cada 10.000 habitantes e na rede pública (SUS) são somente 1,04. O número de leitos com respiradores é ainda menor. Mais de 80% das regiões de saúde no país não atingem esse parâmetro da OMS e muitos, sequer possui um só leito de UTI.

quarta-feira 18 de março de 2020 | Edição do dia

As secretarias estaduais de saúde divulgaram até a tarde desta terça-feira (17), um aumento no número de casos confirmados do novo Coronavírus (COVID-19), passando de 234 para 314. Os casos abrangem 17 estados e o Distrito Federal, sendo em São Paulo a maior concentração, que passou de 152 para 162 infectados e registrou as primeiras mortes pelo Coronavírus no Brasil.

Além dos casos confirmados, o Ministério da Saúde contabilizava até segunda-feira:
2.064 casos suspeitos
1.624 casos descartados
18 pessoas estão hospitalizadas (7% do total)

É preciso leitos hospitalares para todos que necessitem!

O número de infectados tende a ser maior do que o computado oficialmente porque o Brasil segue sem fazer a verificação em massa devido a falta de testes para todos, disponibilizando somente em casos graves. O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, contrariando as indicações, diz que não mudará o critério e só pessoas em estado grave receberão o teste. Isso dificultará a identificação dos infectados e propagará ainda mais o vírus, pois muitos não apresentam sintomas mas são transmissores. Desse modo, os infectados devem aumentar rapidamente como já vem ocorrendo a cada atualização de contagem e como também se deu em outros países como China e Itália. Logo, não vai se concretizar o “achatamento da curva” da disseminação do vírus, ou seja, muitas pessoas ficarão doentes ao mesmo tempo. O sistema de saúde não tem leitos suficientes e tende a colapsar com o aumento da demanda.

Veja aqui 9 Medidas de emergência para combater a crise do coronavírus

O Brasil possui 2,13 leitos a cada 10.000 habitantes e na rede pública (SUS) são somente 1,04. O número de leitos com respiradores é ainda menor. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que se mostrou muito aquém das necessidades de salvar as vidas dos trabalhadores durante essa crise, aponta uma taxa de 1 a 3 leitos de UTI/ 10 mil habitantes. No entanto, segundo o site Agência Pública mais de 80% das regiões de saúde no país não atingem esse parâmetro da OMS, e muitos sequer possuem um só leito de UTI. É impossível evitar as mortes com um número tão baixo ou nulo de leitos. Na Itália, os índices mostram que por volta 10% dos hospitalizados por COVID-19 precisaram de leitos de UTI. Mesmo essa porcentagem baixa fez com que pessoas morressem por falta de atendimento e superlotação do sistema de saúde. Na Itália, escolhe-se quem vive e quem morre, é uma verdadeira barbárie e lá são 3,4 leitos a cada 10.000 habitantes. Em entrevista para o AP, o Ministério da Saúde respondeu que prevê a locação leitos de UTI, mas que, os trâmites demoram 30 dias, e estes leitos seriam disponibilizados somente de 10 em 10, de acordo com o avanço da epidemia.

Portanto no Brasil, é urgente a a reabertura de todos os leitos e hospitais públicos que hoje estão fechados e a estatização de todos os hospitais da rede privada, para que não haja nenhum leito parado enquanto pessoas morrem sem direito a tratamento. Os trabalhadores são os mais expostos ao contágio do vírus porque, muitas vezes, não podem ficar em quarentena, pois temem a demissão ou não possuem direitos trabalhistas que garantam sua renda num momento como esse. A grande maioria desses trabalhadores depende do SUS e precisa ter leitos, é inadmissível que pessoas morram para que alguns donos dos grandes planos de saúde privados como Amil ou Unimed mantenham seus lucros.

Desertos de UTIs

Mesmo com a reabertura de todos os leitos e hospitais públicos que hoje estão fechados e com a estatização dos hospitais privados o número de leitos ainda seria baixo e concentrado nas grandes capitais. É necessário que quartos de hotel, navios e todos os espaços possíveis sejam transformados em quartos para tratamento, como ocorre em outros países. Além disso é preciso a construção de novos hospitais e que sejam pensados de forma a distribuir os leitos pelos municípios e regiões. Assim como é urgente a contratação em massa de profissionais da área e sua distribuição pelas zonas mais remotas do país.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a Itália, assim como o Brasil, está no "índice correto" de leitos de 1 a 3 a cada 10.000 habitantes. Frente à pandemia manter essa recomendação se torna absurdo e irresponsável. Mesmo na Itália onde o número é superior, se mostrou muito insuficiente já que pessoas morreram dentro de suas casas devido a superlotação dos hospitais. Cadáveres chegaram a ficar mais de 24h dentro das residências por falta de estrutura para buscá-los.

Quantidade de leitos de UTI no Brasil (nº absolutos)

Total (SUS e privado): 44.253 leitos de UTI
Apenas SUS: 21.506
Setor privado: 22.747

Quantidade de leitos de UTI nº relativos (leitos/ 10 mil habitantes)

Total (SUS e privado): 2,13
Apenas SUS: 1,04
Setor privado: 4,84

Ainda, desde 2009, são 43 mil leitos de internação a menos. Enquanto isso, os planos de saúde cresceram e encareceram 127% entre 2006 e 2017, tornando-os pouquíssimo acessíveis à classe trabalhadora e todos os membros de uma família comum. O Bradesco Saúde e a Amil, por exemplo, obtiveram R$22 bilhões e R$21,6 bilhões de receita liquida em 2018 e estão entre as 30 maiores empresas do país, segundo o Valor Econômico. Ainda assim, planos de saúde não cobrem diversas despesas necessárias ao trabalhador, despesas que aumentam no contexto de uma pandemia.

Nesse momento, se escancara como a saúde é e deve ser totalmente pública, entretanto é tratada como mercadoria. É um dos muitos absurdos que a sociedade capitalista permite. Escancara a ineficiência das políticas adotadas até agora e a prioridade dos governos em economizar e salvar os lucros antes das vidas. Um exemplo disso é o fato de uma das recomendações de contenção do vírus se de evitar aglomerações, porém, é sabido que a maioria dos trabalhadores não foram liberados e seguem pegando transportes lotados em horário de pico e tendo longas jornadas de trabalho em ambientes fechados.

É urgente que, para o efetivo combate da epidemia, o isolamento social não seja a única recomendação. Exigimos a distribuição gratuita de produtos básicos e paliativos como álcool gel, máscaras, luvas e testes para toda a demanda, mas também o fim da Emenda Constitucional do Teto de Gastos que, de fato, diminuiu os gastos com saúde pública, escancarando que o desmonte da saúde pública é um projeto consciente para abrir espaço de crescimento para que gigantes empresas de saúde lucrem em cima das enfermidades da classe trabalhadora. Defendemos a expansão estrutural do sistema público de saúde com a estatização de todos os hospitais e laboratórios privados e o que for necessário à demanda de infectados, sob controle dos trabalhadores especialistas. Também a contratação de profissionais da área em todos as regiões e estados. Bem como a diminuição da jornada de trabalho dessa área e a liberação de todo os trabalhadores sem ameaça de demissão ou corte salarial. Gritamos: nossas vidas valem mais que o lucro dos grandes capitalistas!




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